Publicado em 24 de fevereiro de 2025 às 14:16
São muitos os fenômenos espaciais que atiçam a curiosidade do ser humano, como eclipses, tempestades solares e auroras polares. Na próxima sexta-feira (28), um em especial vai fazer com que os amantes da astronomia estejam olhando para o céu logo após o pôr do Sol: o alinhamento planetário, ou desfile de planetas, como é chamado pelos astrônomos.>
O evento em si não é incomum porque é normal pelo menos três planetas estarem visíveis, porém este tem um fator a mais de atração: sete planetas do Sistema Solar estarão visíveis. Por pouco tempo e com certa dificuldade em ver alguns, mas todos eles serão iluminados pelo Sol e visíveis em praticamente todos os continentes. E como o desfile ocorre na Lua nova, é uma ótima oportunidade para se observar os objetos mais distantes. Aliás, normalmente, podemos acompanhar cinco planetas sem auxílio óptico: Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno.>
Na sexta, apenas três deles terão fácil visualização: Marte, Júpiter e Vênus, que ficarão mais altos no céu. Saturno e Mercúrio estarão tão próximos do horizonte no pôr do Sol, e por tão pouco tempo que a própria luminosidade do astro durante o poente pode atrapalhar a observação. Assim, os astrônomos avisam que, para vê-los, é bom acompanhar por aplicativos gratuitos que mostram o céu em tempo real, como o Stellarium e o Star Walk 2. Após a localização dos planetas, basta procurar um local com o horizonte o mais livre possível e sem nuvens para atingir o objetivo.>
"A proximidade com o horizonte, ainda durante o crepúsculo, deve dificultar a visualização de Saturno. A Lua em fino crescente ajudará a encontrá-lo, que estará logo à sua esquerda. Pessoalmente, acho que mesmo no dia 28 será difícil de vê-lo, mesmo com binóculos", diz o astrônomo Marcelo Zurita, presidente da Associação Paraibana de Astronomia e diretor técnico da Bramon (Rede Brasileira de Monitoramento de Meteoros).>
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Quanto a Urano e Netuno, somente com o auxílio de um binóculo ou de uma luneta será possível localizá-los no alinhamento. Aliás, no meio astronômico, o termo alinhamento é desencorajado porque os planetas não ficam realmente em uma linha reta, como explica Josina Nascimento, astrônoma do Observatório Nacional. "Quando ouvimos falar em alinhamento planetário, a ideia que vem à mente é a de todos os planetas enfileirados em linha reta no espaço, mas isso não é o que está acontecendo de fato", diz. "O que vemos da Terra é um 'desfile' de planetas, que parecem formar um arco no céu quando observados da Terra. Esse arco ocorre porque todos os planetas orbitam o Sol praticamente no mesmo plano, conhecido como plano da eclíptica.">
Josina destaca que quando os planetas estão aparentemente próximos no céu e, de certa forma, "alinhados", os astrônomos dizem que estão em conjunção. A explicação para esse espetáculo tem a ver com o movimento de translação dos planetas, ou o tempo que eles demoram para dar a volta ao redor do Sol. Enquanto Mercúrio faz o percurso em 88 dias e a Terra, em 365 dias, Júpiter leva 11,8 anos terrestres e Netuno, o último do Sistema Solar, 165 anos. Essa diferença faz com que os planetas alternem suas posições até ficarem do mesmo lado do Sol, como nesta ocasião.>
No dia 10 de agosto deste ano, por exemplo, seis deles estarão novamente "alinhados": Mercúrio, Júpiter, Vênus, Urano, Netuno e Saturno. Assim como em 28 de fevereiro de 2026 (Mercúrio, Vênus, Netuno, Saturno, Urano e Júpiter) e em 10 de agosto daquele mesmo ano (Júpiter, Mercúrio, Marte, Urano, Saturno e Netuno).>
Mas um desfile como o da próxima sexta-feira, com os sete planetas, demorará muito mais tempo. A próxima vez será apenas no dia 19 de maio de 2161, mas a visualização será pouco antes do amanhecer. Depois, no dia 7 de novembro de 2176 e em 6 de maio de 2492, ambos após o pôr do Sol. Então, aproveite a oportunidade e se prepare para o evento desta semana.>
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