Curso de Residência chega ao fim confiando no bom jornalismo

O que se espera, daqui por diante, é que a representatividade e a inovação narrativa façam parte da trajetória dos futuros jornalistas

Publicado em 03/09/2019 às 16h20

Revolução digital e o bom jornalismo

Ana Laura Nahas*

Grandes transformações costumam intimidar, mas também servem para encorajar, abrir novos horizontes, alterar o modo como olhamos as coisas e nos posicionamos diante delas. A (r)evolução digital atingiu em cheio os jornais e o jornalismo. Mudou o jeito de produzir notícias e o relacionamento com as audiências. Mudou os hábitos de consumo de informação e as exigências do público. Mudou, de maneira profunda, o que se espera de um jornalista e de sua formação.

Hoje não basta contar boas histórias. É preciso, também, conhecer o público e se relacionar com ele, transformar a tecnologia em aliada da apuração dos fatos e da apresentação do conteúdo, inovar sem deixar a qualidade de lado.

O Curso de Residência em Jornalismo da Rede Gazeta tem 22 anos de existência. Desde a primeira edição, em 1998, o programa buscou contribuir na preparação de jornalistas comprometidos com as boas práticas da profissão e com a realidade de seu tempo.

Neste ano, mantivemos o foco em estimular o cuidado com notícia, a capacidade de ouvir, o zelo com as palavras e a responsabilidade em fazer do mundo um lugar melhor, que são essenciais ao bom jornalismo. Mas, para além disso, trabalhamos com a meta de despertar nos 12 residentes o olhar para a diversidade, para a compreensão das audiências e para novos modelos narrativos.

Um dos desafios foi pensar em modos inovadores de contar histórias sem perder a essência da apuração bem feita, do texto bem escrito e das possibilidades de interação. O outro: incluir no radar temas e personagens que representem a variedade de cores, crenças e paisagens do Espírito Santo.

As duas perspectivas permearam toda a edição 2019 do Curso de Residência, que termina hoje, com o lançamento de uma reportagem digital em formato longo sobre 24 horas na vida de trabalhadores capixabas de diferentes setores produtivos.

Entre os entrevistados, estão mulheres que desempenham funções majoritariamente masculinas, um transexual dono de uma marca de roupas sustentáveis, uma inspetora penitenciária que não perde o sorriso mesmo em meio à dureza cotidiana, empreendedores e profissionais do mercado formal, pequenos agricultores e peritos em tecnologia, atendentes, vendedores, artistas, esportistas e defensores de causas ambientais.

O que se espera, daqui por diante, é que a representatividade e a inovação narrativa façam parte das preocupações e das produções de Ana Clara Morais, Ana Paula Mello, Andre Aguiar, Annelise Souto, Bárbara Azalim, Daniel Pasti, Gislan Vitalino, João Henrique Castro, Marina Moregula, Mattheus Effgen, Shirlane Arruda e Tatiane Mota.

Em tempos difíceis e desafiadores como os que estamos vivendo, o bom jornalismo, o diálogo, a pluralidade de olhares e o respeito à diferença são mais urgentes do que nunca.

*A autora é jornalista e coordenadora do Curso de Residência da Rede Gazeta

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