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Pastor estuprou, agrediu e ateou fogo no filho e no enteado, diz delegado

Pastor estuprou, agrediu e ateou fogo no filho e no enteado, diz delegado

Segundo delegado da força-tarefa do caso, as duas crianças foram estupradas antes de serem mortas

Publicado em 23 de maio de 2018 às 14:21

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Pastor George Alves foi preso na manhã de sábado, 28 de abril, em Linhares. (Frideberto Viega | TV GAzeta)

O pastor George Alves estuprou o próprio filho, Joaquim Alves Salles, de 3 anos, e o enteado, Kauã Salles Butkovsky, de 6 anos, antes de agredir e atear fogo nas crianças ainda vivas. Os crimes ocorreram no dia 21 de abril, na casa onde a família morava, no Centro de Linhares, Região Norte do Espírito Santo.

As revelações sobre o caso, que deixou uma cidade inteira de luto e chocou o Estado e o país, foram dadas por uma força-tarefa da Polícia Civil, em uma entrevista coletiva à imprensa, na manhã desta quarta-feira (23).

Aspas de citação

Ele molestou as duas crianças. Isso é demonstrado tecnicamente pelo encontro (nos corpos) de uma substância denominada PSA, que é encontrada no sêmen humano. Essa substância foi achada no orifício anal das duas crianças. Essa substância não poderia estar naquele local a não ser por um fator externo

Delegado André Jaretta Ardison, da força-tarefa da PC
Aspas de citação

A substância PSA é produzida pela próstata, o que comprova, segundo o delegado, que houve estupro. Jaretta reforçou que a polícia traçou uma concatenação de como ocorreram os fatos que chocaram a todos os envolvidos na investigação por tamanha crueldade do crime.

O delegado André Jaretta (ao centro, de gravata azul e terno preto) ao detalhar as investigações sobre a tragédia em Linhares. (Rafael Silva)

"Ele agrediu as crianças. Foi encontrado vestígio de sangue no box do banheiro, que um exame comprovou ser de Joaquim, seu filho biológico. Com as crianças vivas, porém desacordadas, ele as levou para a cama, utilizou um combustível derivado de petróleo e ateou fogo nelas e no local, fazendo com que elas fossem mortas pelo calor do fogo. Elas foram mortas pelo fogo. O exame comprova os meninos foram mortos carbonizados. Os dois tinham fuligem na traqueia, o que indica que eles respiravam a fumaça do incêndio", detalhou o delegado André Jaretta.

O pastor George ateou fogo nas crianças com o objetivo de ocultar os crimes de estupro. "Feito isso, o investigado (pastor George) foi para o ambiente externo da casa, sem abrir o portão, ficou andando de um lado para outro, até que transeuntes vissem o cenário, parassem e, por conta própria, prestassem auxílio, abrindo o portão, mas não tendo mais condições de prestar socorro às crianças", disse o delegado.

"Não bastasse esse ato, vimos que o investigado buscou se promover, tentando mostrar uma personalidade muito inversa do que sua conduta mostrou", afirmou.

A forca-tarefa que investiga o caso detalhou a investigação para a imprensa, na sede da Secretaria de Estado de Segurança Pública, em Vitória, na manhã desta quarta-feira (23).

INVESTIGAÇÃO DESMONTOU VERSÃO DO PASTOR

Pastor George quando foi ao DML de Vitória. (Marcelo Prest | Arquivo | GZ)

As declarações mentirosas e contraditórias dadas por George Alves levaram a Polícia Civil a desconfiar de que a morte dos irmãos Joaquim, de 3 anos, e Kauã, de 6 anos, não havia sido provocada por um incêndio acidental.

À imprensa, na porta do Departamento Médico Legal (DML), em Vitória, na tarde do dia 23 de abril, o pastor declarou que tentou salvar o filho e o enteado, mas não conseguiu por conta do fogo intenso. Na entrevista, ele ainda falou sobre fé e representou como teriam sido os últimos momentos de vida das crianças. Todas as declarações foram desmentidas posteriormente pela força-tarefa criada para investigar o caso.

SANGUE

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Tirei um tempo para assistir a um filme com eles à noite. Me pediram leite com achocolatado. O mais novo, Joaquim, dormiu primeiro. Eu coloquei ele na cama, liguei o ar-condicionado, liguei a babá eletrônica e retornei para o escritório, onde continuei com o Kauã até por volta de meia-noite. Aí pedi para que ele fosse dormir também. Coloquei a mão sobre a cabeça dele, oramos juntos, pedi para que Deus o guardasse, protegesse. Nesse momento, eu cobri ele e saí do quarto

Pastor George à polícia
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 O que conclui a investigação 

Vizinhos ouviram os gritos das crianças pouco tempo antes de elas serem mortas. Os irmãos foram estuprados, agredidos e depois queimados por George, segundo a polícia. Traços de sangue de Joaquim foram encontrados no box do banheiro social da casa e na escrivaninha do quarto das vítimas.

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Eu voltei até o meu quarto, tomei banho, liguei a babá eletrônica e dormi. Por volta das 2 horas, eu escutei os gritos deles pela babá eletrônica. Eu vi o fogo muito grande na imagem, corri desesperado... a casa já não tinha mais luz

Pastor George à polícia
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Perícia concluiu que Joaquim e Kauã estavam desacordados quando foram queimados vivos, portanto não gritaram. Imagens de câmeras de videomonitoramento próximas à casa mostram que o fogo começou às 2h20.

QUARTO FECHADO

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Eu corri e empurrei a porta do quarto deles, que estava entreaberta, encostada, por conta do ar-condicionado. Entrei e escutei o choro deles. Eles gritavam: pai, pai, pai. Pus a mão na cama e não consegui pegar meus filhos. O Kauã desceu para a cama de baixo, era uma beliche, acho que para tentar salvar o irmão

Pastor George à polícia
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 O que conclui a investigação 

Porta e janela do quarto estavam fechadas. As crianças estavam desmaiadas e não gritaram pedindo ajuda. Portanto, Kauã não tentou salvar o irmão, segundo a perícia. O pastor também não chegou perto da cama enquanto ela queimava.

SEM QUEIMADURAS

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Eles se abraçaram e não consegui vencer o fogo. Eu queimei meus pés e minhas mãos. Saí gritando, desesperado. Eu tentei entrar três vezes para salvar, mas duas pessoas que estavam passando me tiraram da casa. Eu não ouvia mais a voz deles

Pastor George à polícia
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 O que conclui a investigação 

George não apresentava nenhuma lesão de queimadura no corpo que indicasse que ele tentou salvar os filhos. Os corpos estavam lado a lado na cama e ainda não se sabe se foram colocados desta forma por George ou se um caiu da parte de cima do beliche quando o móvel foi destruído. O pastor não gritou pedindo socorro no momento em que o fogo começou. Ele foi visto dando voltas na varanda da casa, de cueca, e só se manifestou quando vizinhos começaram a aparecer oferecendo ajuda.

FRIEZA

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O único respaldo que tenho agora é de Deus. A força que tenho mantido junto com minha esposa... temos a plena certeza e convicção que é Ele que está nos segurando. Eu creio que há um propósito eterno para tudo isso. Creio que pessoas serão alcançadas por esse testemunho. Há um senso de urgência, o mundo precisa de Deus. Não tem uma resposta se não for Deus. Se não fosse Ele eu não estaria aqui

Pastor George
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No mesmo dia em que matou o filho e o enteado, George Alves participou de um culto na Igreja Batista Vida e Paz de Linhares acompanhado da esposa Juliana Alves. Com os pés enfaixados, ele chorou muito e foi amparado por amigos e membros da congregação. No dia seguinte ao crime, o pastor comandou o culto e convocou os fiéis horas antes pela internet. “#EU DISSE SIM VOU ATE O FIM# *estarei ministrando, espero vcs”, publicou ele na ocasião.

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Em relação aos trâmites, ter que vir para Vitória (para fazer exame de DNA e liberar corpos), ou esperar, para mim isso é irrisório. Não estou levando em consideração. Não tem nada maior que a perda dos meus filhos. Nada vai ser mais difícil. Para mim isso é irrelevante nesse momento. Não tem me abalado. Creio que os órgãos responsáveis estão fazendo de tudo

Pastor George à imprensa
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Após um mês de investigação, a polícia divulgou nesta quarta-feira (23) que o pastor George Alves é acusado de estuprar, espancar e queimar vivos o filho, Joaquim, de 3 anos, e o enteado, Kauã, de 6 anos.

A CONCLUSÃO DO CRIME BÁRBARO

Pastor George Alves foi preso na manhã de sábado, 28 de abril, em Linhares. (Frideberto Viega | TV GAzeta)

O pastor George estuprou o próprio filho, Joaquim, de 3 anos, e o enteado, Kauã, de 6, antes de atear fogo nas crianças ainda vivas. Os crimes ocorreram no dia 21 de abril, na casa onde a família morava, no Centro de Linhares, Região Norte do Espírito Santo.

As revelações sobre o caso que chocou o país e deixou uma cidade inteira de luto foram dadas pela força-tarefa da Polícia Civil, em entrevista coletiva à imprensa, na manhã desta quarta-feira (23).

Aspas de citação

Ele molestou as duas crianças. Isso é demonstrado tecnicamente pelo encontro (nos corpos) de uma substância denominada PSA, que é encontrada no sêmen humano. Essa substância foi achada no orifício anal das duas crianças. Essa substância não poderia estar naquele local a não ser por um fator externo

Delegado André Jaretta Ardison, da força-tarefa da PC
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A substância PSA, presente no sêmen e produzida pela próstata, foi encontrada nos corpos dos meninos, o que comprova, segundo o delegado, que houve estupro. Jaretta reforçou que a polícia traçou uma concatenação de como ocorreram os fatos que chocaram a todos os envolvidos na investigação por tamanha crueldade do crime.

O delegado André Jaretta (ao centro, de gravata azul e terno preto) ao detalhar as investigações sobre a tragédia em Linhares. (Rafael Silva)

"Ele agrediu as crianças. Foi encontrado vestígio de sangue no box do banheiro, que um exame comprovou ser de Joaquim, seu filho biológico. Com as crianças vivas, porém desacordadas, ele as levou para a cama, utilizou um combustível derivado de petróleo e ateou fogo nelas e no local, fazendo com que elas fossem mortas pelo calor do fogo. Elas foram mortas pelo fogo. O exame comprova os meninos foram mortos carbonizados. Os dois tinham fuligem na traqueia, o que indica que eles respiravam a fumaça do incêndio", detalhou o delegado André Jaretta.

O pastor George ateou fogo nas crianças com o objetivo de ocultar os crimes de estupro. "Feito isso, o investigado (pastor George) foi para o ambiente externo da casa, sem abrir o portão, ficou andando de um lado para outro, até que transeuntes vissem o cenário, parassem e, por conta própria, prestassem auxílio, abrindo o portão, mas não tendo mais condições de prestar socorro às crianças", disse o delegado.

"Não bastasse esse ato, vimos que o investigado buscou se promover, tentando mostrar uma personalidade muito inversa do que sua conduta mostrou", afirmou.

A forca-tarefa que investiga o caso detalhou a investigação para a imprensa, na sede da Secretaria de Estado de Segurança Pública, em Vitória, na manhã desta quarta-feira (23).

SECRETÁRIO CHAMA PASTOR DE 'MONSTRO' E CRITICA LEGISLAÇÃO

Secretário da Segurança Pública do ES, coronel Nylton Rodrigues, critica a legislação e avalia que o assunto deveria ser prioritário na agenda do país. (Bernardo Coutinho | GZ)

O secretário estadual de Segurança Pública, coronel Nylton Rodrigues, afirmou em entrevista à TV Gazeta que o pastor Georgeval Alves, que estuprou e matou o próprio filho, Joaquim Alves Salles, de 3 anos, e o enteado, Kauã Salles Butkovsky, 6, não ficará muito tempo preso. George foi indicado como autor do crime, que aconteceu no dia 21 de abril em Linhares

"Ele continua detido e, com certeza, será condenado. Aí vem a nossa legislação e ele não fica nem 30 anos na cadeia - porque tem a progressão da pena, abatimento da pena. É hora de o nosso legislador lá em Brasília ver isso", criticou.

O coronel informou, também, que o inquérito será encaminhado na semana que vem para a Justiça e para o Ministério Público. George foi indiciado por duplo homicídio triplamente qualificado e duplo estupro. Na soma total da pena, ele pegaria 126 anos de cadeia.

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Em um crime como esse não tem que ter progressão e abatimento de pena. Ele tem que cumprir a pena inteira! Tem que ficar na cadeia. É hora de os nossos legisladores colocarem isso como um assunto prioritário na agenda do nosso país

Nylton Rodrigues, secretário de Segurança Pública do ES
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FRIO E CALCULISTA

Nylton Rodrigues ainda informou que o pastor teve comportamento frio e calculista e que em nenhum momento ele se emocionou ao saber das conclusões do caso.

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Não estamos falando aqui de um ser humano. Estamos falando de um monstro, e um monstro não tem esse tipo de comportamento. Todos os delegados, peritos e investigadores se emocionaram com o caso. Como alguém tem a capacidade de ter um comportamento tão perverso como esse monstro teve?

Nylton Rodrigues
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COMBUSTÍVEL NAS CRIANÇAS VIVAS

O pastor George Alves mentiu à polícia sobre a forma como o incêndio aconteceu e usou combustível para que o fogo se propagasse mais rápido. As informações foram repassadas em coletiva de imprensa sobre as investigações do caso na manhã desta quarta-feira (23). O trabalho do Corpo de Bombeiros e as investigações da Polícia Civil revelaram que os irmãos Joaquim Salles Alves, de 3 anos, e Kauã Salles Butkovsky, de 6 anos, foram encontrados no foco inicial do incêndio, na noite do dia 21 de abril.

Tenente-coronel Ferrari, do Corpo de Bombeiros. (Mayra Mendonça)

Logo após o incêndio, George Alves chegou a afirmar que o fogo teria começado no ar-condicionado e que ele teria escutado os gritos das crianças. O cenário que o Corpo de Bombeiros encontrou no dia do incêndio, no entanto, é completamente diferente do que relatou o pastor.

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As crianças foram encontradas no foco inicial do incêndio, onde o fogo se desenvolveu mais. Isso é incomum num incêndio. Geralmente, as vítimas tentam se distanciar do fogo. As crianças estarem no local do incêndio, não terem fugido, é uma explicação de que elas estariam inconscientes. Mas ele (o pastor) disse que ouviu os meninos chamando por ele e isso já nos alertou

Ferrari, tenente-coronel do Corpo de Bombeiros
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Ainda de acordo com o tenente-coronel, o incêndio aconteceu muito rápido. As investigações mostraram que George ateou fogo nas crianças vivas, porém desacordadas, e usou combustível para acelerar o incêndio. 

"Estavam vivas e morreram rapidamente, foram expostas ao fogo rapidamente. A destruição do cômodo aconteceu tão rápido e antes da ventilação. A hipótese de incêndio do senhor Georgeval não bate com a velocidade do incêndio, caso se iniciasse pelo ar-condicionado. Tentamos reproduzir no computador esse incêndio começando pelo ar-condicionado, reduzimos o ponto de ignição do combustível, diminuímos o tempo da janela se quebrar e, mesmo com esses ajustes, não há possibilidade para esse incêndio ter acontecido tão rápido sem o uso de acelerantes", detalhou.

Quando os bombeiros chegaram ao local, o quarto estava completamente destruído. O tenente-coronel explicou como tudo aconteceu.  

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"Quando a guarnição chegou encontrou uma destruição muito grande do cômodo. Eram três colchões em uma cama beliche com cama auxiliar. Só a cama de baixo estava com algum vestígio. Por volta de 2h20 da manhã, a porta do quarto foi aberta. 2h22 a fumaça saiu pela janela. Então o incêndio se desenvolveu com mais intensidade. Dois minutos depois, chegou o carro com dois rapazes para tentar entrar no quarto. Depois a janela se quebra, dá mais oxigênio para o fogo ficar mais forte. 2h30 o Corpo de Bombeiros chegou. Quando a guarnição chegou já não havia mais cama e nem escrivaninha, só fogo no armário", explicou.

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