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Novas oportunidades de emprego afastam ameaças de perder vagas para robôs

Novas oportunidades de emprego afastam ameaças de perder vagas para robôs

Mercado teme que inteligência artificial roube espaço dos profissionais, mas especialistas afirmam que as chances de trabalho vão crescer

Publicado em 6 de janeiro de 2024 às 19:11

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Profissionais se adaptam ao cenário do trabalho mais tecnológico
Profissionais se adaptam ao cenário do trabalho mais tecnológico. (Freepik)

A o longo da História, a humanidade testemunhou diversas revoluções tecnológicas, e cada avanço gerava uma inquietação comum: a preocupação em perder o emprego. Entretanto, à medida que novas ferramentas tecnológicas surgem, novas funções são criadas e processos existentes, otimizados.

A ascensão da inteligência artificial (IA) não foge a essa dinâmica. Empresas ao redor do mundo já adotaram essa tecnologia, e a tendência é que se torne parte integrante da rotina. A resposta para esse fenômeno é simples: a IA não só oferece benefícios em diversas áreas da sociedade e do mercado de trabalho, como também propicia o surgimento de novas profissões.

O desafio vale para o Espírito Santo, que já tem quase 10% de todos os trabalhadores com carteira assinada atuando em empresas que fornecem serviços de tecnologia da informação. São 7,8 mil profissionais na iniciativa privada formal entre os 856 mil empregos ativos.

“A inteligência artificial tem criado novas profissões ao automatizar tarefas rotineiras, permitindo que as pessoas se concentrem em atividades mais complexas e criativas. Isso inclui áreas como engenharia de IA, ciência de dados, desenvolvimento de algoritmos e especialistas em ética de IA”, destaca o especialista em projetos de inovação para empresas Angelo Santos.

Angelo Santos
Especialista em
Inovação nas empresas
Angelo Santos, especialista em Inovação nas empresas. (Divulgação)
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Profissões como cientista de dados e especialista em inteligência artificial emergiram devido à necessidade de interpretar e extrair insights valiosos de grandes conjuntos de dados gerados pela IA

Angelo Santos
Especialista em Inovação nas empresas
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Um estudo da Universidade de Stanford e do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) revela que o uso de sistemas de inteligência artificial generativa pode aumentar em até 14% a produtividade dos trabalhadores de uma empresa. Esse aumento se deve à otimização de diversos processos possibilitada pela tecnologia.

Angelo Santos enfatiza que empresas de diferentes setores estão adotando a IA para aprimorar processos, aumentar a eficiência e impulsionar a inovação. Setores como saúde, finanças e varejo estão integrando soluções de IA em seus sistemas. Um exemplo prático é o uso de algoritmos de IA por grandes empresas de varejo para personalizar recomendações de produtos com base no histórico de compras do cliente, melhorando a experiência e impulsionando as vendas.

“A inteligência artificial auxilia na formação de novas profissões ao automatizar tarefas rotineiras e na aplicação de aprendizado de máquina para aprimorar a tomada de decisões. Isso, por sua vez, abre caminho para o surgimento de novas áreas de atuação, voltadas para a interpretação e utilização dos resultados gerados, atraindo profissionais que buscam trabalhar com as inovações que a IA proporciona”, afirma a gerente-executiva de Educação do Senai, Tatiane Franco.

Tatiane Franco, gerente-executiva do Senai-ES, ressalta benefícios da IA. (Divulgação)

Tatiane menciona os inúmeros benefícios da IA, mas ressalta que profissionais precisarão se adaptar a novas rotinas para usufruir dessas tecnologias. Empresas estão investindo consideravelmente no treinamento de suas equipes e na incorporação de sistemas de IA, impulsionando melhorias na eficiência operacional e permitindo decisões baseadas em indicadores sólidos.

Enquanto algumas profissões enfrentam maior risco de “extinção” devido à automação de tarefas repetitivas e padronizadas, a mudança tecnológica não implica necessariamente desaparecimento, mas, sim, transformação.

“Profissões suscetíveis à automação são aquelas que envolvem tarefas repetitivas e padronizadas, como trabalhos mecânicos, atendimento ao cliente e funções administrativas. Por exemplo, atividades como a de operadores de telemarketing, que seguem scripts padronizados, podem ser automatizadas por assistentes virtuais baseados em IA, reduzindo potencialmente a demanda por trabalhadores nessas áreas específicas”, explica Santos.

Para Tatiane, profissionais dessas áreas têm a oportunidade de se reposicionar e de se adaptar às mudanças, desempenhando novos papéis ou complementando as funções automatizadas. Em vez de extinção, pode ocorrer uma transformação nas responsabilidades e nas habilidades exigidas, permitindo que essas profissões continuem a existir de maneira mais aperfeiçoada.

Por outro lado, a aplicação de novas tecnologias possibilita a criação de novas profissões, as chamadas profissões do futuro, que surgem com as mudanças tecnológicas, sociais e culturais. Essas profissões demandam conhecimento tecnológico, inovação e sustentabilidade.

“As profissões do futuro exercem um impacto significativo na sociedade, não apenas gerando novas oportunidades de emprego, mas também impulsionando o crescimento econômico. No entanto, essa transformação demanda uma adaptação da educação e das habilidades necessárias para acompanhar as mudanças tecnológicas e de mercado”, explica Tatiane Franco.

O futuro da IA é promissor, mas as empresas precisam utilizar essa tecnologia de forma eficiente e equilibrada, contribuindo para a resolução dos problemas sociais existentes na atualidade.

Trabalhadores com tarefas mecanizadas serão substituídos por robôs
Trabalhadores com tarefas mecanizadas serão substituídos por robôs. (Freepik)

“A avaliação do uso da IA no mercado profissional é geralmente positiva, reconhecendo os benefícios da automação em tarefas repetitivas e na capacidade da IA de processar grandes volumes de dados. No entanto, existem preocupações éticas, como transparência e equidade no desenvolvimento e implementação de algoritmos de IA, que precisam ser cuidadosamente abordadas para garantir um impacto positivo e justo na sociedade”, frisa Santos.

Um exemplo prático é o uso de ferramentas de recrutamento baseadas em IA para analisar currículos e identificar candidatos mais adequados, destacando a necessidade de avaliar e ajustar algoritmos para evitar vieses e assegurar decisões de contratação justas e imparciais.

“Com a regulamentação adequada, treinamento e considerações éticas, a IA pode contribuir de maneira significativa para o progresso e o sucesso das organizações e da sociedade em geral. As empresas e os profissionais devem acompanhar de perto os desenvolvimentos e as mudanças na tecnologia de IA para se adaptar e aproveitar ao máximo seus benefícios”, ressalta Tatiane.

Segundo o diretor regional do Senac-ES, Richardson Schmittel, muitas áreas de trabalho estão migrando para incorporar a inteligência artificial.

No setor de tecnologia, Schmittel avalia que os sistemas que antes eram desenvolvidos com métodos tradicionais estão sendo reconfigurados para incorporar a IA. Esse avanço não apenas redefine as profissões existentes, mas também influencia a forma como as novas são concebidas.

Educar ES
Richardson Schmittel, diretor regional do Senac-ES, explica como ferramentas podem ajudar em diferentes áreas. (Carlos Alberto Silva)

“Imagine, por exemplo, uma pessoa que trabalha numa edição de uma revista, na geração de conteúdo, seja texto, seja imagem. Esse trabalhador vai incorporando a inteligência artificial dentro do seu dia a dia. Passa a aprender a usar essas ferramentas que a tecnologia oferece.”

Shmittel também enfatiza a atual importância da IA na produtividade profissional, impacto que tem sido visível em muitas carreiras por dar mais agilidade com qualidade. “A inteligência artificial consegue ajudar as pessoas a ter bons caminhos para fazer essas coisas, ou com respostas prontas e rápidas, ou com indicativo de melhores soluções para os problemas existentes.”

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O setor de saúde, por exemplo, já testemunha o impacto da IA na produção de medicamentos, com sugestões de tratamentos propostas pela inteligência artificial. “Já existe remédio, por exemplo, sugerido por inteligência artificial, que precisa passar agora por uma análise de cientistas, para que seja avaliada a possibilidade de ser realmente útil e eficiente contra doenças que não tinham cura anteriormente.”

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