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Michelle diz que avisou Bolsonaro de discurso em Libras 2h antes da posse

Michelle diz que avisou Bolsonaro de discurso em Libras 2h antes da posse

Primeira-dama disse que elaborou o discurso com a ajuda de uma intérprete dez dias antes da posse, mas o manteve sob sigilo

Publicado em 21 de janeiro de 2019 às 14:33

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A primeira-dama Michelle Bolsonaro discursa em Libras durante posse do presidente Jair Bolsonaro. (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

A primeira-dama Michelle Bolsonaro afirmou que seu discurso em Libras (Língua Brasileira de Sinais), na cerimônia de posse do marido, Jair Bolsonaro (PSL), foi "um segredo guardado", "natural e espontâneo".

Em entrevista neste domingo (20) à TV Record, a primeira como primeira-dama, Michelle disse ter avisado ao marido que discursaria apenas duas horas antes de o casal sair da Granja do Torto para a cerimônia.

"Olha, eu vou discursar, mas você fica tranquilo que deve ser menos de quatro minutos", ela afirmou ter dito a Bolsonaro. Se o marido tivesse vetado, diz, ela ficaria triste "porque tinha isso em mente", mas aceitaria.

Michelle elaborou o discurso com a ajuda da intérprete dez dias antes da posse e manteve segredo, segundo seu relato. O cerimonial do Planalto só foi avisado um dia antes da posse, ao questioná-la, durante um ensaio, sobre o motivo de duas intérpretes no parlatório.

"Foi um momento cômico, porque uma pessoa do alto escalão ficou extremamente em pânico. 'A sra. vai discursar, o presidente já sabe?'. Falei 'não'. Ele (falou) 'como assim o presidente não sabe?'. Eu falei 'qual o problema?'", narrou a primeira-dama.

Ela contou ainda que, meia hora antes de desfilarem no carro aberto, Bolsonaro sugeriu que ela discursasse antes.

Michelle rebateu interpretações de que o discurso tenha sido golpe de marketing. "As pessoas falam que o marqueteiro acertou em cheio, não teve nada disso, foi algo muito natural. E foi uma paz vinda realmente de Deus porque eu nunca me imaginei falando para uma população, não consigo falar nem na minha igreja. Foi um momento muito divino."

BEIJO NA POSSE

Sobre o beijo no parlatório, outra quebra de protocolo, ela disse que ouviu Bolsonaro pedindo o beijo, atendendo manifestação do público para que isso ocorresse, se virou para beijá-lo e, depois, ele pediu novamente, e ela deu o segundo selinho em seguida.

Na entrevista, Michelle afirmou ter uma bandeira e uma luta de defender minorias como a comunidade surda, além de pessoas com deficiências e doenças raras. Negou que seu papel seja somente assistencialista e defendeu trabalho voluntário com esporte para tirar os jovens das drogas e oferecer oportunidade e profissão.

"Quando eu falo para você em ajudar, eu estou ajudando essa minoria. A consequência eu não sei como que vai ser, é tudo muito novo para mim também. Mas eu tenho muita vontade, muito amor, muita disposição e muito respeito por essa minoria", disse.

Michelle afirmou que pretende deixar um legado de "ajudar e ser sensível às causas, olhar para quem realmente precisa, ajudar o próximo sem olhar a quem". "Quero fazer a diferença", completou.

Em relação a seu envolvimento com a comunidade surda, Michelle disse que "praticamente brigou" para que o hino nacional fosse interpretado em Libras na posse. "Eu precisava desse momento para mostrar o meu amor por eles."

Segundo a primeira-dama, a posse gerou repercussão na comunidade surda e aumentou o interesse pela Libras. "Se acabasse agora, eu já estava muito feliz. (...) Pra você ver que não é difícil. É só você olhar pela causa que dá certo. Estou educando as pessoas a respeitarem os direitos que eles já conseguiram."

Michelle ainda rebateu críticas sobre a nomeação de uma amiga dela que é surda, Priscila Gaspar de Oliveira, para a Secretaria Nacional da Pessoa com Deficiência.

"Ela tem um currículo invejável. Olha a maldade. Eu esperava assim 'a primeira surda da história a ocupar uma vaga no governo', algo que fosse abrilhantar. (...) E não foi, foi como se eu estivesse fazendo a farra das amigas. E não foi isso", disse.

"CHANCE AO PALÁCIO"

Michelle recebeu a equipe da TV Record no Palácio da Alvorada, a residência oficial do presidente da República. Disse que se dependesse das filhas e do marido, moraria na Granja do Torto, que é mais afastada, mas preferiu o Alvorada.

"Estamos dando, sim, uma oportunidade e uma chance para o Palácio, mais perto". afirmou.

A primeira-dama, que é de Brasília, afirmou estar se adaptando à nova morada e disse sentir falta da sua "casinha" no Rio de Janeiro. "As primeiras noites foram em claro", conta.

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Michelle disse que chorou um dia antes da posse e que não chegou a assistir seu próprio discurso. "Realmente eu sou muito tímida e não está sendo fácil. (...) Sempre fui dos bastidores."

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