Publicado em 18 de agosto de 2020 às 21:14
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) formou maioria nesta terça-feira (18) para rejeitar a criação do abuso de poder religioso. Quatro dos sete ministros já votaram contra a proposta do ministro Edson Fachin de criar uma punição eleitoral específica para candidatos que se aproveitarem da religião a que pertencem para influenciar o voto de fiéis.>
A maioria dos magistrados entendeu que não cabe ao TSE criar uma nova figura jurídica e que casos de atuação irregular de líderes religiosos devem ser punidos no âmbito do abuso de poder político ou econômico, como ocorre geralmente.>
Os ministros Tarcísio Vieira de Carvalho, Og Fernandes e Luís Felipe Salomão acompanharam a divergência inaugurada pelo ministro Alexandre de Moraes. A decisão evita a criação de um desgaste do TSE com o Congresso, uma vez que a bancada religiosa do parlamento vinha pressionando contra a tese de Fachin.>
Moraes sustentou que as entidades religiosas têm legitimidade para participar do processo eleitoral.>
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Alexandre de Moraes
Ministro do STFFachin, por sua vez, defendeu que influência de associações religiosas no processo eleitoral deve ser observada com atenção, "tendo em consideração que as igrejas e seus dirigentes ostentam um poder com aptidão para amainar a liberdade para o exercício de sufrágio e debilitar o equilíbrio entre as chances das forças em disputa".>
O caso chegou ao TSE após o Ministério Público Eleitoral acusar a pastora da Assembleia de Deus e vereadora de Luziânia (GO) Valdirene Santos de usar sua posição na igreja para promover sua candidatura e influenciar o voto de fiéis.>
Até Fachin votou para absolver a vereadora por considerar que não há elementos suficientes para cassá-la.>
No entanto, Fachin tinha defendido que a corte deveria criar um precedente que autorize a cassação pode abuso de poder religioso no âmbito das Ações de Investigação Judicial Eleitoral (Aijes).>
Og Fernandes afirmou que não cabe ao TSE criar o abuso de poder religioso, mas disse que a decisão não "significa que não haja limites para atuação de líderes religiosos na seara eleitoral".>
"A liberdade religiosa como qualquer outra não é absoluta", afirmou.>
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