Publicado em 10 de fevereiro de 2023 às 10:05
A PF (Polícia Federal) e as Forças Armadas deflagraram nesta sexta-feira (10) uma operação conjunta para destruição de aeronaves e maquinários do garimpo na Terra Indígena Yanomami. A ação tem o objetivo de instalação de bases policiais permanentes, de forma a tentar a retirada dos mais de 20 mil garimpeiros do território.>
A operação envolve agentes do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), da Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas) e da Força Nacional de Segurança Pública, vinculada ao Ministério da Justiça e Segurança Pública.>
Na segunda (6) e na terça (7), o Ibama deu início a ações voltadas à tentativa de desmobilização do garimpo ilegal, que provocou surtos de malária e gerou uma crise de saúde pública no território, com aumento expressivo de casos de desnutrição grave entre os indígenas. Houve destruição de aeronaves e maquinários e apreensão de mantimentos.>
A ação inicial do Ibama envolveu poucos agentes, se comparada à operação colocada em prática nesta sexta.>
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Dezenas de policiais e militares foram enviados a Boa Vista na quarta, para a efetivação das ações na terra indígena. A PF e as Forças Armadas usam helicópteros do tipo Black Hawk, com capacidade para transportar mais de dez policiais cada um, uma aeronave considera ideal por forças policiais para esse tipo de operação.>
No governo Jair Bolsonaro (PL), helicópteros do tipo foram sucessivamente negados pelas Forças Armadas diante de pedidos da PF por apoio logístico para ações na terra yanomami.>
A ausência dos militares e a realização de operações com pouco efeito prático levaram a um crescimento e a uma consolidação do garimpo, que avançou por comunidades yanomamis até a fronteira com a Venezuela.>
A operação planeja garantir o funcionamento de bases policiais no território. Essas bases devem permanecer por meses no território e serão operadas por policiais da Força Nacional. A operação logística das bases caberá ao Exército.>
No dia 20, o governo Lula (PT) declarou estado de emergência em saúde pública no território, diante da explosão de casos de malária, desnutrição grave e doenças associadas à fome, como infecções respiratórias. Houve reforço de atendimento médico nas regiões mais atingidas, Surucucu e Auaris, esta última quase na fronteira com a Venezuela.>
Depois, o governo passou a articular a realização de operações para retirada dos garimpeiros. A FAB (Força Aérea Brasileira) deu início a um controle do espaço aéreo, a partir do dia 1º, e cinco dias depois flexibilizou esse controle, para permitir a fuga de invasores em aviões e voos clandestinos usados no garimpo.>
Invasores começaram a deixar o território. Quem não consegue voar faz um percurso que inclui dias de varação na floresta, dias num barco e caminhadas por estradas vicinais que conectam portinhos clandestinos a vilas de moradores em cidades do interior de Roraima.>
Diante da complexidade e do tamanho do problema, o governo passou a adotar o discurso de que a retirada dos milhares de garimpeiros levará mais tempo do que o imaginado.>
"Não vamos conseguir resolver isso numa semana. Temos ações e planos a médio prazo, a longo prazo. São ações que vão durar seis meses, um ano", disse na quarta a ministra Sônia Guajajara, dos Povos Indígenas.>
No mesmo dia, o ministro da Defesa, José Mucio Monteiro, afirmou que existe a preocupação de "não prejudicar inocentes", em referência a garimpeiros em fuga da terra yanomami.>
"Têm pessoas que trabalham no garimpo para se sustentar. Têm mulheres, têm crianças. Têm alguns que estão trabalhando pelo seu sustento", disse Mucio.>
Nesta quinta (9), a PF instalou um centro de comando e controle na sede da superintendência em Boa Vista. O centro é coordenado pela PF e integrado por Ibama, Funai, Força Nacional de Segurança Pública e Ministério da Defesa.>
O objetivo do centro de comando é planejar ações para a Operação Libertação. O foco na primeira fase é destruir equipamentos de logística que garantem o funcionamento do garimpo.>
"A operação integrada teve início nesta semana e permanecerá em andamento até o restabelecimento da legalidade na terra yanomami", disse a PF, em nota.>
Também nesta sexta, a PF deflagrou em Boa Vista (RR) uma operação para cumprir oito mandados de busca e apreensão em endereços de suspeitos de integrar uma organização criminosa de lavagem de dinheiro a partir do comércio ilícito de ouro.>
O grupo teria movimentado R$ 64 milhões em dois anos, segundo a PF. Empresas de fachada foram usadas na tentativa de dar ar de legalidade às transações financeiras, conforme as investigações. O dinheiro era oriundo de compra e venda de ouro ilegal.>
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