Georgeval Alves Gonçalves enfrenta Júri Popular pela acusação de matar o filho e o enteado em 2018
Georgeval Alves Gonçalves enfrenta Júri Popular pela acusação de matar o filho e o enteado em 2018. Crédito: Arquivo AG/ Geraldo Neto

Caso Kauã e Joaquim: as acusações contra suspeito de matar filho e enteado

Pastor Georgeval Alves Gonçalves é acusado de ter agredido, violentado e ateado fogo nas crianças de 3 e 6 anos, em 2018. Ele enfrenta Júri Popular a partir próxima segunda-feira (3)

Tempo de leitura: 4min
Publicado em 29/03/2023 às 18h59

O pastor Georgeval Alves Gonçalves vai a júri popular no dia 3 de abril no fórum de Linhares. Ele é o único suspeito da morte de duas crianças em um incêndio no dia 21 de abril de 2018. As vítimas são Kauã Sales Butkovsky, de seis anos, e Joaquim Alves Sales, três anos, enteado e filho de Georgeval, respectivamente.

Ele será levado à julgamento pelas acusações de duplo homicídio qualificado, duplo estupro de vulnerável e tortura. (veja detalhes mais abaixo)

O pastor, que liderava a Igreja Batista Vida e Paz em Linhares na época do crime, foi preso uma semana depois do incêndio e segue detido provisoriamente desde então.

Fórum Desembargador Mendes Wanderley, em Linhares
Fórum Desembargador Mendes Wanderley em Linhares, onde vai ocorrer o Júri Popular. Crédito: TJES

Inicialmente, o júri tinha sido marcado para o dia 13 de março deste ano. Naquela ocasião, a defesa de Georgeval seria feita por um advogado dativo, que é um defensor pago pelo Estado. Ele pegou o caso após a recusa de outros dois advogados.

Depois que a data do Júri foi marcada, o pastor decidiu contratar uma defesa particular e esta pediu que o julgamento fosse adiado porque teria que fazer uma cirurgia. Assim, a data ficou para o dia 3 de abril.

Ao todo serão ouvidas 15 testemunhas e cinco peritos prestarão esclarecimentos.

Tarja para matéria do caso do pastor Georgeval Alves, na morte de Kauã e Joaquim

Georgeval é acusado de cometer três crimes diferentes. Todas as acusações contra ele são duplicadas porque teriam sido cometidas contra duas vítimas.

Tarja para matéria do caso do pastor Georgeval Alves, na morte de Kauã e Joaquim

O homicídio doloso significa que o acusado teve a intenção de matar. As qualificadoras são elementos que se juntam à acusação de homicídio e que tornam a pena base mais grave. No caso da denúncia contra Georgeval estão presentes:

  • Motivo torpe
  • Emprego de fogo
  • Mediante dissimulação ou traição
  • E para assegurar a ocultação de outro crime

Para o homicídio qualificado, a lei prevê pena de prisão de doze a trinta anos. O Ministério Público pediu ainda aumento de um terço da pena pelo crime ter sido praticado contra menores de 14 anos.

Na decisão em que aceita a denúncia, o magistrado cita depoimentos dos bombeiros, laudos cadavéricos e exames periciais na casa para demonstrar que há indícios de que ele seja o autor das mortes.

Segundo as evidências apresentadas nos autos, os dados coletados na perícia convergem para um incêndio causado por ação humana e não por pane elétrica, como defendeu Georgeval na época do fato.

Local do incêndio: perícia foi feita pela polícia na casa onde Georgeval e Juliana moravam com os filhos
Local do incêndio: perícia foi feita pela polícia na casa onde Georgeval e Juliana moravam com os filhos. Crédito: Samira Ferreira

Uma evidência disso é que as crianças tinham pouca fumaça nos pulmões, o que foi constatado durante os exames de autópsia. Isso significa, segundo as autoridades, que estavam vivas quando o fogo começou, mas que morreram queimadas muito rapidamente. Esse cenário só se apresenta se houver a presença de um acelerante, ou seja, um combustível para que o fogo se alastrasse mais rápido.

Tarja para matéria do caso do pastor Georgeval Alves, na morte de Kauã e Joaquim

Significa ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 anos. A pena é aumentada pela metade pelo fato do autor ter autoridade sobre a vítima, ser um parente próximo. A pena prevista é de oito a 15 anos de reclusão.

Exames feitos pela perícia da Polícia Civil nos cadáveres encontraram uma substância chamada PSA em amostras retiradas dos ânus dos meninos. O PSA é produzido pela próstata de homens adultos, o que, segundo a acusação, indica que houve violência sexual.

Tarja para matéria do caso do pastor Georgeval Alves, na morte de Kauã e Joaquim

Georgeval é réu por suspeita de cometer crime previsto no artigo II da lei que define o crime de tortura. Esse artigo se refere a “submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.”

A pena prevista é de reclusão de dois a oito anos, mas é aumentada de um sexto até um terço se o crime é cometido contra criança.

A acusação de agressão se sustenta, principalmente, no exame feito com luminol, uma substância que, em contato com o sangue, brilha na luz negra.

Corpo de Bombeiros recolhe material do quarto onde morreram queimados os meninos Kauã e Joaquim (02/05/2018)
Corpo de Bombeiros recolhe material do quarto onde morreram queimados os meninos Kauã e Joaquim (02/05/2018). Crédito: Brunela Alves

A perícia apontou que foram encontradas manchas de sangue, identificadas como sendo de Joaquim, na parte baixa do vidro do box do banheiro e no escritório. Essa evidência, somada à suspeita de que as crianças estariam desacordadas no momento do incêndio, levaram a polícia e o Ministério Público a acusar Georgeval de ter agredido os meninos antes de colocar fogo nele.

Considerando a pena máxima para todos os crimes, caso seja condenado pelo júri, ele pode ser sentenciado a até 130 anos.

Tarja para matéria do caso do pastor Georgeval Alves, na morte de Kauã e Joaquim

Em nota, a defesa de Georgeval informou que se manifestará sobre os fatos “na presença do Egrégio Conselho de Sentença, por ocasião da sessão de julgamento, em atenção ao princípio da plenitude de defesa”.

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