Publicado em 3 de abril de 2019 às 22:18
Desde segunda-feira (01), o corpo de Jheniffer Cáceres de Oliveira, de 17 anos, está no Imol (Instituto Médico e Odontológico Legal) de Campo Grande (MS) à espera de quem o reclame. A adolescente foi morta na madrugada de sábado pelo namorado, que a asfixiou usando um fio de carregador de celular e, depois, uma coleira de cachorro.>
Até agora, nenhum parente foi encontrado para fazer a liberação e sepultamento do corpo da adolescente. Jheniffer morava em Sidrolândia, distante 70 km da capital do estado. Trabalhava como babá e vivia há um ano e quatro meses com o auxiliar de serralheria Paulo Eduardo dos Santos, 18 anos. Ele foi preso e confessou o crime.>
Jheniffer Cáceres de Oliveira, 17, foi morta pelo namorado, Paulo Eduardo dos Santos, 18>
A delegada-adjunta da Polícia Civil do município, Thaís Duarte Miranda, contou que o corpo só foi encontrado por volta das 12h de segunda-feira, dois dias depois, quando vizinhos ligaram para Polícia Militar reclamando do mau cheiro.>
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A equipe entrou na casa e encontrou o corpo no chão, enrolado em um cobertor. O primeiro suspeito apontado por vizinhos foi o namorado.>
Ele foi encontrado pela PM poucas horas depois, sentado ao pé de uma árvore, em uma estrada afastada da área urbana. Disse que estava "pensando na vida" e que iria se entregar naquele dia.>
Em depoimento, Santos alegou legítima defesa. Contou que os dois discutiram na sexta-feira à noite, em um bar, porque ele não gostou da saia que Jheniffer usava e como ela dançava. Depois da briga, a jovem foi para outro bar, sendo seguida pelo ele.>
Nesse bar, a discussão recomeçou, desta vez porque ela estava conversando com um rapaz. O casal foi embora, ainda brigando.>
Já em casa, Santos disse que foi ameaçado por Jheniffer, que teria avançado em sua direção com um cabo de vassoura e uma faca. "Primeiro, ele foi com as mãos no pescoço dela, tentou esganá-la, depois, usou fio de celular que arrebentou; achou uma coleira de cachorro e a asfixiou. Parou quando viu que ela não resistia mais, que tinha morrido", disse a delegada.>
O corpo ficou no chão do quarto enquanto ele dormia na cama. Na manhã de sábado, ele ainda foi para autoescola. A delegada conta que, na segunda, antes de chamar a polícia, a vizinha foi até o trabalho dele reclamar do mau cheiro.>
Santos disse que o cachorro de estimação havia morrido envenenado e que depois iria retirar o corpo da casa. A mulher estranhou e resolveu chamar a PM. "Ele disse que está arrependido, mas não demonstra isso, relatou o crime com muita frieza", contou a delegada.>
O rapaz não tem passagem pela polícia e Jheniffer nunca relatou violência doméstica, mas a delegada tem indícios de agressões prévias. "Os patrões disseram que ela já foi trabalhar várias vezes de casaco, em dia de calor".>
Paulo Eduardo dos Santos será indiciado por homicídio doloso, qualificado por feminicídio, emprego de meio cruel e motivo torpe, além de ocultação de cadáver.>
O rapaz já teve prisão preventiva decretada e será transferido da cela de Sidrolândia para presídio de Campo Grande. A defesa do rapaz está sob responsabilidade da Defensoria Pública. A reportagem não conseguiu contato com o defensor.>
O Conselho Tutelar está em busca de parentes da adolescente, já que a mãe morreu há alguns anos e o pai é desconhecido. Na página de Facebook de Jhennifer, há muitas fotos dela e do casal.>
A informação repassada à polícia por conhecidos é que ela não tinha muitos amigos. Caso ninguém seja encontrado, o município deve arcar com sepultamento da adolescente.>
Este foi o 12º caso de feminicídio ocorrido em Mato Grosso do Sul, de janeiro até agora. Só em março, mês em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, foram cinco mulheres mortas.>
No Conselho Tutelar a informação é que a mãe adotiva de Jheniffer morreu há alguns anos e a adolescente nunca teve contato com a mãe biológica, que teve outros filhos, todos levados para adoção.>
Por coincidência, conselheiros encontraram com uma irmã de Jheniffer, de 15 anos, dois dias depois, que havia procurado o órgão para outra razão, de transferência escolar. Aos conselheiros, ela não soube dizer o que seria feito com o enterro.>
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