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Governo federal quer tirar investimento da Vale em nova ferrovia no ES

Governo federal quer tirar investimento da Vale em nova ferrovia no ES

Negociação para renovar antecipadamente concessão da Vitória-Minas estipula como contrapartida investimento em ferrovia do Centro-Oeste, segundo o senador Ricardo Ferraço

Publicado em 2 de julho de 2018 às 19:39

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Ferrovia Vitória-Minas será ampliada. (Agência Vale)

O Espírito Santo sofreu um duro revés em um jogo que parecia estar ganho. Apesar do acordo existente desde novembro do ano passado entre os governos do Espírito Santo e do Rio de Janeiro com o governo federal, inclusive com o aval do presidente Michel Temer, o investimento da Vale na construção de uma nova ferrovia ligando Vitória a Presidente Kennedy, como contrapartida para a renovação antecipada da concessão da estrada de ferro Vitória-Minas, não vai mais acontecer.

Agora, o projeto da EF-118, considerada estratégica para o desenvolvimento do Estado, tem futuro incerto.

Em reunião nesta segunda (02), em Brasília, o conselho do Programa de Parcerias Público-Privadas (PPI) da Presidência da República anunciou que a contrapartida da Vale será, na verdade, construir a Ferrovia de Integração Centro-Oeste (Fico), que terá 383 quilômetros e interligará Água Boa, no Mato Grosso, ao entroncamento com a Ferrovia Norte-Sul, em Campinorte, Goiás.

A mudança, que pegou políticos e empresários de surpresa, é justificada pelo governo federal como uma priorização no escoamento de grãos. “Fizemos uma hierarquização e confrontamos parâmetros como o de investimento versus demanda. O agronegócio é muito pujante e precisamos ligar o Mato Grosso com o Norte e o Sul do país”, explicou o secretário de Coordenação de Projetos da Secretaria Especial do PPI, Tarcísio Freitas, que também ponderou o fato de que a Fico já tem projeto pronto e previsão de maior volume de cargas.

NOVA PROPOSTA

Para A GAZETA, Freitas afirmou que a nova ferrovia no Estado ainda está nos planos do governo federal, mas será feita de outra modelagem, através da renovação da outorga da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), operada pela VLI, que tem a Vale como controladora. A FCA tem 7,2 mil km e corta 306 municípios, incluindo capixabas.

“O capital para investimento na construção da EF- 118 vai ser misto. A Vale vai contratar o projeto e, depois, a outorga da FCA, operada pela VLI, terá a contrapartida de investir nas obras na EF-118. Nossa previsão é de que a renovação das duas concessões sejam assinadas até dezembro”, disse.

Tarcísio Freitas ponderou que apenas a outorga pela renovação da FCA não deve ser suficiente para custear a construção da nova ferrovia, sendo que o restante do recurso seria bancado pelo governo federal. “É provável que a outorga não seja suficiente para fazer a obra toda, mas de metade dela. O trecho que vai ser construído deve ser um trecho que fique operacional. O restante da obra fica para o governo federal, seja com novas outorgas ou pelo investimento direto da União.”

PROJETOS

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Em reunião entre os governos do Espírito Santo e do Rio de Janeiro em 14 de novembro do ano passado, o presidente Temer já havia batido o martelo para aprovar a nova ferrovia com recursos da renovação da outorga da Vitória-Minas, que venceria em 2027. “Temer concorda que os investimentos têm que ser executados onde a ferrovia está localizada, e não em outro Estado”, disse o governador Paulo Hartung à época.

A obra da EF-118 previa mais de R$ 1 bilhão em investimentos e a geração de cerca de 5 mil empregos no Estado. O traçado incluía 10 municípios capixabas ao longo de 160 quilômetros de extensão. Já a Fico tem custo estimado de R$ 4 bilhões, valor calculado pelo governo que a Vale deveria pagar pela renovação da EFVM e da Ferrovia Carajás.

O senador Ricardo Ferraço chamou de manobra o movimento e afirmou que se reunirá com Temer para discutir o projeto. “Nesse mato tem coelho porque já estava tudo acordado. É uma quebra de compromisso que não vamos aceitar. Não é concebível a gente ficar com os impactos da ferrovia, ambientais e sociais, e o investimento ir para fora”, questionou.

Procurada, a Vale se limitou a dizer que a aprovação para a prorrogação antecipada das concessões será submetida ao Conselho de Administração após a análise das contrapartidas requeridas, a serem oficializadas após a etapa de audiências públicas. O governador Paulo Hartung foi procurado mas disse que iria analisar os fatos para se posicionar.

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