Publicado em 18 de março de 2020 às 16:04
Para tentar suavizar os impactos econômicos do coronavírus, o governo estuda usar o Cadastro Único (CadÚnico) -que hoje é utilizado para os programas sociais- para pagar o benefício temporário a trabalhadores informais e autônomos que possam perder renda neste ano por causa dos impactos do novo coronavírus na economia.>
Também está em avaliação um novo aumento de verba para o Bolsa Família.>
O presidente Jair Bolsonaro disse nesta terça-feira (17) que o governo estuda conceder "algo parecido com um voucher" para os informais para amenizar os danos do coronavírus.>
Uma das dificuldades dos técnicos tem sido identificar os brasileiros com trabalho informal para colocar em ação um plano de ajuda a esse público.>
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O benefício temporário via CadÚnico poderia proteger informais com atividades esporádicas (como ambulantes) e outros grupos, como donos de pequenos negócios e autônomos (como agrônomos com contrato de prestação de serviço, mas sem vínculo de emprego) que tiverem uma brusca redução de renda por causa da crise.>
O CadÚnico tem hoje cerca de 29 milhões de famílias listadas, sendo que o Bolsa Família, o maior programa de transferência de renda, cobre cerca de 13 milhões delas.>
Há, portanto, famílias de baixa renda no cadastro que não se encaixam nos critérios do Bolsa Família.>
O programa atende famílias com filhos de 0 a 17 anos e que vivem em situação de extrema pobreza, com renda per capita de até R$ 89 mensais, e pobreza, com renda entre R$ 89,01 e R$ 178 por mês. O benefício médio é de R$ 191.>
Quase 90% dos listados no Cadastro Único tem renda de até meio salário mínimo (R$ 522,50) por integrante da família.>
Há famílias que são incluídas para acessarem outros programas e políticas sociais implementados pelo governo federal (como Minha Casa, Minha Vida), pelos governos estaduais ou pelos municipais. O benefício temporário deve ter como alvo esse grupo de renda mais baixa e que não consegue acesso à cobertura pelo Bolsa Família.>
Técnicos avaliam que a base de dados do CadÚnico deve ajudar no socorro a trabalhadores que tiverem grandes perdas com a crise.>
A necessidade de proteger os que não estão no mercado formal foi defendida por parlamentares, que afirmam que esses trabalhadores estão em situação precária, junto à equipe econômica na terça-feira (17).>
A medida passou a ser estudada nesta semana, depois que representantes do setor privado também fizeram pressão para que o Tesouro usasse recursos para ajudar as empresas a pagarem salários de funcionários, um tipo de medida a que Guedes costuma se opor.>
Ainda não está fechada a duração desse auxílio. Uma das possibilidades é que o benefício seja pago por quatro meses.>
O valor também ainda está em estudo. Guedes defende que seja num modelo semelhante ao Bolsa Família, mas o benefício pelo programa depende da quantidade de filhos e do nível da renda.>
A equipe econômica quer avaliar qual o melhor formato desse programa emergencial. Isso porque outra opção é reforçar o Bolsa Família, que deve receber R$ 3,1 bilhões a mais de recursos em breve.>
O reforço foi anunciado pela equipe de Guedes na segunda-feira (16) e depende de aprovação do Congresso.>
Segundo o secretário do Tesouro, Mansueto Almeida, a verba extra seria suficiente para incluir mais de 1 milhão de famílias no programa e, assim, zerar a fila.>
Mas a lista de espera reflete o quadro atual da economia e do programa, que deve sofrer novas pressões com a crise provocada pelo novo coronavírus.>
Por isso, a equipe de Guedes estuda um novo aumento do orçamento do Bolsa Família para atender mais famílias ou reajustar o valor do benefício. O programa inclusive não tem ainda a previsão da 13ª parcela, anunciada por Bolsonaro.>
As primeiras medidas para tentar suavizar os efeitos da crise na economia e na população mais carente foram anunciadas diante de uma situação de dificuldade fiscal.>
CALAMIDADE PÚBLICA>
O governo pediu ao Congresso que seja declarado estado de calamidade pública no país. Se aprovado, Guedes e sua equipe não precisam mais cumprir a meta de resultado primário (diferença entre receitas e despesas primárias, que excluem gastos com juros da dívida) neste ano. Isso daria mais liberdade para encontrar espaço no Orçamento para ações como elevar os repasses ao Bolsa Família.>
A meta estava definida em um déficit de R$ 124,1 bilhões para o governo central, previsão que contava com várias receitas incertas, como as provenientes da privatização da Eletrobras e da aprovação de outros projetos ainda em discussão no Congresso.>
O governo se preparava para fazer um contingenciamento que poderia chegar a ao menos R$ 30 bilhões nesta semana, o que poderia inviabilizar o funcionamento de serviços públicos no momento em que a pandemia avança no país.>
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