No meio de um engarrafamento, você sozinho dentro do carro já se pegou pensando que se estivesse a pé chegaria mais rápido no destino final? E se estivesse de bicicleta então? Muitos moradores de Vitória estão trocando o ônibus ou carro por meios mais rápidos e muito mais econômicos de se locomover pela capital capixaba.
A reportagem do Gazeta Online foi para as ruas em busca dos capixabas que deixaram o carro na garagem por opção e encontraram meios alternativos de chegar ao trabalho. Um dos que encontramos no caminho foi o professor Camilo Bueno, de 52 anos, que comprou há poucos dias uma bicicleta motorizada para fugir do trânsito e reduzir os gastos.
Bueno revela que chegou a gastar apenas com combustível e estacionamento quase R$ 1 mil por mês. "Eu comprei essa bicicleta tem cinco dias, mas já estou vendo muitos benefícios. Moro em Jardim Camburi e trabalho no bairro República e na Praia do Canto. Nesses primeiros dias, já percebi que fiz o trajeto em menos tempo. Com um litro de gasolina, que já chegou a custar R$ 5, eu ando 50 quilômetros. Dá para eu usar um litro por dois dias. É uma economia enorme", conta o professor.
Camilo reforça que a economia vai ser ainda maior depois que ele quitar a bicicleta. "Mês passado eu paguei R$ 283 só de parquímetros e estacionamento com o carro. A bicicleta eu comprei em uma promoção na internet por R$ 1690, dividida em 12 meses já com o frete. Mesmo eu pagando essas parcelas e gastando com o combustível da bicicleta, vou economizar muito em relação ao carro".
O analista de sistemas Rafael Nascimento, de 36 anos, tenta fugir do trânsito de Vitória há bastante tempo. Ele mora em Goiabeiras, trabalha na Enseada do Suá e diariamente pegaria trânsito de carro nesse trajeto. "Eu tinha um patinete elétrico, mas eu resolvi comprar a bicicleta movida a gasolina por causa da autonomia da bateria dele. Estou usando a bicicleta há dois meses", conta.
Rafael comemora a economia que a bicicleta motorizada está proporcionando. "É um transporte alternativo, que me ajuda a fugir do trânsito e também do preço alto da gasolina. Gasto por mês com ela uns R$ 40, e a manutenção é quase zero. De ônibus eu gastaria uns R$ 160, e se fosse de carro um tanque e meio a dois tanques por mês. De bicicleta, gasto 20 minutos de casa para o trabalho."
Muitas pessoas quando pensam em bicicleta, logo se enxergam suando. Suor, porém, não é realidade de quem anda com as motorizadas e elétricas. O advogado Ricardo Medina, de 44 anos, que tem uma bicicleta elétrica cuja autonomia é de 35 km, usa o equipamento para ir ao escritório trabalhar na Enseada do Suá.
"Tenho que usar roupa social e não chego suado. Além disso, tenho certeza do tempo que eu vou gastar. Com o carro, ora você chega em um horário, ora em outro. Eu gasto entre oito e dez minutos para chegar ao escritório. Por mês, acho que economizo uns 200 reais. A bateria dura 35 km e recarrega em 12 horas. Para mim, a bateria dura entre três e quatro dias", conta o advogado.
A bicicleta elétrica de Ricardo Medina chega a 25 km/h e custou R$ 3,5 mil. "É a mais barata deste tipo de modelo. Para a reta é ótima. Sempre quando dá, busco minha filha na escola com ela", acrescenta.
O professor de geografia Vitor Bressa, que foi quem indicou a bicicleta motorizada para o também professor e colega de trabalho Camilo Bueno, conta que o transporte em duas rodas foi uma ótima alternativa para s
ua rotina.
"Eu precisei vender meu carro por conta de questões financeiras e vi na bicicleta elétrica uma ótima saída para eu ir para o trabalho. Como moro na Praia do Suá e dou aula na região de Cidade Continental, na Serra, consegui manter meus compromissos e ainda gastar menos tempo no trajeto. A economia nem se fala. Gastava em média R$ 20 a cada dois dias com gasolina para o carro. Agora gasto R$ 15 por semana com a bicicleta. E olha que eu paguei R$1,2 mil por ela", conta o professor.
EMPREENDEDORISMO
Conversando com amigos, o médico Felipe Costa decidiu que iria comprar uma bicicleta elétrica para se locomover pela cidade. Mais tarde, eles chegaram a conclusão que o melhor seria montar suas próprias bicicletas. Um dos amigos engenheiro elétrico elaborou seis unidades. As "magrelas" fizeram tanto sucesso que eles acabaram investindo e fazendo mais modelos para a venda.
"Há uns anos a gente se organizou, comprou as peças e um amigo nosso montou as bicicletas. Desde então eu vou para o trabalho no meu consultório e no Hospital da Polícia Militar com a bicicleta elétrica. O melhor é que eu sei exatamente o tempo que vou gastar no trânsito. Não é como carro que a gente fica sem saber quanto tempo vamos ficar presos no engarrafamento. Como ela tem garupa, eu e minha esposa também temos o costume de sair para jantar, ir num barzinho, e nos locomovemos tranquilamente. Já fizemos mais dez bicicletas que já estão encomendadas para venda. Está sendo um sucesso", disse o médico.
As bicicletas elétricas dos amigos são vendidas por R$ 9mil. Elas chegam a 50 km/h e possuem autonomia de 35 km por carga. Para serem recarregadas levam três horas na tomada.
Outro exemplo de empreendedorismo desse mercado é de Lucas Starling Ambrósio, que é proprietário de uma loja online de patinetes elétricos de luxo e conta que tem tido boa aceitação do público consumidor no Espírito Santo. Ele já pensa em abrir uma loja física na capital.
"O perfil dos nossos clientes é de pessoas que querem usar o patinete elétrico para ir trabalhar e economizar com o combustível. Três de nossos clientes venderam o carro e estão usando essa outra alternativa de locomoção. É uma mobilidade sustentável, com zero emissão de CO2", disse Lucas.
Os patinetes elétricos da loja online são recarregados em qualquer tomada, e demora cerca de 4 horas para a carga completa. O modelo mais caro da loja está saindo por R$8590,00. "Temos uma pessoa em Vila Velha que atende nossos clientes para manutenção. Mas até o momento não tivemos nenhum registro de defeito", reforça.
REGRAS DO TRÂNSITO
Sobre as regras que devem ser seguidas para as bicicletas elétrica e motorizadas, a Prefeitura de Vitória enviou a seguinte nota:
"A Secretaria de Transportes, Trânsito e Infraestrutura Urbana de Vitória (Setran) informa que equipamentos de mobilidade individual, como bicicletas motorizadas e elétricas podem seguir em áreas de circulação de pedestres, ciclovias e ciclofaixas, porém, com velocidade máxima de seis quilômetros por hora em áreas de circulação de pedestres, e de 20 quilômetros por hora em ciclovias e ciclofaixas. O órgão informa, ainda, que é necessário que os veículos tenham uso de indicador de velocidade, campainha e sinalização noturna. A Detran alerta também para a importância do uso equipamentos de proteção pelos ciclistas".
O diretor de habilitação e veículos do Detran-ES, José Eduardo de Souza Oliveira reforçou que veículos com velocidade de 50 km/h ou mais precisam serem emplacados e exigem dos condutores carteira de habilitação.
"Se a velocidade dessas bicicletas ultrapassarem 50km/h elas vão precisar de emplacamento e o condutor vai precisar ter a ACC, que é uma habilitação. Se ele tiver a carteira A de moto também serve. Essas bicicletas elétricas e motorizadas, no entanto, não poderão andar na ciclofaixa e sim deverão ira para as vias públicas. Caso o condutor desobedeça essas regras, ele poderá ser multado em R$ 130,16, perder quatro pontos na carteira e terá a bicicleta removida. Se a bicicleta não precisar de pedalar para ligar, ela também se encaixa nessa situação da exigência da carteira e do emplacamento, bem como estar enquadrada com mais de 50 cilindradas", alerta o diretor do Detran.
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