• Aquiles Reis

    Aquiles Reis é músico e vocalista do MPB4. Nascido em Niterói, em 1948, viu a música correr em suas veias em 1965, quando o grupo se profissionalizou. Há quinze anos Aquiles passou a escrever sobre música em jornais. Neste mesmo período, lançou o livro "O Gogó de Aquiles" (Editora A Girafa)

"Avenida Angélica" é reunião mágica do compositor com a poetisa; ouça

Publicado em 17/08/2022 às 13h58
Vitor Ramil em gravação ao vivo do álbum

Vitor Ramil em gravação ao vivo do álbum "Avenida Angélica". Crédito: Marcelo Soares / Reprodução vídeo

Hoje é dia de "Avenida Angélica" (Satolep Music), o novo álbum de Vitor Ramil. Fruto da paixão pelos poemas de sua conterrânea Angélica Freitas, ao vê-los publicadas em seus livros "Rilke Shake" e "Um útero é do tamanho de um punho" ,o compositor e cantor pelotense grudou-se a eles.

A leitura de dezoito poemas de Angélica musicados por Vitor traz a certeza de que a poetisa trata as palavras com lucidez certeira, para com elas revisitar sua vida. Vitor conferiu aos versos uma beleza criada com talento desprovido de não-me-toques – sem nada que diluísse a força onírica de sua criação musical, que rola afetuosa pela avenida de chão pavimentada por versos e alegorias de Angélica.

“Rilke Shake”: o violão abre vibrante. A pegada é forte e a voz está quase imperceptivelmente dobrada. Vitor canta as notas mais agudas em falsete assertivo. Após entoar os versos cheios de charme e sabedoria de Angélica, ele se dá aos vocalises. Sinos tocam. Os vocalises seguem. Ao final restam sinos e o canto em fade out.

“A Mina de Ouro de Minha Mãe & Minha Tia”: poema baseado numa história real, inicia com vocalises. A voz vem à frente, bem gravada e nítida que só ela. Angélica empresta seus versos pop, plenos de realística criatividade, para Vitor dizê-los com vigor. Com reverber na voz, ele declama alguns deles. Voltam os vocalises. O canto segue. Fim.

“Stradivarius”: o violão toca a intro para a linda melodia. A voz vem ampliada por ecos prolongados. Mais uma vez, Vitor se mostra um encantador intérprete dos versos de Angélica.

“Siobhan”: o violão conduz à voz de Vitor, que, com falsetes, demonstra, novamente, o bom cantor que é, acalorando os versos de Angélica. Dá gosto ouvir as soluções melódicas bem sacadas e entoadas com voz madura.

“Cosmic Coswig Mississipi”: o blues marca os versos de Angélica, aos quais Vitor se atira com jeitão de um bluesman sofrido. Vocalises tocantes reforçam sua jovialidade.

“Vida Aérea”: o primeiro poema de Angélica musicado por Vitor. Uma melodia aflita dá tom aos versos. Afinado que só ele, Vitor é um parceiraço para Angélica.

“Mulher-Aranha”: a mulher-aranha no alto de um prédio é, na verdade, a mulher que limpa as janelas, diz a mãe à sua filha. Sensibilidade à flor da pele dos parceiros.

“Uma Mulher Insanamente Bonita”: linda canção! Vitor arrasa ao cantar os versos amorosos de Angélica. A melodia, com o eco ainda mais intenso, volta a impressionar.

“Ítaca”: poema de Angélica recitado por ela. A simplicidade da fala ressalta a profunda emoção contida nos versos pop. Vitor deixou-a sozinha, com a vida aberta, intensa, íntegra.

“Ringues Polifônicos”: aqui a tampa fecha. A revelação poético-musical está posta à mesa para ser devorada. A fortuna se afirma. Comprazam-se, ouvintes... o papo é reto.

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Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de HZ.

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