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'Achei que não chegaria no hospital', diz homem intoxicado com baiacu

"Achei que não chegaria no hospital", diz homem intoxicado com baiacu

Robinson Leite de 46 anos foi internado no último dia 31 após ter consumido baiacu com os amigos em um bar

Publicado em 5 de janeiro de 2018 às 20:50

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Robinson Leite foi internado no último dia 31 e recebeu alta nesta quinta-feira (4). (Arquivo Pessoal)

Foi na véspera de ano novo que o agente de proteção da aviação, Robinson Leite, de 46 anos, passou mal após comer baiacu. Robinson estava com os amigos em um bar, em Goiabeiras, Vitória, quando um dos conhecidos chegou com o peixe preparado em uma panela de barro. Quatros pessoas se intoxicaram, inclusive o homem que preparou a comida. Robinson teve alta nesta quinta-feira (4) e conversou com o Gazeta Online sobre os momentos de tensão que viveu durante a semana.

Robinson contou que o responsável pelo peixe chegou no bar comentando sobre o preparo do baiacu com os amigos. Como o agente nunca tinha experimentado, decidiu provar a comida.

“Logo depois que eu comi, eu senti meus lábios dormentes e as pontas dos meus dedos formigando. Como eu tinha comido churrasco antes, umas 16 horas eu fui para casa. Cheguei e cochilei. Quando eu acordei já estava passando muito mal. Senti meu corpo completamente dormente”, explicou.

A cabeça, o maxilar, as mãos, os braços e as pernas de Robinson estavam dormentes. Ele relatou que sentiu muita dificuldade para andar. “Tive que levantar da cama segurando nas paredes. Eu sentia meu corpo todo repuxando. Minha vista também estava turva”, lembrou.

Neste momento, a filha de Robinson, que mora na casa da frente, em Cariacica Sede, foi encontrá-lo. “Eu estava achando que estava tendo algum problema de intoxicação, mas na hora nem me liguei no peixe. Minha filha me deu um remédio para alergia, minha sobrinha que está fazendo enfermagem mediu minha pressão. Na mesma hora minha irmã já estava chegando para me levar para o hospital”.

Primeiro, a família levou Robinson ao PA de Alto Lage, também em Cariacica, por volta de 19 horas. No entanto, no local não havia atendimento. Eles seguiram para o PA da Praia do Suá, em Vitória, onde ele foi atendido.

“Quando eu cheguei lá, um rapaz que estava com a gente no bar também estava passando mal. Nessa hora já me colocaram nos aparelhos, menos no respirador. Colocaram aquele que fica medindo pressão, no soro e também aquele aparelho que mede os batimentos cardíacos”.

Robinson ficou na unidade até umas 23h30, quando foi transferido para o Hospital Dório Silva, na Serra. Ele ficou internado na UTI até a tarde do dia 1º de janeiro. Ele foi encaminhado para a enfermaria e recebeu alta nesta quinta-feira (4).

DESESPERO

Robinson contou que a única coisa que ele não sentiu “parar” foi a respiração. Quando ele percebeu que estava muito mal, só pensava em alguma forma de sobreviver. “Eu saí de casa achando que nem chegaria no hospital. Na hora que eu levantei e vi que estava daquela forma, bateu um desespero”.

Os familiares de Robinson planejavam passar a virada do ano juntos, mas o susto teve que adiar o encontro. Agora, em casa, ele contou que se sente aliviado.

“Agora é ter mais precaução quando estiver em qualquer local, observar bastante o tipo de alimentação, observar quem preparou. Ficar muito atento e dar mais atenção ao que vai comer. Não vou falar que no dia eu não observei porque as pessoas que estavam lá eram de mais idade, pessoas de bem, inteligentes. Eu sou uma pessoa cismada, mas eles me transmitiram confiança, além do pessoal já ter comido o peixe antes”.

Segundo Robinson, foram quatro pessoas que passaram mal e ficaram em um estado crítico no hospital. “O cara que preparou o baiacu ficou em quadro de risco igual a gente. Ele mesmo falou para a gente se unir agora, ir no Convento. Todo mundo erra, foi um descuido”, finalizou.

PERIGOSO

O baiacu contém uma substância extremamente tóxica, explicou o médico Marco Antônio Viana Barcelos. Esse veneno fica nas vísceras e na pele do animal, partes que são retiradas durante o preparo para consumo. No entanto, uma pequena quantidade que fique no peixe é suficiente para causar prejuízos à saúde.

“É um peixe muito famoso e muito temido por algumas pessoas. É um peixe que, as estatísticas mostram, leva à morte em média 30 pessoas por ano”, disse.

A Gerente da Vigilância Sanitária de Vitória, Gabriela Almeida, disse que a venda de baiacu não é proibida, mas é necessário ter muito cuidado desde a pesca até o preparo do peixe, já que ele contém uma substância tóxica.

COMO LIMPAR O PEIXE

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