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Lucas Rezende é especialista em gestão de crise e comunicação política, e dirige a LR Comunicação. Lucia Dornellas é economista, consultora política e diretora da LD Comunicação

Na busca por emoção e sentimento nas eleições de 2024, o tempo é rei

A um ano do pleito, há tempo suficiente para trabalhar os dois pilares podem culminar com o botão verde de confirmação

  • Lucas Rezende e Lucia Dornellas Lucas Rezende é especialista em gestão de crise e comunicação política, e dirige a LR Comunicação. Lucia Dornellas é economista, consultora política e diretora da LD Comunicação
Publicado em 17/10/2023 às 18h00

Faltando um ano para as eleições de 2024, desenha-se um jogo de sedução. De um lado, aspirantes a prefeitos e vereadores buscando o voto de confiança (ou de protesto) de vossa excelência, o eleitor. Do outro, o povo, que cada um à sua maneira, escolhe num palheiro de motivos aquele que vai definir o número que apertará na urna.

Há um abismo de distância aí, pela infinidade de fatores que definem um voto: há quem escolha por ideologia, há quem decida pelo pragmatismo, há aqueles que se influenciam pelas pesquisas, outros pelo debate final, ou os que seguem o voto de pais ou cônjuges. A boa notícia, tanto para quem quer influenciar, quanto para quem sabe que será influenciado, é que, a um ano do pleito, há tempo suficiente para trabalhar os dois pilares dessa relação que pode culminar com o botão verde de confirmação: emoção e sentimento.

Sim, nós sabemos, à primeira vista elas podem parecer a mesma coisa, mas desempenham papéis distintos no processo eleitoral. Comecemos pelo que deve ser buscado: o sentimento, esse estado emocional mais duradouro e menos intenso do que as emoções. Os sentimentos são influenciados por crenças, valores e experiências pessoais ao longo do tempo. Podem ser identificados pelo eleitor, mas o melhor: podem ser provocados. Os sentimentos tendem a ser mais estáveis e consistentes ao longo do tempo e podem ter um impacto mais duradouro nas decisões dos eleitores. Por isso é importante aproveitar justamente o tempo para provocá-lo. Essa é a grande missão.

“Eleição é emoção” é uma frase comum em campanhas eleitorais e aqui concordamos em gênero, número e grau com ela. Porque, diferente do sentimento, emoções são reações muitas vezes intensas a estímulos ou situações específicas. Elas são geralmente de curta duração. Em uma eleição, as emoções podem ser influenciadas por eventos imediatos, como debates, um programa de TV específico, uma propaganda no rádio ou as famosas fake news. Elas são voláteis, mudam como as nuvens e justamente por isso não é prudente apostar somente nelas, geralmente despertadas em retas finais, para vencer uma maratona tão importante. A emoção é a cereja do bolo. A massa de farinha de trigo é o sentimento.

E assim como num namoro ou num casamento, sentimento não brota na árvore. Ele precisa de tempo, reciprocidade e de ser regado constantemente. É aqui que está o pulo do gato. Candidatos precisam dar conta de alguns fatores na narrativa ao eleitor: explicar sua história, de onde saiu, onde chegou e por que deve ser admirado por esse eleitor; apontar as dores que enxerga e que seu eleitor sente e, por último e mais importante, convencer esse eleitor que ele é o remédio para essa dor. Neste contexto, pesquisas e pesquisadores divergem sobre o impacto que a polarização política terá no pleito municipal. O que não se diverge mais é que o voto municipal tem uma profunda ligação umbilical e bairrista, com os problemas mais frugais possíveis.

É importante, portanto, desenvolver o conteúdo correto para mostrar conexão com a comunidade, revisitar sua história de forma autêntica e interessante, apresentar soluções práticas, envolvimento, autoridade e esperança. Ou seja: estabelecer esse sentimento que, bem trabalhado agora, não estará sujeito a emoções negativas lá na frente. Fácil sabemos que não é. A boa notícia é que há tempo. Quem despertar mais paixões, vence.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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