Publicado em 30 de novembro de 2023 às 16:57
A taxa de desemprego do Brasil recuou a 7,6% no trimestre até outubro, indicou nesta quinta-feira (30) o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A marca é a menor para esse período do ano desde 2014 (6,7%).>
O indicador estava em 7,9% no trimestre até julho, o mais recente da série histórica comparável da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua).>
A taxa de 7,6% veio em linha com a mediana das expectativas do mercado financeiro. Analistas consultados pela agência Bloomberg projetavam a mesma marca.>
"O comportamento da taxa de desemprego reflete a sazonalidade do mercado de trabalho nesta época, quando muitas empresas contratam trabalhadores para suprir o aumento da demanda por produtos e serviços no fim do ano", disse a economista Claudia Moreno, do C6 Bank.>
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POPULAÇÃO OCUPADA ALCANÇA 100,2 MILHÕES>
A baixa da desocupação veio acompanhada por um novo recorde da população ocupada com algum tipo de trabalho. Esse contingente foi estimado em 100,2 milhões de pessoas no trimestre até outubro.>
É a primeira vez que a população ocupada ultrapassa os 100 milhões na Pnad, iniciada em 2012. O número era de 99,3 milhões até julho. Houve um acréscimo de 0,9% (ou 862 mil trabalhadores a mais) na comparação trimestral.>
Adriana Beringuy, coordenadora de pesquisas por amostra de domicílios do IBGE, avaliou que a ocupação vem mostrando um "crescimento sustentado". Ou seja, sem o registro do que ela chamou de "intermitência" ou "gangorra".>
"A gente está diante de um cenário de recuperação de indicadores econômicos. Isso acaba se refletindo no mercado de trabalho", disse a pesquisadora.>
No primeiro semestre, a atividade econômica mostrou desempenho acima do esperado no país com o impulso da agropecuária. O mercado de trabalho costuma responder com algum atraso aos estímulos da economia, apontam analistas.>
Eles, porém, projetam uma desaceleração da atividade na segunda metade deste ano, após o pico da safra agrícola e com os juros ainda elevados. O resultado do PIB (Produto Interno Bruto) do terceiro trimestre será divulgado pelo IBGE na próxima semana, no dia 5 de dezembro.>
Parte dos analistas também recomenda cautela ao analisar o aumento da população ocupada em termos absolutos. Isso porque os dados da Pnad ainda não refletem possíveis impactos do Censo Demográfico 2022.>
O recenseamento é a base para a atualização da amostra populacional usada pelo IBGE na pesquisa de emprego e desemprego. O instituto planeja fazer essa revisão em 2024.>
O Censo contabilizou uma população de 203,1 milhões no Brasil em 2022, abaixo das projeções usadas na Pnad. Assim, estatísticas da pesquisa de emprego e desemprego, especialmente em termos absolutos, podem sofrer alterações para baixo.>
"A população ocupada pode estar próxima de 94 milhões. Mas, enquanto não tivermos a revisão na Pnad, continuamos a fazer a análise em cima dos dados divulgados pelo IBGE", afirma o economista Bruno Imaizumi, da LCA Consultores.>
Ele avalia que o mercado de trabalho segue mostrando cenário positivo. "Chama atenção a continuidade da recuperação de postos com carteira assinada.">
Outra questão destacada por Imaizumi é a alta do número de trabalhadores subocupados. Trata-se de uma categoria que envolve profissionais com jornada inferior a 40 horas semanais e que gostaria de trabalhar por mais tempo.>
No trimestre até outubro, o número de subocupados foi de 5,4 milhões, um acréscimo de 5,6% (ou 287 mil a mais) ante o período finalizado em julho (quase 5,2 milhões).>
Segundo Imaizumi, a alta pode refletir a volta ao mercado de profissionais que estavam com dificuldades para encontrar trabalho anteriormente.>
"O mercado vem conseguindo absorver até as pessoas com menos qualificação. Estamos observando uma redução no desemprego de longo prazo", diz.>
"Essas pessoas não conseguem entrar da melhor maneira possível no mercado. Pode ter efeito de colheitas, trabalho intermitente, final de ano com Black Friday e Natal, eventos que estão acontecendo em São Paulo e em outros locais", completa.>
BRASIL TEM 8,3 MILHÕES DE DESEMPREGADOS>
O IBGE também informou que a população desempregada no Brasil recuou para 8,3 milhões no trimestre até outubro. O número era de 8,5 milhões nos três meses anteriores.>
A população considerada desempregada pelas estatísticas oficiais envolve pessoas de 14 anos ou mais que estão sem ocupação e que seguem à procura de oportunidades. Quem não está buscando vagas, mesmo sem ter emprego, não faz parte desse contingente.>
No trimestre até setembro, que integra outra série da pesquisa, a taxa de desemprego já marcava 7,7%. O número de desocupados estava em 8,3 milhões no mesmo intervalo.>
Embora a população ocupada tenha alcançado a máxima de 100,2 milhões, o nível de ocupação ainda não renovou o recorde da série histórica. O indicador foi estimado em 57,2% até outubro.>
A máxima da Pnad (58,4%) ocorreu nos três meses encerrados em outubro de 2012. O nível de ocupação corresponde ao percentual de pessoas ocupadas em relação à população de 14 anos ou mais.>
OCUPAÇÃO TEM IMPULSO DE VAGAS FORMAIS>
A Pnad abrange tanto o mercado de trabalho formal quanto o informal. Ou seja, avalia desde os empregos com carteira assinada e CNPJ até os populares bicos.>
De acordo com o IBGE, o impulso à ocupação no trimestre até outubro veio das vagas formais. O órgão destacou que o número de empregados com carteira no setor privado chegou a 37,6 milhões.>
Isso representa uma alta de 1,7% (mais 620 mil) na comparação com julho. Também significa o maior patamar de empregados com carteira na série comparável da Pnad.>
Considerando as três diferentes séries da pesquisa, um contingente mais elevado só foi registrado no intervalo até junho de 2014 (37,8 milhões).>
RENDA MÉDIA SOBE, E MASSA SALARIAL RENOVA RECORDE>
A renda média dos trabalhadores ocupados foi estimada em R$ 2.999, por mês, no intervalo encerrado em outubro de 2023. Com a marca, cresceu 1,7% em relação ao trimestre até julho (R$ 2.950).>
Já a massa salarial alcançou novo recorde: R$ 295,7 bilhões. O crescimento foi de 2,6% frente ao trimestre anterior (R$ 288,4 bilhões). A massa representa a soma dos rendimentos obtidos com o trabalho.>
Segundo o IBGE, o crescimento pode ser associado à ampliação do número de ocupados no geral e ao aumento das vagas formais, que costumam pagar mais na média.>
"A força que o mercado de trabalho vem mostrando ao longo do ano é reflexo dos dados de atividade econômica, que vieram mais fortes que o esperado no primeiro semestre", afirmou a economista Claudia Moreno, do C6 Bank.>
"Acreditamos que a economia vai desacelerar à frente, mas esse movimento não deve fazer a taxa de desemprego subir de maneira significativa", acrescentou. O C6 prevê que o indicador fique praticamente estável, em torno de 8% até o fim de 2024.>
Para Luis Otavio Leal, economista-chefe da G5 Partners, o mercado de trabalho continua em "trajetória benigna", o que inclui redução do desemprego, rendimento em alta e informalidade "sob controle".>
Conforme o IBGE, a taxa de informalidade foi de 39,1% até outubro. O indicador, que mostra o percentual de ocupados sem carteira ou CNPJ, está abaixo do pré-pandemia. O recorde da série comparável (40,9%) ocorreu no trimestre até julho de 2019.>
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