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Mudança nos jornais é pautada prioritariamente na relação com leitor

No Brasil, 77% dos leitores utilizam o smartphone para consumo de notícias

  • Samanta Nogueira
Publicado em 29/09/2019 às 19h43
No Brasil, 77% dos leitores utilizam o smartphone para consumo de notícias . Crédito: Carlos Alberto Silva
No Brasil, 77% dos leitores utilizam o smartphone para consumo de notícias . Crédito: Carlos Alberto Silva

Folhear um jornal impresso ao tomar o café da manhã parece ter tornado-se um hábito antigo, que não cabe mais na rotina agitada que vivemos hoje. E, para muitos, é mais do que uma simples sensação. Enquanto 27% dos brasileiros que consomem notícias informam-se pela mídia impressa, 87% leem-nas em meios digitais. Há seis anos, os leitores do papel jornal eram 50%. Os resultados do Relatório de Notícias Digitais, do Instituto Reuters para o Estudo do Jornalismo, da Universidade de Oxford, no Reino Unido, deste ano, traduzem a modificação cultural que está ao alcance dos olhos.

O documento revela ainda que, no Brasil, 77% utilizam o smartphone para leitura de notícias. Numa primeira observação dos dados, pode-se inferir que o que mudou foi a forma de elaborar e de entregar o trabalho jornalístico para a audiência, com a alteração de máquinas tanto para edição de textos quanto para distribuição das informações. A mudança, contudo, vai muito além do desenvolvimento tecnológico.

O jornalismo passa por uma verdadeira transformação, pautada prioritariamente na relação com o leitor, o usuário, o público... com as pessoas. E não é de hoje. Em um célebre discurso ainda em 2013, a hoje editora-chefe do The Guardian, Katharine Viner, dizia que o jornalismo digital não se trata de colocar uma reportagem na internet. “Trata-se de uma redefinição fundamental da relação do jornalista com sua audiência, de como pensamos sobre nossos leitores, da percepção que temos de nosso papel na sociedade, de nosso status. Deixamos de ser os jornalistas que tudo veem e tudo sabem, produzindo palavras a serem aceitas passivamente pelos leitores.”

Nós, jornalistas, temos a oportunidade de estar mais próximos da sociedade, para quem oferecemos diariamente o trabalho de checar informações, de analisar discursos, de acompanhar o gasto público e a atuação de autoridades em espaços tão caros à nossa democracia recente. O jornal de papel já não é o meio mais eficiente para a tarefa. As barreiras diluem-se para que as pessoas sejam parte desse processo, sejam ouvidas e contribuam com suas vivências para ele, e para que o jornalismo cumpra sua função mais plena de lançar luz ao que alguns preferem que fique nas sombras.

*A autora é editora de Política de A Gazeta

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