É psicológa, pedagoga e teóloga com doutorado pela PUCSP. Se tornou uma cientista do comportamento para compreender o que move os relacionamentos humanos

Pais devem dar limites e não deixar filhos serem os "reis" da casa

É necessário que os pais desenvolvam a habilidade de frustrar o desejo da criança

Publicado em 02/10/2019 às 12h49
Atualizado em 27/03/2020 às 16h28
Crianças: pais devem impor limites . Crédito: Unsplash
Crianças: pais devem impor limites . Crédito: Unsplash

É sempre saudável lembrar que a educação está ligada à competência de restringir e limitar. É necessário que os pais desenvolvam a habilidade de frustrar o desejo da criança de querer ser o rei da casa. Educação consiste em destronar os filhos e castrar os impulsos onipotentes e megalomaníacos deles. Mas, infelizmente, há adultos oprimidos diante das exigências de seus filhos. Pai e mãe que acabam se sentindo culpados por não conseguir satisfazer TODOS os seus desejos.

Pais sem função de pais, o que acaba gerando filhos educados com uma visão obtusa e pervertida da realidade:

1. Possuem uma percepção exagerada do que lhes pertence - nunca pedem, exigem!

2. Baixa tolerância à frustração - respondem com birras, raiva, insultos ou violência na frente de familiares e amigos.

3. Não tem empatia - não sentem remorso quando gritam, ameaçam ou agridem fisicamente. Freud, em “O mal estar da civilização” (1909), afirmou: “Estamos enviando nossos filhos pra expedições polares com trajes de banhos”. Uma afirmação bem atual, não acham?

Nossos filhos estão preparados para a vida? A saúde mental deles está assentada sobre a capacidade e competência dos pais em colocar ordem, restrições e limites nos impulsos infantis? A restrição tornará nossos filhos humanos sofisticados, evoluídos e felizes. Acredito que há um hiperinvestimento na infância.

Queremos nossos filhos sempre felizes, mas não se pode escapar da relevante crítica da nova família “all inclusive” que vivemos hoje: singular, autossuficiente, umbilical e fundada da díade mãe-filho ou pai-filho (este, poucas vezes representado).

Atentemos para isso. Muitas vezes com aparência de normal, mas nos “cheira” disfuncional. Não raro, um dos pais prefere o filho ao parceiro, alternando assim o eixo da relação modelo. Quão grave é essa constatação: que hipoteca cara e desastrosa colocamos sobre os ombros das nossas crianças?

Por fim, acho bom lembrarmos do conceito de parentalidade, ele deriva de responsabilidade e não de propriedade. Ser responsável pelo outro não é servir-se dele. O filho não é alguém que virá para nos salvar, nos curar e nos reassegurar. Nós, pais, é que devemos ofertar tudo isso a eles.

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