> >
Damares exonera coordenadora de conselho após órgão criticar Previdência

Damares exonera coordenadora de conselho após órgão criticar Previdência

O Diário Oficial da União publicou recomendação do Conselho Nacional de Direitos Humanos que chamava pontos da reforma de "graves retrocessos sociais"

Publicado em 27 de agosto de 2019 às 21:44

Ícone - Tempo de Leitura 0min de leitura
Damares Alves, ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. (Valter Campanato/Agência Brasil)

A ministra da Família, Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, exonerou a coordenadora geral do CNDH (Conselho Nacional de Direitos Humanos), Caroline Dias dos Reis, após o órgão recomendar que o Senado rejeite a reforma da Previdência.

Na segunda-feira (26), o Diário Oficial da União publicou recomendação do CNDH que chamava pontos da reforma de "graves retrocessos sociais".

No mesmo dia, Damares foi ao Twitter e escreveu: "Este conselho não é ligado a mim. Atua de forma independente. Aliás, recomendo que ignorem as manifestações ideológicas deste colegiado, que está longe de se preocupar com direitos humanos."

A exoneração ocorreu na sequência e foi publicada no Diário Oficial nesta terça-feira (27).

À reportagem, Leonardo Pinho, presidente do CNDH, chama a exoneração de "retaliação" à atuação do órgão, que já criticou outras propostas caras ao governo, como o pacote anticrime do ministro Sergio Moro e a retirada da demarcação de terras indígenas da competência da Funai.

Chefe da pasta, Damares tem autonomia para nomear e exonerar servidores. Pinho argumenta, no entanto, que a nomeação de Caroline foi escolhida pelo plenário do conselho, e que a exoneração desrespeita cinco recomendações da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a independência do órgão.

Pinho afirma que o órgão tem dialogado com instâncias internacionais, como a União Europeia e a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, ligada à Organização dos Estados Americanos, o que tem desagradado o governo federal.

O CNDH enviou nesta tarde ofício à ministra em que pede a recondução da coordenadora.

Criado em 16 de março de 1964 (dias antes do Golpe Militar) como Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, o CNDH tomou a atual forma em julho de 2014, durante o governo Dilma Rousseff (2010-2016).

O órgão é formado por 22 membros, representantes de órgãos públicos (membro do ministério, procurador-geral da República, deputados, senadores e outros) e da sociedade civil. A mesa diretora, comandada por Leonardo Pinho, é eleita para um mandato de dois anos. Apesar de ser ligado ao Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, a atuação é independente.

No mesmo dia da exoneração da coordenadora-geral da CNDH, despacho publicado pela ministra Damares Alves autoriza que a secretária Nacional da Família, Angela Vidal Gandra da Silva Martins, se ausente por seis dias em setembro para participar do Fórum de Budapeste para Comunicadores Cristãos, na Hungria.

O presidente Jair Bolsonaro tem avançado sobre conselhos ligados ao governo federal. Ele já alterou, por exemplo, a composição do Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas e do Conselho Nacional do Meio Ambiente.

"Não podemos ficar reféns de conselhos, muitos deles [ocupados] por pessoas indicadas por outros governos", afirmou o presidente em julho.

A reportagem entrou em contato com o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, que não respondeu até a publicação deste texto.

Este vídeo pode te interessar

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais