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Dólar cai 1,27% e fecha a R$ 5,6183 com apetite externo ao risco

Dólar cai 1,27% e fecha a R$ 5,6183 com apetite externo ao risco

O arrefecimento dos temores de desaceleração da economia global relacionados ao espraiamento da variante ômicron animaram os investidores

Publicado em 7 de dezembro de 2021 às 19:02

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Pelo acordo, os dólares comprados pela consumidora deveriam ser entregues na véspera da viagem
Pelo acordo, os dólares comprados pela consumidora deveriam ser entregues na véspera da viagem. (Agência Brasil)

Depois de dois pregões seguidos de alta, em que esboçou voltar ao patamar de R$ 5,70, o dólar à vista fechou em queda firme na sessão desta terça-feira (07), dia marcado por forte apetite global por ativos de risco.

O arrefecimento dos temores de desaceleração da economia global relacionados ao espraiamento da variante ômicron (que não parece provocar casos graves de covid-19) e dados positivos da balança comercial da China - cujo governo se mostra disposto a irrigar o mercado de liquidez - animaram os investidores, deixando em segundo plano a iminência da redução de estímulos monetários pelo Federal Reserve.

Operadores destacam que a apreciação do real poderia até ter sido maior quando se leva em conta o ambiente externo positivo, com alta firme das bolsas em Nova York e avanço da maioria das divisas emergentes e de países exportadores de commodities, na esteira da valorização do petróleo e do minério de ferro.

A cautela com o quadro doméstico - em meio à piora das projeções econômicas e ao impasse na promulgação da PEC dos Precatórios - a perspectiva de um dólar mais forte no mundo e a pressão de remessas típica de fim de ano impedem a taxa de câmbio de se situar no curto prazo abaixo de R$ 5,60. Isso apesar do processo de aperto monetário em curso, cujo próximo capítulo deve ser o anúncio, nesta quarta-feira (8), de mais uma alta da Selic em 1,50 ponto porcentual, para 9,25%.

O economista-chefe do Banco Fibra, Cristiano Oliveira, alinha-se ao consenso de que a Selic será elevada em 1,50 ponto porcentual amanhã, mas ressalta que o Copom vai "surpreender" parcela do mercado ao não se "comprometer com manutenção" do mesmo ritmo de alta. "Mas deverá reafirmar o compromisso inequívoco com a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante", afirma Oliveira, em relatório.

Nas mesas de câmbio, a avaliação majoritária é que o efeito do aperto monetário já está refletido na taxa de câmbio e que não se deve esperar, portanto, um arrefecimento maior do dólar mesmo com eventual aumento do diferencial entre juro interno e externo

Com uma aceleração da queda na última hora de negócios, quando registrou a mínima da sessão (R$ 5,6153), o dólar à vista fechou em baixa de 1,27%, a R$ 5,6183. Operadores ressaltam que, mais uma vez, a liquidez foi bem reduzida. Principal termômetro do apetite para os negócios, o contrato de dólar futuro para janeiro movimentou cerca de US$ 10 bilhões.

O gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo, vê o dólar trabalhando em uma faixa entre R$ 5,60 e R$ 5,70 no curto prazo. Quando a taxa se aproxima da banda superior, há entrada de exportadores e movimentos de realização de lucros. Em contrapartida, diz Galhardo, não há convicção suficiente para a redução mais expressiva de posições defensivas, o que faz com que a taxa de câmbio se mantenha acima de R$ 5,60.

"O dólar tentou romper hoje os R$ 5,60, mas não conseguiu. Ainda temos essa questão da PEC dos Precatórios no radar, com esse cabo de guerra entre a Câmara e o Senado", diz Galhardo, ressaltando que o mercado ainda continua com o pé atrás diante da possibilidade de mais aumento de gastos com a proximidade das eleições presidenciais em 2022. "E o período de fim de ano é de procura maior por dólares, com remessas de bancos, o que deixa a taxa de câmbio mais pressionada."

Hoje à tarde, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), disse que o fatiamento da PEC dos Precatórios, com promulgação das partes comuns aprovadas nas duas casas do Congresso, não está descartado e citou 22 de dezembro como prazo limite para a promulgação da PEC - essencial para dar previsibilidade ao Orçamento de 2022.

Pacheco afastou, contudo, o risco de que o impasse em torno da PEC atrase o pagamento do Auxílio Brasil neste mês. Medida Provisória preparada pelo governo garantiria o valor de R$ 400 do benefício social em dezembro, dando mais tempo para o Congresso resolver o imbróglio da PEC.

Pela manhã, o Banco Central vendeu a oferta total de 15.000 contratos (US$ 750 milhões) em leilão realizado para rolagem de vencimentos programados para fevereiro. Foi o primeiro leilão de rolagem dos contratos com vencimento em 1º de fevereiro de 2022, que totaliza 179.615 contratos de swap (US$ 9,0 bilhões). O BC já indicou a intenção de promover a rolagem integral.

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