Publicado em 29 de janeiro de 2024 às 08:33
Em nova fase de operação que investiga a atuação da chamada "Abin Paralela" no governo de Jair Bolsonaro (PL), a Polícia Federal cumpre, na manhã desta segunda-feira (29), mandados de busca e apreensão que miram pessoas que foram destinatárias das informações produzidas de forma ilegal pela agência de inteligência.>
Um dos alvos é o vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro, filho do ex-presidente. Além de Carlos, os policiais também investigam suposto uso da agência para favorecer Flávio e Jair Renan.>
Em live neste domingo ao lado dos filhos Flávio, Carlos e Eduardo, Bolsonaro negou que tenha criado uma "Abin paralela" para espionar adversários.>
Carlos ainda não se manifestou sobre a operação desta segunda-feira.>
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A ação desta segunda é um desdobramento da Operação Vigilância Aproximada, deflagrada pela PF na última quinta-feira (25), e da Última Milha, realizada em outubro de 2023. Ambas operações envolvem o uso do software espião FirstMile pela Abin e produção de relatórios de inteligência no governo Bolsonaro.
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A PF investiga se a agência utilizou o software de geolocalização e se produziu relatórios sobre ministros do STF, políticos e outros adversários do ex-presidente.>
Na operação da última quinta (25), o foco principal foram policiais que atuavam na Abin, em especial no CIN (Centro de Inteligência Nacional), estrutura criada durante a gestão Bolsonaro. Ao todo, sete policiais federais foram alvos da ação. Foram expedidos mandados de busca e apreensão inclusive contra Alexandre Ramagem, diretor da agência na época em que o uso ilegal do software teria ocorrido.>
O CIN foi criado durante a gestão de Ramagem e teria produzido relatórios e utilizado do FirstMile em favor de interesses do governo Bolsonaro. Ramagem é muito próximo da família Bolsonaro, em especial de Carlos Bolsonaro, alvo da PF nesta segunda-feira (29).>
A ligação entre os dois foi um dos motivos de Ramagem ter seu nome barrado pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, para o comando da PF, em 2020. À época, a relação de amizade dos dois já era conhecia e os dois passaram juntos a festa da virada de ano de 2019 para 2020.>
As suspeitas que vieram à tona na operação da semana passada causaram reação política em Brasília, com a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, falando em "um dos maiores escândalos da história" e a "ponta de um novelo que envolveu dezenas de milhares de pessoas".>
Por outro lado, o caso deve causar ainda mais tensão na relação de parte do Congresso com o Supremo, já que foi a segunda operação em pouco mais de uma semana com buscas dentro da sede do Legislativo.>
Bolsonaristas tentam articular medidas para rever os poderes do STF na volta do recesso, em fevereiro, e dizem que há perseguição política.>
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) escreveu em rede social: "Mais um capítulo da ditadura do Judiciário. Cabe ao Senado brecar esta perseguição e preservar as liberdades".>
O programa espião investigado pela PF tem capacidade de obter informações de georreferenciamento de celulares. Segundo pessoas com conhecimento da ferramenta, não permite acesso a conteúdos de ligação ou de trocas de mensagem.>
De acordo com a PF, a "Abin Paralela" criada na gestão Ramagem tentou atrelar Moraes e o também ministro do STF Gilmar Mendes à facção criminosa PCC. Para a corporação, as informações sobre a tentativa de ligar os ministros ao PCC foram encontradas em documentos apreendidos na Abin.>
"O arquivo Prévia Nini.docx mostra a distorção, para fins políticos, da providência, indicando a pretensão última de relacionar a advogada Nicole Fabre e os Ministros do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes com a organização criminosa Primeiro Comando da Capital - PCC, alimentando a difusão de fake news contra os magistrados da Suprema Corte", disse a PGR sobre os documentos achados pela PF.>
A PF afirma que a Abin sob Ramagem também se valeu do software FirstMile para monitorar o então presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e a ex-deputada Joice Hasselmann, ambos desafetos políticos de Bolsonaro.>
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