Publicado em 27 de dezembro de 2021 às 21:20
O Tesouro Nacional prepara o lançamento de um título público voltado a investidores que desejam poupar recursos para sua aposentadoria individual. O cidadão interessado poderá adquirir um papel do governo e acumular, ao longo dos anos, recursos para recebê-los no futuro como uma aposentadoria mensal.>
Nessa modalidade, não haveria o resgate dos rendimentos --isto é, os juros pagos pela União a seus investidores-- ao longo do período de acumulação. Apenas depois desse intervalo é que o investidor começaria a receber os pagamentos mensais.>
Segundo o Tesouro Nacional, uma das alternativas é ofertar um título cuja remuneração seja atrelada à variação da inflação.>
O chamado período de acumulação, tempo em que o poupador acrescentaria recursos à sua reserva por meio da compra de títulos, poderia durar entre 30 e 40 anos. Já o recebimento dos rendimentos poderia se estender por outros 20 a 30 anos.>
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As informações foram antecipadas pelo jornal O Estado de S. Paulo e confirmadas em nota oficial pelo Tesouro.>
Apesar disso, o órgão diz não ter mais detalhes. Não há previsão de data para o início da venda desses papéis.>
O Tesouro também não respondeu a questionamentos sobre como ficariam os rendimentos dos investidores que quiserem se desfazer do papel antes do prazo de acumulação previsto.>
"Tendo em vista que os estudos ainda se encontram em fase preliminar, no momento não temos detalhes a divulgar", informou o órgão.>
A área responsável pelos estudos é a Subsecretaria da Dívida Pública do Tesouro Nacional. Segundo o órgão, experiências internacionais e publicações sobre o tema têm subsidiado os debates.>
Um dos textos de discussão que servem de referência foi publicado neste mês pela FGV (Fundação Getulio Vargas), de autoria dos especialistas em Previdência Fabio Giambiagi, Mauricio Dias Leister, Arlete Nese e André Dovalski.>
O texto traz algumas simulações para apontar quanto um brasileiro teria de poupar ao mês para obter o rendimento desejado no futuro. Para ter uma renda mensal de R$ 5.000 por 20 anos, um investidor teria de contribuir mensalmente R$ 1.322 durante 40 anos. O cenário considera um juro real (acima da inflação) de 3% ao ano.>
Quanto menor é o período de acumulação, maior é a necessidade de contribuição individual. No exemplo anterior, se o período de aportes fosse de 30 anos, o desembolso mensal teria de ser de R$ 1.979.>
Segundo esse estudo, há atualmente cerca de 17 milhões de contratos de previdência privada ativos no mercado brasileiro, ofertados por fundos de pensão ou entidades abertas de previdência complementar.>
Para os autores, o número é baixo, dado o tamanho da população brasileira e seu envelhecimento.>
"Quando se contrapõe esse grau de cobertura com as tendências demográficas e do mercado de trabalho e o baixo grau de educação financeira/previdenciária, percebe-se a necessidade de os Estados nacionais ofertarem à população formas complementares e de fácil compreensão para um melhor planejamento da renda na aposentadoria", diz o estudo.>
Na avaliação dos especialistas, a criação de um título público com esse perfil permite ao cidadão não só planejar com maior precisão sua aposentadoria, mas também reduzir custos na aplicação do seu dinheiro.>
Ao mesmo tempo, o investidor fica protegido da corrosão do poder de compra causada pela inflação.>
Nova opção seria oferecida na plataforma do Tesouro Direto O novo título seria oferecido aos brasileiros junto a um cardápio de títulos públicos que já são disponibilizados na plataforma Tesouro Direto, que facilitou os investimentos em títulos do governo e completa 20 anos em janeiro de 2022.>
Atualmente, o papel mais longo oferecido no Tesouro Direto tem um prazo de 35 anos. Parte de sua remuneração é atrelada à inflação, e há pagamento semestral de juros ao investidor.>
Já o resgate desse tipo de título se dá na data de seu vencimento, em pagamento único.>
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