Publicado em 6 de abril de 2019 às 11:20
O Pacto Global e a Acnur (agência da Organização das Nações Unidas para refugiados), com apoio da ONU Mulheres, lançaram nesta semana uma plataforma para ajudar refugiados a encontrar empregos no Brasil.>
Ao descrever a situação atual como a maior crise migratória da história da América Latina, especialmente com a crise venezuelana, e a maior no mundo desde a Segunda Guerra Mundial, devido a conflitos na Síria e nos continentes africano e asiático, Paulo Sérgio de Almeida, oficial de Meios de Vida da Acnur, afirmou que os desafios impostos para acolher e garantir a dignidade das pessoas que foram forçadas a se deslocar podem ser vistos como chances de aprendizado para o Brasil e para os brasileiros.>
"Temos que pensar que essas pessoas deixam tudo para trás muitas vezes e são obrigadas a recomeçar do zero. Sem contar o ganho cultural que eles podem trazer numa convivência com os brasileiros, muitos são especialistas e com formações muito boas, o que pode ser excelente para as empresas", afirma Almeida.>
Na plataforma Empresas com Refugiados, são apresentados casos de sucesso na contratação de refugiados, além de uma série de dados e um minidocumentário que visam mostrar o que a legislação determina em relação aos refugiados e as boas práticas já adotadas.>
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"A nossa legislação é ótima. Além de criar uma cultura e mostrar os ganhos que as empresas podem ter ao contratar um refugiado, precisamos trabalhar para dar escala a esse processo e também tirar as travas que existem hoje", diz Carlo Pereira, secretário-executivo da Rede Brasil do Pacto Global, que conta hoje com 13 mil membros em quase 80 redes locais, que abrangem 160 países.>
Segundo ele, que recentemente comandou em São Paulo fórum de investimento para mostrar os ganhos quando se investe nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU e já conseguiu emprego para 50 refugiados, as grandes travas estão em questões que envolvem documentações, como a exigência de diplomas e certificados, e na dificuldade de revalidar o diploma no Brasil.>
A ONU Mulheres, que concluiu a terceira edição do programa Empoderando Refugiadas -que já beneficiou 130 mulheres de Colômbia, Síria, Moçambique, República Democrática do Congo e Venezuela-, diz que a atuação das entidades, antes centrada nos eixos de São Paulo e Rio, que serviam de porta de entrada para imigrantes e refugiados no país, agora é mais ampla.>
"Países que trabalham e aceitam a diversidade são os que possuam maior PIB, registram as maiores lucratividades e obtêm os melhores desempenhos", afirma Adriana Carvalho, gerente dos Princípios de Empoderamento da Mulher da ONU.>
"Os refugiados e, em especial, as mulheres refugiadas são fruto de desigualdades históricas. No caso das mulheres, as dinâmicas, que envolvem filhos, violências sofridas e desamparo, são mais complexas, por isso exigem processos fora do padrão. E a gente tem que entender que, quando a gente muda uma regra ou um sistema para abrigar uma pessoa que está à margem, essa regra e esses sistemas ficam melhores para todo mundo", afirmou Adriana.>
Segundo ela, "refúgio não é alegria", e cabe ao Brasil, que tinha 10.522 refugiados de 105 países até o final de 2018 -segundo o Comitê Nacional para Refugiados (Conare) do Ministério da Justiça-, ser eficiente para lidar com a questão. E a plataforma do Pacto Global e da Acnur, que já está no ar em https://www.empresascomrefugiados.com.br, vem para ajudar.>
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