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O PSDB se desconectou dos sentimentos das ruas, diz Eduardo Leite

O PSDB se desconectou dos sentimentos das ruas, diz Eduardo Leite

O governador do Rio Grande do Sul, sentiu-se frustrado após o diretório nacional da legenda arquivar pedidos de expulsão do deputado federal tucano Aécio Neves

Publicado em 16 de outubro de 2019 às 08:06

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Governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite. (Reprodução/Twitter)

Filiado ao PSDB desde os 16 anos, o governador gaúcho Eduardo Leite, 34, sentiu-se frustrado após o diretório nacional da legenda arquivar pedidos de expulsão do deputado federal tucano Aécio Neves, réu no caso em que foi gravado pedindo R$ 2 milhões a Joesley Batista.

"O partido se desconectou dos sentimentos das ruas na medida em que seu processo de gestão interna está desconectado da demanda popular, que é por conduta moral e ética", disse à reportagem em entrevista no gabinete em que trabalha, na ala residencial do Palácio Piratini, sede do governo do Rio Grande do Sul.

Tombado pelo patrimônio histórico, o local costuma receber visitantes. Na manhã de sexta-feira (11), alunos da escola estadual Francisco Manoel, de Restinga Seca, a 208 km de Porto Alegre, viram de longe o governador, que saiu para cumprimentá-los.

"Sabem quem é esse aqui?", disse apontando para a estátua ao seu lado. "É Leonel Brizola, que foi governador há 60 anos. Ele foi governador do Rio de Janeiro também", ensinou aos estudantes.

Governador mais jovem do país, Leite diz não ter se arrependido por ter declarado o voto em Jair Bolsonaro (PSL) no segundo turno da eleição passada. "Torço a favor do presidente porque torço a favor do Brasil", disse.

Mas pontuou que discorda da postura de Bolsonaro em relação às minorias. "A beleza do Brasil está na sua diversidade. Isso precisa ser valorizado", afirmou.

Governando um estado com uma das piores situações fiscais do país, Leite anunciou neste mês mudanças nas carreiras do funcionalismo, projetando economizar R$ 25 bilhões nos próximos dez anos.

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    Declarei meu voto no presidente Jair Bolsonaro (PSL) porque o outro caminho que se apresentava no Brasil era um caminho de um partido que já tinha provocado uma grave crise econômica. Mas isso não significava adesão integral às suas ideias, especialmente no que diz respeito ao convívio entre as pessoas, ao respeito, à diversidade de cores, raças, crenças, orientação sexual. É possível fazer política com diálogo, sem deixar de ter firmeza. Firmeza de posições não tem a ver com combate e destruição das posições contrárias. Olho para o presidente Jair Bolsonaro e para o seu governo ainda com muita expectativa, especialmente no que diz respeito à área econômica. O ministro Tarcísio [de Freitas, da pasta da Infraestrutura] é muito capaz, o ministro Paulo Guedes também tem muita qualidade. É importante registrar que o presidente banca esse trabalho.

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    Sem dúvida, é o ponto fundamental no qual tenho divergências. Procuro olhar mais para o que nos une do que para o que nos separa, pela responsabilidade que tenho com meu estado. A beleza do Brasil está na sua diversidade, na diversidade cultural, étnica, racial, religiosa, na diversidade da sua população e culturas que temos. Isso precisa ser valorizado, é um grande ativo que temos. O governo precisa estar aberto a isso, como talvez não esteja se mostrando.

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    Não, de maneira nenhuma. No primeiro turno, você escolhe seu candidato. O meu [Geraldo Alckmin], infelizmente, não foi ao segundo turno. No segundo turno, temos uma eleição plebiscitária, com dois caminhos possíveis. O outro caminho [PT] era o que tinha conduzido a um grande escândalo de corrupção. O candidato do outro lado [Fernando Haddad] buscava conselhos na prisão com o ex-presidente da República. O presidente Bolsonaro era a alternativa. Não me arrependo e, como disse, vou colaborar. Não tenho absoluta convergência de ideias, mas tenho especialmente no que diz respeito a questões econômicas. Isso precisa ser o foco da atenção: como fazer esse país crescer. Claro que tensionamentos por posições do governo federal podem ser provocadoras de problema econômicos, na medida em que gera dúvidas no ambiente político do país. Torço a favor do presidente Jair Bolsonaro porque torço a favor do Brasil.

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    Não penso. Não pensava em concorrer a governador. Concorri a prefeito da minha cidade, fui prefeito depois de ter sido vereador, presidente da Câmara. Mas o ambiente político do estado favoreceu. Me sinto vocacionado para o Executivo porque gosto de gestão, gosto de trabalhar a formatação de políticas públicas. O que vier futuramente é diante das oportunidades que se criarem. Sendo governador do estado, se nosso projeto tiver os resultados que pretendemos que ele tenha, pode ser que surja uma oportunidade para uma função nacional, pode ser que não. Vamos falar a verdade: é muito difícil se projetar politicamente diante de uma circunstância tão adversa do ponto de vista fiscal. Tenho consciência disso. Vou canalizar todas minhas energias para dar minha contribuição nesses quatro anos para esta solução do meu estado. Acho difícil que isso me projete para um voo presidencial.

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    Me senti frustrado. O partido se desconectou dos sentimentos das ruas na medida em que seu processo de gestão interna está desconectado da demanda popular, que é por conduta moral e ética, transparente, lisa. Não defendo a expulsão sumária, mas que se abra um processo na comissão de ética. Alguns defendem que não podemos julgar no partido se não há um julgamento do Judiciário. Isso não tem nada a ver uma coisa com a outra. Não estamos julgando se cometeu crime ou não. Estamos julgando a conduta do filiado, se está condizente com o partido que queremos. Há [na gravação de Aécio com Joesley] um pedido de recursos a um empresário que notadamente era beneficiário de programas federais sob suspeita de favorecimentos. Isso merece discussão. Se essa situação não pode ser discutida na comissão de ética do partido, qual situação que poderá ser discutida? Esse é um recado muito ruim.

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    O estado vive em desequilíbrio há décadas. Gasta mais do que arrecada. Como sobreviveu até aqui? Se endividando. O estado passou a buscar receitas extraordinárias para sanar o déficit com saques sem devoluções a diversos fundos, é devedor de mais de R$ 8 bilhões. Precisamos conter o avanço da despesa permanente porque 82% da despesa empenhada neste ano é com folha de pagamento. A nossa agenda é a da competitividade. Precisamos reduzir o custo da máquina. Temos dificuldade em reduzir com cortes porque boa parte da despesa é engessada com aposentadorias, com direitos adquiridos, estabilidade no emprego do servidor. Se não posso cortar tenho que, no mínimo, conter seu avanço.

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    Temos uma das carteiras mais ousadas e mais avançadas em privatizações e concessões no momento. Muito se fala disso no Brasil, o próprio governo federal e outros governos, mas poucos têm a velocidade e o tamanho da agenda que o RS tem. Tudo isso vai animando o empreendedor. Quem vai investir não investe porque está bom agora, mas porque consegue perceber que vai estar bom no futuro.

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    Não tenho preconceitos em relação à privatização em nenhuma área, todas devem ser debatidas, isso inclui o próprio banco do estado. A questão é de prioridade política. As medidas de ajuste que estamos propondo nas carreiras do funcionalismo projetam R$ 25 bilhões de economia nos próximos dez anos, equivalente a três vendas do Banrisul [valor estimado de R$ 8 bilhões]. Mas a venda de um ativo seria consumida pelo déficit do estado. Resolveria o problema do meu governo, mas o próximo governador teria que achar outra solução [para o déficit]. O Banrisul não é um problema para o estado e sua venda não seria a solução.

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