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Polícia indicia casal por morte de artista venezuelana no Amazonas

Polícia indicia casal por morte de artista venezuelana no Amazonas

Julieta Inés Hernández Martínez estava desaparecida desde o dia 23 de dezembro. O corpo dela foi encontrado em uma área de mata e o casal confessou que ocultou o cadáver da vítima

Publicado em 8 de janeiro de 2024 às 15:05

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 Julieta Inés Hernández Martínez, 38 anos, estava desaparecida desde o dia 23 de dezembro e teve o corpo encontrado na sexta-feira (5/1)
Julieta Inés Hernández Martínez, 38 anos, estava desaparecida desde o dia 23 de dezembro e teve o corpo encontrado na sexta-feira (5/1). (Reprodução/Redes Sociais)

A Polícia Civil do Amazonas indiciou Thiago Agles da Silva, 31, e Deliomara dos Anjos Santos, 29, pela morte da artista circense venezuelana Julieta Inés Hernández Martínez, 38. O casal vai responder pelas acusações de latrocínio (roubo seguido de morte), estupro e ocultação de cadáver.

Julieta estava desaparecida desde o dia 23 de dezembro. O corpo dela foi encontrado em uma área de mata na cidade Presidente Figueiredo, a 117 km de Manaus, no quintal da sede do Espaço Cultural Mestre Gato. O local é usado como uma espécie de ponto de apoio para viajantes e andarilhos que transitam pela rodovia BR-174.

O casal está preso desde sábado (6) após confessar em depoimento, segundo a polícia, que ocultou o cadáver de Julieta. A corporação não soube informar se os dois já apresentaram advogado. Segundo as investigações, a artista passou a noite de 23 de dezembro na casa, após não conseguir hospedagem nas demais pousadas da cidade. O casal vivia de favor na residência, com anuência do dono, e cobravam R$ 10 de diária para viajantes que se hospedavam na área externa, onde dormiam em redes.

Em entrevista coletiva nesta segunda-feira (8), o delegado responsável pelo caso, Valdinei Silva, afirmou que o crime aconteceu naquela mesma noite. Segundo a apuração, Thiago, que é auxiliar de serviço, decidiu roubar a artista. Além do roubo, ele a teria agredido, amarrado suas mãos e pés e a violentado. "Thiago furtou o celular da vítima, que estava deitada em uma rede na varanda da residência. Houve luta corporal, ele enforcou a vítima e a arrastou para dentro da casa. Ali, ele começou a violentar a vítima", disse o delegado.

Segundo o delegado a esposa de Thiago, Deliomara, acompanhou a agressão na parte externa da residência. Porém, ao ver o que acontecia dentro da casa, ela ficou com ciúmes do marido. "Deliomara jogou álcool em cima dos dois e, em seguida, ateou fogo neles. Thiago, por sua vez, conseguiu apagar a chama e teria de novo enforcado a vítima, que desmaiou", disse o delegado, que acrescentou: "Ele, então, saiu da residência e foi para o hospital local para cuidar das queimaduras".

Com o marido fora, ainda segundo a apuração, Deliomara teria arrastado Julieta pelo quintal da casa e a enterrado em uma cova rasa. De acordo com o delegado, é possível que a artista ainda estivesse viva quando foi enterrada. O investigador afirmou ainda que o casal já tinha passagem na polícia por tentativa de roubo, seguindo o mesmo modus operandi: enforcamento da vítima, além de amarrar os pés e mãos dela. Thiago e Deliomara teriam atuado em dupla, tendo ele o papel de agredir a vítima, enquanto a mulher roubava os pertences da pessoa.

Nessa ocasião, porém, o casal não conseguiu concluir o roubo, pois teriam sido flagrados e denunciados à polícia. Ao serem presos, após os agentes encontrarem o corpo de Julieta, o casal confessou a ocultação de cadáver, mas trocou acusações sobre a autoria do crime com versões conflitantes sobre as circunstâncias do assassinato. Thiago havia dito que estava usando álcool e drogas e que a artista havia se juntado a ele. Sua esposa, porém, teria visto a cena e ateado fogo neles por ciúmes.

Já Deliomara disse à polícia que as agressões à venezuelana começaram após o marido tentar roubá-la. A versão dela bate com as investigações da corporação.

Último contato com a família

Segundo o delegado, Julieta fez o último contato com a família na noite em que foi morta. Ela teria ligado para a mãe e avisado que não tinha conseguido se hospedar em nenhuma pousada. A intenção da artista era pernoitar em Presidente Figueiredo e, na manhã seguinte, seguir viagem em direção à Roraima. Julieta vivia no Brasil desde 2015, integrava o grupo de cicloviajantes "Pé Vermei" e se apresentava com a personagem Palhaça Jujuba. Ela viajava do Rio de Janeiro até a Venezuela, seu país natal, de bicicleta.

De acordo com a Polícia Civil, o boletim de ocorrência do desaparecimento de Julieta foi feito na quinta-feira (4). Os amigos e familiares da venezuelana se mobilizavam nas redes sociais para encontrar a artista. Em buscas pela região, os policiais localizaram inicialmente partes da bicicleta de Julieta. O equipamento estava nas proximidades de onde foi localizado o corpo. Segundo a Polícia Civil, isso foi fundamental para chegar até o casal e concluir as investigações.

Na residência, foram encontradas as outras partes da bicicleta, o celular da vítima e demais pertences dela. Segundo a corporação, o estado do Amazonas está em contato com a família de Julieta para poder fazer o translado do corpo dela para a Venezuela, onde ela será sepultada.

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