Arthur Carlos Gerhardt Santos*
Nasci em 1928 na cidade de Vitória. Apesar de eu ser de Domingos Martins, vulgo Campinho, vim ao mundo na Rua Aristides Freire. Depois, fiquei sabendo que o presidente da Republica era Washington Luis. O governador do Estado era Aristeu Borges de Aguiar. Antes de completar dois anos, o país passou por uma grande reviravolta política. Não tinha ainda dois anos quando foi confirmada (não sei este é o termo próprio) a eleição de Júlio Prestes à sucessão de Washington Luis.
Assumiu a presidência da República uma junta militar (Exército e Marinha) composta de Augusto Tasso Fragoso, Isaías de Noronha e João de Deus Lima Barreto. Na época, isso não significava nada para mim. Devia ter aprendido para que me preparasse para viver num país onde a democracia estaria sempre sendo buscada e poucas vezes atingida.
Nessa mudança federal, o Estado também mudou e passou a ser governado por uma Junta Governativa com três membros: João Manuel de Carvalho, Afonso Correia Lírio e capitão João Punaro Bley. Meses depois, o capitão Bley passou a governar como interventor. Havíamos entrado na Era Vargas. Tivemos uma ditadura de várias nuances que durou mais de uma década.
Por ser filho de político, conheci pessoalmente todos eles, com exceção de Aristeu - mas não sei por que não o conheci -, pois ele morreu em 1951 quando eu, como qualquer outro jovem brasileiro, acompanhava a vida política brasileira e até de outros países.
Vivi aqui a Era Vargas (em seus vários formatos) até o período em que fui estudar na então capital da Republica, o Rio de Janeiro. Na época, vi o presidente Dutra muitas vezes e o presidente Getúlio Vargas algumas. Outro presidente que vi nesta época foi o americano Truman. Note bem que eu os vi, não os conheci. Nessa época, comecei a entender alguns dos termos comuns à política brasileira: democracia, ditadura, interventor, golpe, quartelada, demagogia, esquerda e direita, entre outros termos.
Esta vivência fez parte da minha educação política, mas com menos peso do que das minhas leituras. Desde muito cedo gosto de leitura. Lia muito novelas de aventura, policiais, mas também leitura mais formadoras. Os jornais foram as fontes de informação imediatas O local A GAZETA e o nacional “O Correio da Manhã”. Meu pai os recebia e eu lia. Mais tarde, já na adolescência, comecei a leituras mais esclarecedora e educativa. Mas isto é outra história.
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*O autor é ex-governador do Espírito Santo e engenheiro
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