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Decisão do governo de fatiar projeto foi acertada, diz especialista

Decisão do governo de fatiar projeto foi acertada, diz especialista

Ao dividir as propostas do projeto anticrime do ministro Sérgio Moro, o governo federal separou a proposta de criminalização do caixa 2 das demais. No entanto, para o cientista político Rodrigo Prando, deixá-la de lado representaria uma derrota para Moro.

Publicado em 19 de fevereiro de 2019 às 21:46

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O ministro da Justiça, Sérgio Moro, durante entrevista, após reunião com o presidente, Jair Bolsonaro. (Antonio Cruz/ Agência Brasil )

A decisão do governo federal de dividir o chamado "pacote anticrime", criado pelo ministro da Justiça, Sérgio Moro, em  três projetos de lei para serem apresentados ao Congresso Nacional foi a mais acertada politicamente, na avaliação do cientista político e social da Universidade Mackenzie Rodrigo Prando.

Com a divisão, a proposta de criminalização do caixa 2 acaba sendo separada das demais. Segundo o governo, a divisão serve justamente para evitar resistências por partes dos parlamentares, já que a proposta referente ao caixa 2 vem provocando o descontentamento da classe política. 

Segundo Rodrigo Prando, o momento é, de fato, muito complexo para que o governo se arrisque a criar indisposições, tendo em vista que também  tramita no Congresso a proposta de Reforma da Previdência. No entanto, ele reforça que o assunto do caixa 2 não deverá ser esquecido, pois colocaria em jogo o capital político do próprio Moro.

CONFIRA A ANÁLISE:

"Se Moro deixar isso morrer, ele perderá capital político e legitimidade"

"No campo da política é preciso negociar. Na maioria das vezes quando o Executivo cria a expectativa de uma pauta, de um projeto, ele geralmente o manda bem gorduroso para que na discussão com o Congresso essas gorduras sejam aparadas e isso não seria diferente com Sérgio Moro. Moro era acostumado como juiz a dar a palavra, a decidir determinados aspectos.

Como ministro de governo ele tem certa autonomia, mas quando propõe um projeto anticrime que trata de crimes de violentos, lavagem de dinheiro, de corrupção, de crime organizado e de caixa 2 isso vai passar pelo crivo da sociedade, dos formadores e opinião e especialmente do Congresso.

Não há como pensar em não haver modificações. Desde que o projeto veio à tona, a questão do caixa 2 incomodou especialmente à classe política. Considero, portanto, o fatiamento para dar continuidade ao projeto. Os políticos gostariam que a parte do caixa 2 ficasse esquecida, certamente.

Contudo, creio que a opinião pública vai continuar pressionando, especialmente por conta da trajetória de Moro na Operação Lava Jato. Se Moro deixar isso morrer, ele perderá capital político e legitimidade. É preciso lembrar que Reforma da Previdência e pacote anticrime são as duas principais ações propostas nesses primeiros 100 dias de governo.

E o fato de as duas tramitarem juntas no Congresso pode dividir forças e enfraquecer o governo, que pode não ter nenhuma das duas aprovadas. Então, apesar dos méritos da reforma e do pacote anticrime, o governo poderia ter pensado em uma estratégia melhor para colocar um de cada vez". 

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