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É pneumologista e especialista em Medicina do Sono. Pós-graduanda em Neurociência pela PUC-RS e atual presidente da Associação Brasileira do Sono – regional ES

Sua saúde nunca mais foi a mesma após a Covid?

A complexa interação entre físico e emocional mais uma vez surpreendendo a medicina, trazendo um novo desafio. Como lidar com o trauma representado muitas vezes como doença, causado pela pandemia que vivenciamos?

  • Jessica Polese É pneumologista e especialista em Medicina do Sono. Pós-graduanda em Neurociência pela PUC-RS e atual presidente da Associação Brasileira do Sono – regional ES
Publicado em 16/03/2023 às 14h06

Nesta fase pós-pandemia, recebemos com frequência queixas dos pacientes referindo-se à sua atual situação de saúde. As reclamações são variadas e envolvem vários órgãos do corpo.

Com a chegada da vacinação e a redução dos casos e óbitos, chegamos em um período considerado estável, sem números alarmantes. Mas a população segue adoecida, com velhas e novas doenças aparecendo de maneira inexplicável e desconfortante. Durante a pandemia, vivenciamos um laboratório de horrores e traumas emocionais.

Os medos habitaram os lares durante a pandemia, o medo da própria morte, da morte de um familiar próximo, do sofrimento causado pela doença. Além disso, a insegurança quanto ao trabalho e  a insegurança política foram os novos habitantes das residências durante esse período.

Aliado a isso, o afastamento de entes queridos, o isolamento e a solidão compulsória favorecendo o confronto com esses medos. Esse foi um cenário propício para o desenvolvimento de desordens emocionais demonstradas pelos elevados números de depressão, ansiedade e insônia que vivenciamos.

Em artigo publicado em março de 2023 pela revista Nature, descreveu-se com clareza o surgimento de nova doença denominada Síndrome Pós-Covid ou Covid Longa. Essa síndrome é multissistêmica, com números alarmantes de indivíduos comprometidos, cerca 30% dos casos leves e até 70% dos pacientes que estiveram hospitalizados desenvolveram a doença. Pode aparecer vários meses após a infecção pelo SARS-Cov2. As manifestações podem ser respiratórias, cardiovasculares e neuropsiquiátricas, sendo muito frequentes os déficits cognitivos e a Síndrome da Fadiga Crônica, que além de grande sofrimento pode ser incapacitante para as atividades diárias e para o trabalho. Começa a tomar forma uma doença, que como todas as outras têm comportamento psíquico e físico associado.

A complexa interação entre físico e emocional mais uma vez surpreendendo a medicina, trazendo um novo desafio. Como lidar com o trauma representado muitas vezes como doença, causado pela pandemia que vivenciamos? A resposta a essa pergunta só será dada com a ampla discussão abordando os campos psicológicos e físicos de maneira conjunta e interdisciplinar.

Os acometidos pela doença possuem queixas de ansiedade, pânico, alterações no sono e sintomas depressivos e são ainda piores naqueles indivíduos que necessitaram de internação ou apresentaram quadros mais graves.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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