Publicado em 18 de maio de 2020 às 14:54
Em pronunciamento online na Assembleia Mundial da Saúde da OMS (Organização Mundial da Saúde), o ministro interino da Saúde brasileiro, general Eduardo Pazuello, falou em diálogo entre os três níveis de governo, ajuda às regiões Norte e Nordeste do país e no ajuste de protocolos do Ministério da Saúde "baseado em evidências", sem citar a intenção da pasta de ampliar o uso da cloroquina. >
Na Assembleia da OMS, os países tiveram cerca de dois minutos cada para expor suas estratégias de combate ao coronavírus. O Brasil tornou-se o quarto com mais casos no fim de semana ao ultrapassar Itália e Espanha, duramente atingidos pela pandemia.>
Após a saída de Nelson Teich, o Ministério da Saúde passou a elaborar um novo protocolo para uso da cloroquina também em pacientes com quadro leve pelo novo coronavírus, mesmo sem evidências científicas que apontem eficácia e na contramão de estudos recentes. Atualmente, o protocolo adotado pela pasta prevê o uso do medicamento apenas em pacientes graves.>
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Em inglês, Pazuello afirmou que "o governo federal acessa diariamente a situação dos riscos e apoia cidades e estados com os recursos necessários para reduzir os efeitos da pandemia".>
No relatório sobre como o Brasil vem combatendo a pandemia, Pazuello citou "duas estruturas: o comitê de crise, coordenado pela Presidência, e o comitê de emergência operacional, coordenado pelo Ministério da Saúde".>
Segundo ele, as "missões" de cada estrutura são, respectivamente, "monitorar e coordenar medidas interministeriais" e "definir estratégias e ações relacionadas com essa emergência de saúde pública".>
"Como sabemos o Brasil tem tamanho continental e diferenças regionais importantes, que requerem estratégias apropriadas para responder a cada uma delas, através de diálogo entre os três níveis de governo, com foco nas regiões Norte e Nordeste, que têm desafios particulares", afirmou o ministro interino.>
Em suas primeira declarações como então secretário-executivo do Ministério da Saúde em 27 de abril, após a saída de Luiz Henrique Mandetta, o general Eduardo Pazuello há havia defendido a aplicação de medidas isoladas e específicas para cada região do país no enfrentamento ao novo coronavírus como forma de manter o país "funcionando, trabalhando e produzindo". A OMS, porém, defende ações mais rígidas como quarentena para conter a disseminação do coronavírus.>
Segundo Pazuello, o Ministério da Saúde "tem ajustado seus protocolos, baseado em evidências e na necessidade das regiões mais afetadas".>
O ministro interino disse que "gostaria de reforçar o compromisso do Brasil em apoiar e participar de iniciativas internacionais".>
Ele citou o estudo Solidarity, que compara tratamentos em vários países e que, segundo Pazuello, "reforça a cooperação internacional e procura garantir o acesso universal a diagnóstico, tratamento e vacinas, permitindo que salvemos vidas e voltemos em segurança ao normal, sem deixar ninguém para trás".>
Pazuello expressou "profunda solidariedade para todas as famílias do mundo, especialmente do Brasil, por suas perdas para o Covid-19" e "profundo respeito e agradecimento a todos os profissionais de saúde e às pessoas envolvidas na linha de frente de combate [à pandemia]".>
O próprio presidente Jair Bolsonaro demorou a expressar condolências aos parentes e amigos das vítimas da pandemia. Bolsonaro levou dois dias, por exemplo, para comentar o fato de o Brasil ter atingido a marca simbólica de 10 mil mortes em decorrência do novo coronavírus e disse que lamentava a perda de vidas, mas seguiu defendendo a necessidade de reabrir a economia. O salto foi de mais de 50% nas mortes em sete dias.>
Nesse último fim de semana, o Brasil superou a Itália e a Espanha em número de casos e é agora o quarto com mais casos no mundo, atrás apenas de EUA, Rússia e Reino Unido.>
Enquanto os países europeus veem a pandemia desacelerar e começam a reabrir suas economias, o Brasil registrou seu recorde de óbitos em 24 horas na terça-feira (12), com 881 mortes decorrentes da Covid-19, ocupa a sexta posição no ranking global de óbitos da nova doença e deve começar a registrar a marca de mil mortes por dia, escalando ainda mais no ranking de países mais problemáticos em relação ao avanço da doença.>
Os cinco primeiros são EUA (88 mil), Reino Unido (35 mil), Itália (32 mil), França e Espanha (ambas com cerca de 28 mil). No entanto, a Rússia, vice-campeã de casos, lista menos de 3.000 mortes, um alvo de desconfiança interna e externa.>
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