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Bolsonaro enaltece fim de conselhos com atuação da sociedade

Bolsonaro enaltece fim de conselhos com atuação da sociedade

Entre os colegiados que podem ser extintos estão os que discutem temas como relações de trabalho, Previdência, políticas indigenistas, transportes e drogas, além de direitos do idoso e da população LGBT

Publicado em 15 de abril de 2019 às 09:23

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O presidente Jair Bolsonaro faz transmissão ao vivo para rede sociais. (Alan Santos/PR)

O presidente Jair Bolsonaro enalteceu neste domingo (14) ato assinado por ele na última quinta-feira (11) que pode extinguir dezenas de colegiados da administração federal com a participação da sociedade civil.

"Gigantesca economia, desburocratização e redução do poder de entidades aparelhadas politicamente usando nomes bonitos para impor suas vontades, ignorando a lei e atrapalhando propositalmente o desenvolvimento do Brasil, não se importando com as reais necessidades da população", escreveu o presidente, ao compartilhar página de um blog que chama os conselhos de "sovietes do PT".

A medida foi apresentada a empresários como um gesto para desburocratizar e trazer mais economia para a administração pública. Entre os colegiados que podem ser extintos estão os que discutem temas como relações de trabalho, Previdência, políticas indigenistas, transportes e drogas, além de direitos do idoso e da população LGBT.

A decisão inclui todos os conselhos, comitês, comissões, grupos, juntas, equipes, mesas, fóruns salas e "qualquer outra denominação" dada aos colegiados, criados por decretos, ato normativo ou de outro colegiado.

Levantamento feito pela advogada e doutoranda em Ciência Política pela USP Carla Bezerra mostra que, dos conselhos criados até 2014 e que têm participação da sociedade civil, 34 podem ser extintos com o decreto presidencial.

Os ministérios têm até 28 de maio para encaminharem à Casa Civil uma lista dos colegiados sob seus guarda-chuvas. Esse é também o prazo para solicitarem a recriação dos grupos, caso essa tarefa seja de competência da Presidência da República.

"Ao extinguir e limitar a atuação de conselhos que preveem participação da sociedade civil sem qualquer consulta prévia aos participantes, exposição de motivos e transparência, o governo mostra que não está interessado em ouvir o que a sociedade tem para dizer", diz a nota da da Transparência Brasil.

Foram poupados os grupos constituídos no governo Bolsonaro e aqueles criados por lei, como o CNS (Conselho Nacional de Saúde) e o CNDH (Conselho Nacional de Direitos Humanos).

Ficam de fora do revogaço diretorias colegiadas de autarquias e fundações, comissões de sindicância e de processo disciplinar e comissões de licitação, além de colegiados previstos no estatuto de instituições federais de ensino --universidades, por exemplos.

O texto também exige que a criação de novos colegiados, a recriação dos grupos extintos ou a ampliação de colegiados existentes sigam as determinações de um outro decreto. É necessário, por exemplo, justificar a composição acima de sete membros.

Para Rodrigo Oliveira Correia de Brito, especialista em direito administrativo e sócio do escritório de advocacia Siqueira Castro, iniciativas em busca de um aproveitamento consciente dos recursos públicos devem ser vistas com bons olhos. "O problema é quando essa decisão vem depois de palavras do governo sobre evitar a proliferação dos conselhos, porque isso pode inspirar nos destinatários do decreto um sentimento de desprestígio, retaliação e reclamação."

Guilherme Feliciano, presidente da Anamatra (Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho), que integra a Conatrae (Comissão Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo), diz que "certamente muitos dos colegiados vão se reunir e reagir".

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