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Venda de campos da Petrobras deve aumentar produção de gás no ES

Venda de campos da Petrobras deve aumentar produção de gás no ES

Empresas capixabas estariam interessadas em comprar pacote que inclui poços, gasoduto e plataforma desabitada

Publicado em 6 de julho de 2019 às 00:24

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Produção nos campos de Peroá e Cangoá é feita pela plataforma não habitada PPER-1, localizada a cerca de 50 quilômetros de Linhares. (Divulgação/Petrobras)

O início do processo de venda pela Petrobras das suas participações em campos de gás natural no Estado, anunciado nesta sexta (5), traz consigo boas perspectivas para a economia capixaba. A estatal começou a divulgar a investidores a oportunidade de compra da totalidade de suas atividades nos campos de produção de Peroá e Cangoá, e no bloco exploratório BM-ES 21, localizados na Bacia do Espírito Santo, litoral norte capixaba.

A venda dos ativos, considerada por especialistas o primeiro movimento da companhia de saída do mercado de gás para abrir a oportunidade a outras empresas – um dos pontos centrais do choque de energia barata prometido pelo governo federal –, vai contribuir além da queda do preço do insumo, mas também para o aumento da produção de gás no Estado. 

A oferta inclui seis poços nos campos produtores e todas as instalações de produção e de escoamento da estatal na região, que fica a cerca de 50 quilômetros de Linhares, como a plataforma não habitada PPER-1 e o gasoduto terrestre até a chegada na Unidade de Tratamento de Gás de Cacimbas.

Os campos de Peroá e Cangoá, hoje com 100% de participação da Petrobras, ficam localizados em águas rasas e produzem atualmente cerca de 900 mil metros cúbicos (m3/dia) de gás não-associado. De acordo com o coordenador do Fórum Capixaba de Petróleo e Gás da Findes, Durval Vieira, um novo operador vai atuar para ampliar essa produção.

“Esses campos tem capacidade de produção de quase 8 milhões de m3/dia, mas produzem pouco hoje. A medida que entra um novo player, como uma empresa menor, ela vai investir para aumentar a produção. Além de dar força para a ES Gás, que poderá comprar de outros fornecedores além da Petrobras”.

EMPRESAS CAPIXABAS INTERESSADAS

Segundo Durval, já existem empresas interessadas na oferta, inclusive do próprio Espírito Santo. Sem citar nomes, o especialista lembrou que a atuação de uma empresa privada vai estimular investimentos e criar empregos na região.

"Sem dúvidas novos postos de trabalho serão criados no Norte em função disso porque energia é um dos grandes indicadores de desenvolvimento. Se tem energia a preços baixos isso atrai investimentos, novos negócios, e tudo isso gera empregos e aquece a nossa economia".

Durval ressaltou que no Estado já existem empresas com expertise no setor de óleo e gás. Em 2017, três companhias capixabas ganharam a concessão blocos de exploração em terra no Norte do Espírito Santo, na 14ª Rodada de Leilões da ANP. São elas Imetame, Vipetro e Bertek.

GÁS MAIS BARATO

Com a entrada de outra empresa, essa competição vai pressionar a queda no preço do gás, conforme explicou o secretário estadual de Desenvolvimento, Heber Resende.  “É um movimento que mostra o interesse da Petrobras de sair desse mercado, o que vai ser muito bom para nós. É a materialização de tudo que vem sendo discutido, abrindo espaço para outros atores, barateando o preço e estimulando investimentos”.

Em comunicado, a Petrobras afirmou que “essa operação está alinhada à otimização do portfólio e à melhoria de alocação do capital da companhia, visando a geração de valor para os nossos acionistas”.

O Gazeta Online questionou a empresa quanto a possíveis valores e prazos para conclusão do negócio, mas a estatal alegou que informações sobre desinvestimentos só são divulgadas por meio de comunicados ao mercado.

Fontes de mercado estimam que até a conclusão do negócio seja necessário pelo menos um ano, levando em conta que essa etapa de recebimento de interessados deve demorar cerca de dois meses até que de fato seja lançado o edital, processo que levaria pelo menos oito meses.

EXPLORAÇÃO

A oferta também inclui o bloco exploratório BM-ES-21, localizado em águas profundas e onde se encontra a descoberta de Malombe. Nele, a estatal possui atualmente 88,9% de participação, sendo que o restante é da Repsol, petroleira espanhola que também já anunciou que está deixando o projeto.

Malombe foi descoberto em 2011 e possui um poço perfurado. A concessão da Petrobras e Repsol foi adquirida em 2004. Atualmente, a área está sob um Plano de Avaliação da Descoberta (PAD), com declaração de comercialidade prevista ainda para este ano.

VENDA DE CAMPOS TERRESTRES

Esse é o segundo anúncio da Petrobras de venda de campos no Espírito Santo em menos de dois meses. Em maio, a estatal havia divulgado oportunidade na cessão da totalidade de suas participações em 27 campos maduros de óleo e gás em terra no Estado, incluindo as instalações compartilhadas de escoamento e tratamento de produção, nos municípios de São Mateus, Jaguaré, Linhares e Conceição da Barra, denominadas conjuntamente Polo Cricaré.

A estatal é operadora com 100% de participação em todos os contratos de concessão, que compreendem os seguintes campos: Biguá, Cacimbas, Campo Grande, Córrego Cedro Norte, Córrego Cedro Norte Sul, Córrego Dourado, Córrego das Pedras, Fazenda Cedro, Fazenda Cedro Norte, Fazenda Queimadas, Fazenda São Jorge, Guriri, Inhambu, Jacutinga, Lagoa Bonita, Lagoa Suruaca, Mariricu, Mariricu Norte, Rio Itaúnas, Rio Preto, Rio Preto Oeste, Rio Preto Sul, Rio São Mateus, São Mateus, São Mateus Leste, Seriema e Tabuiaiá.

A expectativa é que, com a venda desses campos terrestres, a compradora invista para aumentar a produção dos poços e, com isso, faça a arrecadação do royalties do Espírito Santo crescer e gere cerca de 3 mil empregos na região. A cessão do direito de produção também abriria espaço para a instalação de minirrefinarias na região Norte do Estado.

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Em 2018, a produção total média desses campos foi de cerca de 2,8 mil barris por dia de óleo e 11 mil metros cúbicos por dia de gás.

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