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Apenas 17,7% das cidades brasileiras têm livrarias, aponta estudo do IBGE

Apenas 17,7% das cidades brasileiras têm livrarias, aponta estudo do IBGE

Pesquisa também mostra que negros têm menos acesso a museus e cinemas do que brancos

Publicado em 6 de dezembro de 2019 às 21:00

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Livros contribuem para a formação cultural da população. (Pixabay)

O número de cidades brasileiras que têm ao menos uma livraria está em queda. É o que aponta uma pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgada nesta quinta-feira (5), com índices de um amplo estudo sobre o consumo de cultura em todo o país.

Segundo os dados, em 2001, as livrarias estavam presentes em 42,7% dos municípios. Daquele ano até 2018 esse número caiu para 17,7%. 

Um levantamento da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) já havia apontado que entre 2007 e 2017 o número de estabelecimentos classificados como livraria ou papelaria havia encolhido 29% em todo território nacional.

A mesma pesquisa do IBGE revela que as lojas de fitas, CDs e DVDs conseguiram ganhar mais espaço até 2006, quando chegaram a 59,8 % dos municípios brasileiros. Depois, em período que coincide com o crescimento dos serviços de streaming, iniciou-se uma queda que leva à redução deste índice para 23,1%.

No ano passado, o IBGE divulgou pesquisa mostrando que serviços de streaming estavam em expansão entre brasileiros: foram utilizados por 16,1% dos domicílios que acessaram a internet em 2017, acima do registrado no ano anterior, 11,7%. Também é apontado que 81,8% dos brasileiros que acessaram a internet no ano retrasado declararam que uma das finalidades era assistir a vídeos, incluindo séries e filmes.

Houve menos impacto, porém, nos cinemas. O número de cidades com salas cresceu até 2012, ainda segundo o estudo do IBGE divulgado agora, tendo chegado a 10,7% dos municípios naquele ano (em 2001, eram 7,5%). Hoje, após uma pequena redução, esse índice chegou a 10%.

No caso de livrarias, é mais difícil atribuir o decréscimo ao crescimento nas vendas de versões digitais. Uma das pesquisas mais recentes sobre o consumo de e-books é de 2016, do Ibope, e mostra que 26% dos brasileiros já haviam lido algum livro em versão online.

Ao mesmo tempo, para o mercado de livros, esse consumo representa pouco mais de 1% do que é comercializado, segundo o Censo do Livro Digital, estudo realizado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas.

A nova pesquisa do IBGE também se dedica a um panorama do consumo de cultura pela população do país, e destaca algumas defasagens em grupos específicos, determinados por classificação de raça e faixa etária, por exemplo.

Negros, segundo o estudo, têm menos acesso a cinemas e museus do que brancos no país, pois 37% da população brasileira preta ou parda reside em municípios onde não há nenhum museu -44%, onde não há cinema. Esse número cai para 25,4% em relação a brancos sem acesso a museu e 34,8% no caso de cinema.

A pesquisa ressalva que não são considerados outros fatores que também possam incidir sobre o acesso da população a equipamentos culturais, como sistema de transporte.

Crianças e adolescentes até 14 anos também são um grupo com menos acesso a alguns equipamentos culturais, como cinemas e museus, quando o estudo faz comparações por faixas etárias. 

São 35,9% aqueles que são menores de 14 anos e que moram em uma cidade onde não há nem mesmo um museu, índice que o estudo classifica como "preocupante", dada a importância de instituições voltadas às artes na formação dos jovens.

O estudo aponta que a média mensal para a despesa com cultura na família brasileira é de R$ 282,86.

Fica abaixo de outros grupos de despesas de consumo como habitação, transporte, alimentação e assistência à saúde, porém à frente, por exemplo, de "higiene e cuidados pessoais". 

A importância dos gastos no setor varia de acordo com a oferta e a facilidade no acesso, com reflexos nos índices distribuídos pelo território nacional. Na região Sudeste, uma família gasta em média 7,9% de sua renda com cultura. Esse número cai para 7,5% na região Centro-Oeste (7,5%), para 7,4% no Sul, 6,9% no Norte e 6,8 % no Nordeste.

Uma contradição apontada pela pesquisa é que nem sempre quem ganha mais consome mais cultura. Famílias que ganham de R$ 5.724 a R$ 9.540 e que ganham de R$ 9.540 a R$ 14.310 são as que mais gastam com esse item (8,1% e 8,2%, respectivamente). Elas gastam proporcionalmente mais do que as  que ganham mais de R$ 23.850 (7,9%).

Famílias que ganham até R$ 1.908 gastam 5,9% de seus rendimentos com cultura. No total, a família brasileira gasta 7,5 % de seus rendimentos com itens relacionados à área.

Também vale destacar que o setor empregava mais homens até 2014, e essa condição foi mudando. A proporção era de 52,4% de homens para 47,6% de mulheres. 

Em 2018, a participação feminina cresceu 2,9 pontos percentuais, para 50,5%, apresentando participação maior que a dos homens desde 2017.

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Em termos salariais, em 2017, no setor cultural, os homens receberam um salário mensal médio superior ao das mulheres. Eles tiveram média salarial de R$ 4.127, enquanto elas ficaram com R$ 2.798, ou 67,8% do salário dos homens.

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