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'Vamos levar informações aos capixabas onde eles estiverem'

"Vamos levar informações aos capixabas onde eles estiverem"

A editora-chefe Elaine Silva vai liderar processo de transformação digital e aproximação com os leitores

Publicado em 1 de agosto de 2019 às 01:57

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Elaine Silva. (Caroline Mauri)

Pela primeira vez em seus quase 91 anos, a Redação de A Gazeta será comandada por uma mulher. A jornalista Elaine Silva, 43, entrou na Rede Gazeta antes mesmo de se formar na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Aluna da 1ª turma do Curso de Residência em Jornalismo, em 1998, a nova editora-chefe construiu toda sua carreira na Redação e, a partir de hoje, tem a tarefa de liderar a transformação digital de A Gazeta.

Você foi aluna do 1º Curso de Residência em Jornalismo e, desde então, passou por diversos cargos. Como isso se reflete neste momento, em que você passa a comandar a Redação?

São 20 anos de Rede Gazeta. Foi o meu primeiro emprego, antes tinha feito vários estágios, mas minha carreira essencialmente começou nesta empresa. Já fui repórter, colunista, editora em algumas áreas e ocupei cargos executivos, experiências que me deram uma noção grande do operacional, do funcionamento da Redação. Os aprendizados com a integração também foram enormes neste processo: primeiro com o trabalho conjunto das duas redações A Gazeta e Na!, depois com a chegada do Gazeta Online e CBN. Estar à frente de um processo de integração não é fácil.

São plataformas diferentes, que devem ser pensadas de acordo com o interesse do seu público, mas que são feitas pelos mesmos profissionais. Isso me gabaritou a entender melhor a importância de a gente saber distribuir nosso conteúdo de acordo com o que nossa audiência espera. O conhecimento também do trabalho de outras áreas, por já ter editado alguns produtos ligados ao Comercial, também me ajudou a manter o olhar holístico sobre os processos da empresa. Enfim, a bagagem absorvida em 20 anos me dá segurança para ir em frente, mas com a certeza de que o desafio agora é ainda maior. Agradeço muito a Deus, à minha família, pela paciência, e à confiança da família Lindenberg e ao meu diretor, Abdo Chequer, pela confiança. E tenho muito orgulho de dizer que sou a primeira mulher a comandar a Redação da empresa.

Chefiar uma Redação a partir de um momento de transformação tão intenso mais anima ou assusta?

Claro que anima! É o desafio de começar um trabalho montado por nós, que vivenciamos o dia a dia da Redação, mas com uma forma de produzir e distribuir conteúdos totalmente diferentes do que fazemos hoje. Tudo orientado pela performance, mas sem esquecer nosso propósito e princípios editoriais. Não dá pra dizer que não existe medo. Ele é importante para te fazer refletir. Mas não pode te paralisar. E o momento de transformação é algo único, é saber que estão nos dando uma chance de construir um novo produto, uma nova forma de fazer jornalismo para levar mais informações aos capixabas onde eles estiverem, como quiserem. Isso é que vamos perseguir. Vi uma frase certa vez que dizia “Feito é melhor que perfeito”. Estamos entrando numa jornada de aprendizado no mundo digital. Daqui a um minuto será diferente. Temos que aprender com os erros e ter rapidez para rever processos. E o grande desafio é acompanhar todas as mudanças sem perder de vista nossa maior motivação: oferecer informações para construir um Espírito Santo cada vez melhor.

A Gazeta tem quase 91 anos. Como fazer essa ruptura para a lógica digital a partir de 30 de setembro?

A Redação nunca esteve tão preparada para este momento. Ao longo dos últimos cinco anos, e mais focadamente dos últimos três anos, estamos invertendo a lógica da produção focada no produto impresso. A frase “digital first” não é só um conceito. Já se tornou realidade na produção da Redação nesses últimos anos. Claro que o projeto que desenvolvemos agora dá uma organizada na produção para que ela realmente seja focada no digital. Lembrando que nesse universo temos consumidores de vários tipos, aqueles que gostam de acessar o site diretamente, quem chega até nossa marca com uma busca, quem consome na rede social, e até os que acessam ao nosso conteúdo porque receberam um link de um amigo. O que vamos fazer daqui pra frente para chegar a todos esses públicos é estudar cada vez mais o consumo dos usuários, oferecendo o conteúdo na hora que eles querem, na plataforma que preferirem.

Então não é só uma mudança no modelo de produção de notícias.

Não se trata apenas de uma ruptura para a lógica digital. É uma escolha feita pelos próprios usuários. E vamos entregar o conteúdo de forma segmentada a partir de então. Mas quem gosta de uma leitura mais organizada, como hoje é feita no impresso, terá isso diariamente com a newsletter matinal que iremos oferecer. E aos finais de semana, esse leitor também terá oportunidade de ler conteúdos no produto impresso, com reportagens exclusivas pautadas no DNA de A Gazeta, muita opinião para formar pensamento, serviço para orientação e conteúdos para quem quer se divertir.

O grupo que você vai liderar também terá, pela primeira vez, profissionais de inteligência artificial, marketing e tecnologia como peças importantes para o andamento dos trabalhos. Como será isso?

Essa é a grande sacada da nossa nova Redação. Integrar times de jornalistas com cientistas de dados, marketing e tecnologia. Houve um tempo em que se dizia que o jornalista não sabia trabalhar com outros profissionais, que a Redação tinha um muro intransponível. Hoje, várias redações do mundo já trabalham assim. E o segredo é ter uma boa governança, ter o propósito como norte. Mas o que muda radicalmente, no caso de poder usar a inteligência artificial no negócio é compreender o seu usuário como você nunca fez. No mundo digital não existe “eu acho”, existe métrica. E isso muda toda a forma do jornalista produzir. Já cansei de ouvir que muitas vezes fazemos conteúdos pensando em nós mesmos. Agora isso não existe mais. O conteúdo a ser produzido é uma proposta da própria audiência. Aí você pode me perguntar: isso não é um risco? Não é porque haverá um equilíbrio sempre balizado pela governança. Sabemos da importância de equilibrar matérias de volume de audiência, com matérias que têm um objetivo institucional, quase moral. E isso está ligado ao nosso DNA, à forma como a Rede Gazeta sempre se posicionou, na defesa da transparência, do direito à informação, da liberdade de pensamento. Mas agora, teremos ferramentas para orientar ainda mais como iremos trabalhar os temas.

O que o leitor pode esperar dessa nova fase de A Gazeta? Há algo que você considere mais relevante, ou a alma deste novo projeto?

Estou muito empolgada com o que estamos construindo. A marca A Gazeta agora estará no digital e impresso de fim de semana. Isso cria uma unidade para mostrar que não há divisão entre uma coisa e outra. A marca única vai reunir os predicados que o impresso A Gazeta sempre teve – relevância, credibilidade, impacto – com os do Gazeta Online – referência, vanguarda digital e pluralidade. E estamos preparando um novo produto digital que atenda aos vários tipos de consumo de informação. Será ágil, mas ao mesmo tempo profundo. Servirá a duas audiências: massiva e assinantes. Montamos os processos todos da redação para levar tudo isso ao usuário. Queremos ter como marca a agilidade, para que os leitores saibam que estarão sempre informados primeiro por nossa marca, seja por uma notificação no celular, ou pela rede social. Em resumo: é um produto digital, pensado para a forma nova de consumo de informação, mas que traz 91 anos de uma história de força e relevância na defesa dos interesses do Espírito Santo.

Os principais jornais do mundo ainda não encontraram uma fórmula exata para convencer os leitores a pagarem por notícias na internet. Qual será o diferencial de A Gazeta neste universo, para não apenas conquistar assinantes digitais, mas mantê-los?

O grande dilema atual nos negócios de comunicação é exatamente este: como monetizar os produtos jornalísticos. O que estamos vendo é que não existe uma resposta pronta ou um modelo de sucesso que deu certo nos EUA, por exemplo, e obrigatoriamente dará aqui no Brasil. Percebo que há um esforço grande para mostrar ao usuário o valor e a importância do jornalismo, e que a assinatura é uma forma de manter sua independência editorial.

Mas não a única. A marca precisa ser sólida para conquistar vários tipos de receita: assinaturas, eventos, publicidade, branded content, clube de sócios. E o projeto TDigital tem pensado todas estas frentes. No caso das assinaturas, o fato de termos uma área de performance, que não irá medir apenas volume de audiência, é um ponto a nosso favor. Poderemos entender melhor o que faz o usuário se tornar um assinante. E, depois disso, como garantir sua permanência com a nossa marca. O trabalho em torno de um produto, com um time multitarefa vai ajudar muito neste aprendizado. Com isso, esperamos conseguir aumentar a retenção e engajamento do assinante.

O que o internauta terá neste novo projeto que não encontrará em nenhum outro site?

Em comparação com os sites locais, teremos uma aposta forte na cobertura local, queremos ser especialistas em “capixaba”. Tudo que gera interesse a quem nasceu ou vive aqui deverá estar em nosso site. Mesmo que seja um fato internacional, tentaremos encontrar um impacto disso no local. Outro destaque é uma ênfase grande em serviços, do mais básico ao que gera mais dúvida à população. Mas um aspecto importante do novo site A Gazeta é perseguir sempre a vanguarda do jornalismo digital.

Isso quer dizer que sempre tentaremos estar à frente ou o mais rápido possível conectados às novidades da chamada indústria 4.0. Atualmente estamos desenvolvendo parcerias importantes com Google e Facebook que nos permitem participar de projetos em que um grupo seleto de empresas de mídia estão no mundo. Isso vai continuar, queremos muito mais.

ASSINANTES TERÃO NOTÍCIAS EM PRIMEIRA MÃO NA INTERNET

A transformação digital de A Gazeta não deve ser motivo de preocupação para os assinantes: desde ontem à tarde, equipes de atendimento especializado já estão fazendo contato com todos os assinantes do jornal impresso para explicar as mudanças e as novidades que estão a caminho.

O novo site de A Gazeta, que será lançado em setembro, também terá modelo de assinaturas, assim como já acontece com o Gazeta Online. Mas o conteúdo se tornará ainda mais ágil e ganhará volume, com reportagens exclusivas para assinantes. Esse conteúdo especial conta com mais análises e permite que o leitor forme sua própria opinião sobre as questões do Estado e do país.

“O número de assinantes do Gazeta Online tem aumentado constantemente. Do início de 2018 para cá, tivemos um aumento de 200%. Triplicou a quantidade de assinantes e para cada um deles queremos proporcionar uma experiência diferente”, pontuou Rafael Silveira, gerente de Mercado Leitor.

Atualmente, o Clube A Gazeta, que reúne os assinantes, conta com cerca de 80 parceiros em diversos segmentos, como gastronomia, estética e educação, o que garante aos assinantes diversos benefícios.

“Temos a preocupação de oferecer aos assinantes mais que descontos. Queremos estender esses benefícios dos assinantes do Gazeta Online a mais leitores”, frisou Silveira.

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De agora até os próximos 60 dias, nada muda para os assinantes de A Gazeta. Mas se mesmo assim alguém tiver dúvidas, pode fazer contato via WhatsApp, no (27) 99993-7736.

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