Publicado em 7 de outubro de 2023 às 17:26
Maior plataforma de busca de profissionais do sexo do Brasil e segunda maior do mundo, o Fatal Model atua sob o mote "segurança, respeito e empoderamento". A empresa diz trabalhar pelo respeito tanto de garotas de programa que anunciam no site como de quem busca por entretenimento adulto.>
Para evitar preconceito em relação ao universo em que a companhia está inserida, os 315 funcionários que trabalham no Fatal Model, com sede em Pelotas (RS), precisam seguir regras.>
Durante o expediente, colaboradores não podem falar palavrão ou usar termos pejorativos, e muito menos fazer brincadeiras relacionadas a sexo. Precisam também evitar elogios a colegas de trabalho, especificamente se dirigidos a características físicas.>
Em entrevista à Folha, a porta-voz do Fatal Model, Nina Sag, que também atua como profissional do sexo, conta que desde o processo seletivo a companhia privilegia habilidades técnicas e perfil. "É preciso estar alinhado aos valores de respeito e segurança que a empresa quer passar", diz.>
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Nina destaca que as profissionais do sexo são estigmatizadas e se sentem inibidas para dizer qual sua profissão até mesmo em um consulta médica. Segundo ela, o Fatal Model busca normalizar a atividade profissional.>
Além do cuidado com os funcionários, Nina conta que o Fatal Model também se preocupa em produzir conteúdos educativos para os contratantes e as próprias profissionais do sexo.>
"No nosso conteúdo para as anunciantes, a gente diz assim: 'Você não precisa se expor tanto'. Porque não é só isso [o corpo] que vai chamar a atenção do cliente. Há orientação também em relação à forma como ela escreve o anúncio, para que adote uma postura de respeito próprio", diz.>
Segundo ela, além dos aspectos físicos da profissional, pesquisa realizada pela empresa revelou que educação e simpatia estão no segundo lugar entre os critérios para contratação do serviço.>
Aliás, o Fatal Model periodicamente faz levantamentos de comportamento, o que subsidia a estratégia de anunciantes e ajuda a compreender de forma mais geral o mercado de prostituição no Brasil.>
Nina conta que os sites de entretenimento adulto ganharam tração durante a pandemia, por causa das limitações do isolamento, e hoje isso tem colaborado para diminuir os tabus sobre o assunto.>
Com relação às plataformas de buscas por profissionais do sexo, especificamente, Nina diz que elas contribuem para tirar mulheres das ruas, além de afastá-las de eventuais riscos em casas noturnas.>
Nesse sentido, a empresa diz trabalhar para aperfeiçoar seus sistemas de segurança para os dois lados do mercado: o de anunciantes e o de contratantes.>
Pelo lado dos clientes, Nina explica que o grande diferencial do Fatal Model foi ter implementado métodos de verificação para impedir que chegasse até o contratante uma mulher diferente daquela que ele viu em fotos.>
Inovações tecnológicas como essa levaram a um crescimento da empresa nos últimos anos. Fundada em 2016 por três sócios que preferem não ser identificados, hoje o Fatal Model lidera o mercado, segundo a Similarweb, empresa internacional de tecnologia da informação.>
Além disso, é o terceiro site de conteúdo adulto com mais acessos no país. No ranking geral, o site está entre os 30 com mais acessos no país, disputando espaço inclusive com o varejo online, plataformas de streaming e portais de notícias.>
Em meio ao boom de crescimento, a empresa faz investimentos. Hoje, a companhia patrocina produtos da internet de assuntos gerais, chegando a anunciar no Flow Podcasts, e eventos de futebol.>
A empresa tem visto no mundo esportivo um filão. O Fatal Model patrocina o Esporte Clube Vitória, além de clubes das Série B e C do Campeonato Brasileiro. Além disso, está presente na Série A por meio de publicidade na NeoQuímica Arena.>
Sem revelar o seu faturamento, o Fatal Model tem hoje 26 milhões de usuários ativos, o que corresponde a cerca de 13% da população brasileira. O número de profissionais do sexo anunciantes chega a 27 mil, espalhados por todos os estados do país.>
Embora a grande maioria dos anunciantes seja mulheres, a plataforma também tem ofertas de trabalhos por homens.>
Questionada sobre a forma com a qual o Fatal Model fatura, e se está dentro da legalidade, Nina diz que a plataforma funciona como um local de anúncios, assim como ocorria no passado com os espaços de anunciantes nos jornais.>
No Brasil, apesar da falta de regulamentação que garanta direitos trabalhistas aos profissionais do sexo, prostituição não é crime. O rufianismo, contudo, que é o aliciamento, exploração sexual e participação nos lucros, é ilegal. No caso do Fatal Model, a companhia não está enquadrada na prática.>
Nina conta que a empresa fatura de duas formas: apesar de a plataforma disponibilizar espaços gratuitos de anúncios, quem quer destaque no site deve pagar, assim como funciona em outras plataformas.>
Além disso, os clientes têm acesso limitado ao número de fotos e informações disponibilizadas pelas anunciantes. Se eles quiserem acessar conteúdos premium, têm a opção de assinar um plano.>
Nina diz que o Fatal Model não faz imposições às anunciantes, e elas têm a liberdade na plataforma de estipular preços por hora, quais serviços estão dispostas a oferecer e locais onde aceitam se encontrar com os clientes.>
As negociações e os pagamentos ocorrem diretamente entre anunciante e contratante, sem passar pela plataforma, que não fica com nenhuma fatia do que as anunciantes recebem.>
Os números do Fatal Model expõem o rápido crescimento dos sites de entretenimento adulto no Brasil nos últimos anos. Há aproximadamente 15 anos, 4% dos internautas do país procuravam sites com conteúdo adulto, segundo pesquisa da Hitwise.>
Já em 2018, 22 milhões dos brasileiros admitiam consumir conteúdos pornográficos, de acordo com levantamento da Quantas Pesquisas e Estudos de Mercado, realizado a pedido do canal a cabo Sexy Hot.>
Hoje, dos dez sites mais acessados do Brasil, dois são de conteúdo adulto: xvideos e Pornhub, conforme levantamento feito em outubro do ano passado pela plataforma Semrush.>
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