Publicado em 19 de outubro de 2019 às 13:13
Antes de chegar ao ponto em que está (interditado), o Teatro Carlos Gomes, no Centro de Vitória, perdeu a referência artística para ser palco de verdadeiras tragédias operacionais devido à degradação da própria estrutura do edifício, construído na década de 20 pelo arquiteto André Carloni. >
Em 2017, uma pane elétrica fez uma apresentação ter que ser interrompida e, no ano seguinte, uma parte do teto dos salões do espaço despencou e roubou a cena de um outro espetáculo.>
É por essas e por outras que um grupo de artistas e agitadores culturais se reuniu na manhã deste sábado (19) em frente à edificação histórica para pedir por agilidade no restauro e nas obras de recuperação da construção. >
Uma das organizadoras do movimento, a presidente da Associação Cultura Capixaba, Cristiane Martins, destaca que o objetivo do encontro foi justamente chamar a atenção do poder público para que providencias sejam tomadas. "Não temos nenhum posicionamento oficial, mas o papo que rola é que não há previsão de nada", lamenta.>
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Segundo ela, cerca de 50 pessoas se juntaram em frente ao teatro para realizar um "abraço" simbólico no edifício, em ato de protesto: "Nossa casa maior está fechada. É um patrimônio muito rico para ser tratado dessa forma. Há necessidade urgente de restauração e reabertura do nosso Teatro Carlos Gomes." >
Fotos de A GAZETA mostram interior do Teatro Carlos Gomes, no Centro de Vitória
Em frente de um coração branco e vermelho feito com bexigas, ela explica à reportagem que a decoração foi só ícone para representar o amor que os moradores do Centro e artistas têm pelo local. "Todos lamentam muito e sentem muita falta. Existem espetáculos que não têm como ter montagem em outro teatro que não o Carlos Gomes, então tem muito artista sem poder fazer nada. O coração é o nosso amor e nosso pedido de ter nosso espaço de volta", conclui. >
Isso é o que também defende o presidente da Federação Capixaba de Teatro, Wilson Coelho. Concordando com Cristiane, ele foi um dos que "abraçou" o monumento capixaba e manifestou indignação frente ao descaso que ele diz ser do governo do Estado: "governo não está com a mínima preocupação. É um descaso! Não tem compromisso nenhum com a cultura e enquanto isso estamos sem lugar para fazer montagem das peças. Estamos cansados de ver o teatro fechado". >
Procurada por A GAZETA, a Secretaria de Estado da Cultura (Secult), por meio de nota, alega que o teatro terá previsão de reabertura e de orçamento total da obra apenas depois que o processo licitatório for aberto - o que também não tem data marcada, segundo a reposta que a pasta deu à reportagem. "A Secult informa que está desenvolvendo o projeto de restauro e reforma do Teatro Carlos Gomes em parceria com o Instituto de Obras Públicas do Estado do Espírito Santo (Iopes)", diz trecho da nota. >
Em contrapartida, o governo também destaca que nos últimos anos algumas intervenções foram feitas, sim, no local. "Foram feitas reformas de manutenção no espaço, como pinturas e correção de infiltração. Agora, a Secult está em processo de executar uma reforma profunda, com melhorias no tratamento acústico, na climatização e nas instalações. Os projetos arquitetônicos serão avaliados pelo Conselho Estadual de Cultura", diz trecho do fim da nota. >
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