Publicado em 1 de fevereiro de 2023 às 20:32
BRASÍLIA - O presidente reeleito do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), usou a fala que fez após a vitória desta quarta-feira (1º) para pregar combate ao discurso de ódio e o golpismo que encontra amparo, principalmente, nas bases radicais do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).>
Diferentemente da fala que adotou na tribuna antes da votação, muito mais corporativista e que trouxe inclusive sinais ao bolsonarismo, após a reeleição Pacheco concentrou sua mensagem na ênfase de que o mundo político precisa dar um basta a escaladas golpistas, entendendo que busca da pacificação não significa fechar os olhos para mentiras e ameaças ao Estado democrático.>
"A realidade do momento nos impõe um alerta. Pacificação não significa omissão ou leniência. Pacificação não é inflamar a população com narrativas inverídicas e com soluções que geram instabilidade institucional. Pacificação não significa se calar diante de atos golpistas.">
Pacheco, que foi reeleito com forte apoio do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), afirmou também que é preciso lutar pela verdade e abandonar o discurso de nós contra eles.>
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"A polarização tóxica precisa ser erradicada de nosso país. Acontecimentos como os ocorridos aqui neste Congresso Nacional e na praça dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023 não podem, e não vão, se repetir. (...) Reitero que os acontecimentos do dia 8 de janeiro estão sendo superados, mas não serão esquecidos.">
Na fala antes da votação, Pacheco havia adotado um tom bem mais ameno, em que incluiu a defesa das da integralidade dos direitos dos senadores, um aceno a bolsonaristas que apontam ingerência do Supremo Tribunal Federal sobre suas prerrogativas.>
Após derrotar o ex-ministro de Bolsonaro Rogério Marinho (PL-RN) por 49 votos a 32, ele subiu o tom contra o grupo político bolsonarista mais radicalizado.>
"Os brasileiros precisam voltar a divergir civilizadamente, precisam reconhecer com absoluta sobriedade, quando derrotados, e precisam respeitar a autoridade das instituições públicas. Só há ordem se assim o fizerem. Só há patriotismo se assim o fizerem. Só há humanidade se assim o fizerem.">
Pacheco adotou durante a gestão Bolsonaro uma atitude de maior independência em relação ao governo, diferentemente do alinhamento próximo promovido por Arthur Lira (PP-AL) na Câmara.>
Assim, sua candidatura à reeleição foi apoiada desde o começo pelo PT e pelo governo, que se mobilizou fortemente na reta final para evitar uma onda de traições que pudesse levar o bolsonarismo a triunfar no Senado.>
"O discurso de ódio, o discurso mentiroso, o discurso golpista deve ser desestimulado, desmentido e combatido", disse Pacheco, nunca mencionando diretamente Bolsonaro ou seus aliados mais radicais, embora tenha ficado claro que o recado era para eles.>
Os ataques bolsonaristas de 8 de janeiro, por exemplo, foram citados várias vezes. "Da parte da Presidência do Senado Federal, a resposta contra a tentativa de tomar de assalto a democracia foi incisiva e rápida. (...) E quero concluir dizendo que a democracia está de pé pelo trabalho de quem se dispôs ao diálogo, e não ao confronto. E continuaremos de pé, defendendo e honrando nossa nação.">
Logo após a votação, e antes do discurso da vitória, o ex-vice-presidente Hamilton Mourão, eleito senador pelo Republicanos do Rio Grande do Sul, disse esperar que Pacheco faça uma gestão independente do Palácio do Planalto.>
Apesar de o Congresso eleito ter mantido o perfil anterior, majoritariamente conservador, Pacheco voltou a prometer que, nos próximos dois anos, o Parlamento "seguirá produzindo normas em defesa das minorias, contra o racismo, a favor das mulheres", além "da busca de soluções para a desigualdade social, para a fome, para os problemas no meio ambiente".>
Pacheco prometeu ainda ser colaborativo com o governo Lula para viabilizar medidas econômicas que permitam a volta do crescimento. "Queremos estabelecer pontes e ajudar a construir soluções. Não esperem de nós menos do que isso.">
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