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É médica oncologista

O câncer e o risco dos mitos e meias verdades

Informações erradas e incompletas ainda dificultam a luta contra a doença, que não escolhe classe social, idade e tampouco crença

  • Virgínia Altoé Sessa É médica oncologista
Publicado em 10/11/2022 às 14h00

O combate ao câncer, doença tão temida pelo risco de letalidade, passa primordialmente pela prevenção. Até o momento não há maneira mais eficaz de lutar contra esse mal tão prejudicial à vida do que adotar medidas acertadas para evitá-lo.

Por isso, campanhas e ações preventivas são disseminadas ao longo de todo o ano para que um número cada vez maior da população tenha o conhecimento necessário para saber evitar a doença, que pode afetar diferentes parte do corpo. Na contramão da informação, infelizmente nos deparamos com inverdades, informações desencontradas ou incompletas que difundem as “fake news” da saúde.

Os resultados de uma pesquisa inédita sobre o câncer de mama, realizada pela Inteligência em Pesquisa e Consultoria (Ipec), revelaram que, para muitas mulheres, o autoexame das mamas é a principal forma de detectar tumores de mama precocemente, o que nunca foi mencionado ou considerado por profissionais de saúde ou sociedades médicas brasileiras.

Pelo contrário. O que a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) reforça é que o autoexame é indicado como autoconhecimento em relação ao próprio corpo, mas não deve substituir os exames realizados ou prescritos pelo médico, já que muitas lesões, ainda pequenas, não são palpáveis. Entretanto, 64% das mulheres que participaram da pesquisa do Ipec disseram acreditar que o procedimento seria o principal meio para o diagnóstico do câncer de mama no estágio inicial.

A confusão em torno do papel do autoexame não foi o único ponto de desconhecimento acerca do câncer, e outros mitos também se mostraram fortes. Um total de 8% das entrevistadas atribuiu a doença à vontade de Deus, sob a alegação de que o tumor maligno estava nos planos do Criador. E 6% acreditam que a neoplasia maligna está relacionada a mágoas não resolvidas pela ausência de perdão.

Informações erradas e incompletas ainda dificultam a luta contra o câncer, que não escolhe classe social, idade e tampouco crença. Ao passo que comemoramos os avanços da ciência, precisamos olhar para o que ainda representa impedimento para que a verdade chegue a todos, sem distinção.

Essa missão não se restringe apenas aos médicos e demais profissionais de saúde. Quanto mais informações corretas levamos a quem precisa, mais contribuímos para erradicar o câncer e tantas outras doenças que levam vidas que lutamos todos os dias para salvar.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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