Cerca de 60 trabalhadores foram resgatados em condições análogas à escravidão em uma fazenda em Pinheiros, no Norte do Espírito Santo. Eles haviam sido aliciados em Estados do Nordeste para virem trabalhar na colheita do café conilon no Estado e estavam há aproximadamente 15 dias vivendo e trabalhando em condições degradantes, sem contrato formalizado e sem receber salários.
O resgate foi feito por uma força-tarefa por equipes do Ministério do Trabalho na última quinta-feira (17). Os trabalhadores foram levados para um hotel, onde ainda aguardam os auditores fiscais do Trabalho concluírem a ação e as negociações com a empresa para que sejam efetuados os pagamentos e emitidas as guias para recebimento de seguro-desemprego.
Além de acertar os valores, a empresa também terá que contratar um ônibus para que os resgatados retornem às cidades de origem, bem como providenciar a alimentação dos mesmos. Nem a empresa nem os donos da fazenda tiveram os nomes divulgados pelo Ministério do Trabalho, uma vez que a ação ainda está em andamento.
De acordo com a chefe da Fiscalização da Superintendência Regional do Trabalho no Espírito Santo, Cláudia Bermudes, a previsão é que até esta quarta-feira (23) esses trâmites sejam finalizados para a liberação dos resgatados.
"Neste momento, os auditores estão fazendo toda a documentação desses trabalhos lá na Agência Regional do Trabalho e Emprego de São Mateus para que os pagamentos possam ser feitos e eles retornem à cidade de origem no Nordeste. É um procedimento que faz parte do trabalho de resgate, regularizando a situação desses trabalhadores", explica.
CONDIÇÕES
Segundo Cláudia, a maioria dos trabalhadores são homens vindos da Bahia. Eles foram aliciados para trabalhar na colheita de café no Estado com promessa de carteira assinada, bom salário e condições de alojamento, o que não se concretizou. Apesar da fazenda ficar localizada no município de Pinheiros, a casa onde eles ficavam alojados era em Pedro Canário.
"Eles vieram de forma irregular, não receberam nenhum valor nem tiveram a carteira assinada como havia sido prometido. A casa em que eles ficavam não tinha nenhuma condição física para recebê-los, sem móveis, geladeira ou cama. Eles tinham que dormir no chão", conta.
Outra dificuldade era com a alimentação, que deveria ser inclusa, mas era vendida. "A marmita que eles recebiam era cobrada por eles", diz a chefe de Fiscalização. Os trabalhadores também não tinham nenhum equipamento de proteção para realizar a atividade, como luvas ou roupas de proteção.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta