O vazamento de poluentes para o mar, que provocou a interdição de três áreas dentro da Vale já acontece há, pelo menos, um ano. A informação é do secretário de Meio Ambiente de Vitória, Luiz Emanuel Zouain. Ele afirma que o derramamento ocorre principalmente quando há fortes chuvas, que fazem transbordar a bacia de sedimentos, responsável por receber calcário, minério, carvão e outros materiais lavados dos pátios e vias de circulação da empresa.
Com uma chuva como a de ontem (dia 7), torrencial, possivelmente o extravasamento foi grande e isso acontece o tempo todo, afirma Zouain. Segundo ele, foi essa recorrência que levou o município a interditar parcialmente a mineradora.
Além de ter interdição de operar por tempo indeterminado as três áreas, a companhia recebeu ainda duas multas que totalizam R$ 35 milhões. A primeira delas, no valor de R$ 34.846.352,19, e a segunda no valor de R$ 310.692,07.
De acordo com o laudo de interdição, estão impedidos de operar por tempo indeterminado as seguintes áreas: o pátio de insumos próximo a lagoa 9; o sistema de produção gerador de efluentes líquidos para as bacias de sedimentação e reservação, denominadas BSR; além das vias de circulação que contribuem para o aumento dos sólidos suspensos.
O secretário explica que o sistema de drenagem das vias internas da empresa, que carrega toda a produção e os insumos, leva minério, calcário, terra e até óleo para dentro da bacia de sedimentos e reservação (BSR).
É nessa bacia que deveria ocorrer a separação da água dessas partículas e do óleo. A água pode ser, inclusive, reutilizada pela empresa. Segundo o município, relatórios feitos pela própria Vale apontaram que houve o transbordamento dessa bacia.
Os autos de infração apontam que, em 2018, foram apontados pela Vale nove desconformidades no relatório de monitoramento de efluentes líquidos, sendo três no primeiro semestre e seis no segundo.
No entanto, A Gazeta já noticiou outro vazamento no sistema de tratamento de efluentes. Em dezembro de 2017, a empresa foi multada em R$ 1,6 milhão pelo Instituto Estadual de Meio Ambiente (Iema), por conta de um vazamento de minério de ferro no mar. Uma análise feita em Praia Mole, na Serra, local onde o líquido foi despejado, mostrou a presença de alumínio, ferro, manganês, zinco, cromo e fluoreto, e verificou que o lançamento desse material no mar atingiu não só a água, mas o solo e a fauna e flora marinha.
Foi justamente a poluição reiterada do meio ambiente que levou a Semmam a tomar uma atitude nesta quinta-feira (7). Foi a recorrência que nos levou à interdição. Temos relatório da empresa que diziam o que estava acontecendo, mas que afirmavam que o problema estava sendo corrigido, vem outro e diz a mesma coisa. Nós fomos aceitando porque não somos nós que licenciamos a empresa. Só que até onde foi, não dá mais. O prejuízo começou a ficar grande para a sociedade, argumentou o secretário.
Mesmo sem ser questionado, Zouain rebateu críticas de que a ação tenha ido oportunista e midiática. Não tem coincidência com data nenhuma, não tem brumadinho nessa história. O que há é ação da prefeitura que não vai terminar agora, disse.
O órgão responsável por licenciar as empresas situadas na Ponta de Tubarão é o Iema que, segundo a Prefeitura de Vitória, recebe os mesmos relatórios da Vale. Não pergunte para mim porque o órgão ambiental responsável não fiscaliza como deveria, afirmou Zouain.
O Iema foi procurado pela reportagem no final da tarde desta sexta-feira (8) mas ainda não se manifestou.
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