Publicado em 28 de maio de 2019 às 22:19
O efeito que o MMS causa no organismo depende diretamente da concentração do produto que for ingerida. Isso porque em doses pequenas, a substância pode causar náuseas ou vômito. Mas, em concentrações mais altas e se tomadas com frequência o produto pode gerar até uma úlcera. É que, equivalente à água sanitária, o elemento corrói as paredes do estômago e intestinos por ter propriedades que queimam a pele. Com isso, o que as pessoas pensam que são parasitas saindo do corpo pelas fezes e urina são, na verdade, fragmentos desses órgãos.>
De acordo com o médico gastroenterologista Felipe Ferreira, a longo prazo os males do MMS são inúmeros. "A criança já toma a substância, depois de alguns dias, vomitando. Então isso é um forte sinal de que o corpo está rejeitando o que está sendo ingerido. Não é para continuar. E aí tiveram a ideia de que o 'medicamento' fosse injetado por via anal", destaca. No entanto, mesmo assim, a substância continua corroendo os órgãos.>
O médico exemplifica o que acaba saindo nas fezes e urina são provavelmente fragmentos de intestino. "É como se você fosse à praia e ficasse no Sol por muito tempo. A pele vai queimar e descamar. Agora imagina uma substância como a água sanitária em contato com o estômago e intestinos, corroendo as paredes dos órgãos, e a pele queimando. Depois, quando a pele está morta, ela se desprende e o organismo a elimina por meio de excrementos", detalha.>
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ÁGUA SANITÁRIA E CLORO>
O MMS pode ser comparado, a nível de propriedade e efeito, ao mesmo que faz a água sanitária e cloro. Essas duas substâncias têm as mesmas características abrasivas e tanto são fortes que esse incômodo causado por elas pode ser sentido só pelo cheiro.>
"Muita gente tem irritação quando sente um cheiro mais forte de cloro, em casa mesmo, ou da água sanitária. Esses produtos são usados muito em limpeza de banheiro e tem gente que sente uma queimação no nariz. É o mesmo efeito, só que dentro do corpo", exemplifica.>
Felipe conta que em casos em que as doses são frequentes os danos vão ficando piores a cada vez. Mas, se a ingestão acontece por acaso, os efeitos são passageiros e podem dar, no máximo, os mesmos sintomas de gastrite.>
TESTE EM LABORATÓRIO: SUBSTÂNCIA MAIS FORTE QUE ÁGUA SANITÁRIA >
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A reportagem de A GAZETA levou o MMS comprado por R$ 94 nas mãos de Jorge Gonçalves, na manhã da última segunda-feira, na Serra, para ser analisado em laboratório. O produto foi examinado pelo professor e pós-doutor em química Helber Barcellos da Costa, que precisou fazer um teste antes de analisar os líquidos, porque não estava descrito o que exatamente tinha dentro de cada frasco. A concentração de um dos produtos era maior que a de água sanitária.>
Foram analisados dois frascos de clorito de sódio (usado para branquear produtos e descolorir papel) e dois de ácido clorídrico (usado na obtenção de corantes e no polimento de metais), ambos sem rótulos, entregues por Jorge no ato da compra.>
É a combinação das substâncias que forma o dióxido de cloro, também chamado de MMS. A fórmula, na verdade, é usada na indústria como descolorante e desinfetante. O vendedor recomendou a mistura das substâncias presentes dos frascos com água antes de beber ou injetar no ânus via enema para o tratamento do autismo.>
Com a análise, ficou atestado que as substâncias eram mesmo clorito de sódio e ácido clorídrico. O professor aponta que eles podem causar danos aos órgãos humanos, por se tratarem de materiais tóxicos sem nenhuma relação com medicamentos.>
O professor destaca que o clorito de sódio é equivalente à água sanitária.>
Mas aponta que da forma que está concentrado no produto comercializado para uso como MMS é bem mais forte.>
O Fantástico, da TV Globo, que denunciou também a venda do MMS no último domingo, mostrou, em outra análise, que a concentração neste tipo de produto chegava a 10 vezes mais que a água sanitária.>
O clorito de sódio tem uma ação semelhante ao que nós sentimos quando usamos a água sanitária em nossas casas. Provoca uma certa irritação nas mucosas. E o clorito de sódio pode ser até mais forte do que a água sanitária, destacou Helber Barcellos.>
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