Publicado em 3 de dezembro de 2020 às 16:32
O principal motor da economia brasileira, o setor de serviços ainda sofre com as restrições impostas após o início da pandemia e ajudou a segurar a recuperação do PIB no terceiro trimestre. >
Apesar da alta de 6,3% na comparação com o trimestre anterior, o setor ainda acumula queda de 5,3% no ano.>
No trimestre, houve recuperação em todas as atividades de serviços pesquisadas pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), com destaque para o comércio, que cresceu 15,9% impulsionado pela maior oferta de crédito e pelo auxílio emergencial.>
Mas os serviços mais ligados às famílias, como alojamento, alimentação e lazer vêm crescendo menos, mesmo considerando a baixa base de comparação com o segundo trimestre: o grupo Outras atividades de serviços, onde estão reunidos, avançou 7,8% no trimestre.>
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A retomada do setor é considerada fundamental para a manutenção da recuperação econômica da crise provocada pela pandemia. "Os serviços representam três quartos da economia, então qualquer comportamento da economia vai depender dos serviços", diz a gerente de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis.>
Ela disse que atividades de serviços mais ligadas à indústria têm demonstrado comportamento melhor - apesar da queda no transportes de passageiros, o grupo Transporte, armazenagem e correio, por exemplo, avançou 12,5% no trimestre. O problema são os serviços das famílias, afirma.>
"Não tem como alguém cortar cabelo virtualmente, então essas atividades foram muito afetadas pela pandemia", exemplificou a gerente do IBGE. Mesmo com a reabertura de algumas atividades, diz, o medo da contaminação fez com que muita gente reduzisse o consumo desses serviços.>
Atividades mais ligadas ao lazer, como cinemas, só reabriram em meados do trimestre, e ainda assim com muitas restrições em relação ao número de frequentadores.>
Apesar da alta no trimestre, os serviços mais dependentes do consumo das famílias acumulam queda acentuada no ano: Outras atividades de serviços cai 13% e Transporte, armazenagem e correio, 10,9%. Por outro lado, Atividades financeiras, seguros e serviços relacionados acumulam alta de 4,3% e Atividades imobiliárias subiram 2,2% em 2020.>
Palis diz que o fato das despesas das famílias apresentarem desempenho pior do que o PIB em comparações de prazo mais longo também reforça a percepção de que as famílias estão consumindo menos serviços. No acumulado do ano, o consumo das famílias cai 6,3%, enquanto o PIB recua 5%.>
A redução nesse consumo levou a taxa de poupança a disparar pelo segundo trimestre consecutivo. Entre abril e junho, ela havia atingido 15,5% do PIB, a maior para o período desde 2015. Agora, foi a 17,3%, alta de 3,6 pontos percentuais em um ano e o maior índice para um terceiro trimestre desde 2013.>
Segundo a gerente do IBGE, o movimento reflete a retração nos gastos com serviços de turismo e lazer, por exemplo, principalmente entre a população de maior renda.>
"As pessoas com mais renda estão conseguindo poupar mais, porque a classe média mais baixa, que foi beneficiada pelo auxílio, não consome tanto serviço", diz. "O consumo das rendas mais altas tem bastante de serviços.">
Os setores que ainda patinam são os mais vulneráveis a eventuais recuos no processo de abertura da economia com o crescimento de casos de Covid-19 em todo o país.>
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