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Há 60 anos, João Gilberto passou lua de mel em Vitória

Há 60 anos, João Gilberto passou lua de mel em Vitória

Cantor e compositor morreu no último sábado (6), aos 88 anos

Publicado em 8 de julho de 2019 às 19:04

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Os últimos dois dias são de luto e nostalgia para música brasileira. A despedida de João Gilberto, morto no último sábado (6), trouxe à tona muitas lembranças sobre o ícone da Bossa Nova no mundo. Entre as andanças pelo globo, o baiano tem um capítulo importante no Espírito Santo. 

Em 1959, João Gilberto do Prado Pereira de Oliveira - o nosso João Gilberto - escolheu Vitória, no Espírito Santo, para celebrar a lua de mel ao lado da primeira esposa, Astrud Evangelina Weinert. No mesmo ano, lançou "Chega de Saudade", um de seus mais famosos sucessos.

Naquela ocasião, João ficou hospedado na casa de Maria e Péricles, irmã e cunhado do cantor e compositor, que ficava na Praia do Suá. O sobrado virou verdadeiro point para quem quer que soubesse que o músico estava curtindo os dias de relax e amor na Ilha.

O cantor e compositor João Gilberto, o pai da bossa nova. (Reprodução/Instagram @yoditarx)

"Eu e meu cunhado, Moacyr Barros, soubemos que ele tinha casado e estava na Praia do Suá na casa de uma irmã que ele tinha aqui. Ai decidimos ir lá, procurar onde era", lembra Luiz Paixão, verdadeira autoridade do jazz e da bossa nova do Estado, que completa: "Ele falou pouco e pronto".

Segundo Luiz, João só os recepcionou para dizer que não se sentia bem e dispensou os curiosos. "Mas ele era assim", justifica.

Mas uma figura que teve um encontro bem sucedido e até criou até laço de amizade com João foi Cariê Lindenberg, outro entusiasta da música brasileira. Quando veio passar a lua de mel aqui, o músico atraiu Cariê, que queria conhecer mais do que o colega estava fazendo entre solfejos e novos acordes: "Ele inovou na forma de tocar e cantar e ganhou o mundo assim. Ele tinha muito do jazz norte-americano e talvez tenha sido esse o maior diferencial".

Aspas de citação

O balanço que ele fez, a batida que ele inventou a partir do que ele conhecera do tamborim, no samba, o fizeram inovar como ninguém. Ele ficava horas cantando a mesma música só para aperfeiçoar. Buscava o melhor tom em cada palavra

Cariê Lindenberg
Aspas de citação

Cariê lembra que, à época, João ficou aproximadamente um mês na Capital - período suficiente para os dois trocarem muitas experiências em torno dos ritmos. "Ele ficou direto na casa da irmã e, depois disso, nós nos encontramos algumas outras vezes no Rio", diz ele, que era frequentador assíduo da Cidade Maravilhosa. "Naquela época, eu fiz essa ponte musical por muitos anos e tinha muitos amigos da arte por lá", reitera.

O ADEUS AO PAI DA BOSSA

João Gilberto, de 88 anos, morreu no último sábado (6), em seu apartamento no Leblon, no Rio de Janeiro. O corpo do cantor foi velado no Theatro Municipal do Rio e o velório começou às 9h desta segunda (8). O primogênito do compositor, João Marcelo, não esteve presente na cerimônia, porque estava nos Estados Unidos renovando o green card e não pode deixar o país, disse o seu advogado, Gustavo Miranda.

Além dele, fruto do relacionamento que o compositor teve com a primeira esposa, com quem passou lua de mel em Vitória, no Espírito Santo, João deixa Bebel Gilberto, da união com Miúcha, e Luísa, filha dele com a ex-esposa Cláudia Faissol.

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O cantor já vivia um complicado imbróglio familiar desde 2017. Naquele ano, sua filha, a também cantora Bebel Gilberto, começou a mover um processo de interdição do pai. O motivo era sua idade avançada e a situação financeira, precária. O músico chegou a ser despejado do apartamento em que vivia, no Leblon. zona Sul do Rio.

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