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Sete vezes em que Mourão divergiu ou teve que explicar falas de Bolsonaro

Sete vezes em que Mourão divergiu ou teve que explicar falas de Bolsonaro

Relembre ocasiões em que Jair Bolsonaro e Hamilton Mourão 'bateram cabeça'

Publicado em 8 de março de 2019 às 12:36

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Jair Bolsonaro e Hamilton Mourão. (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

Após o presidente Jair Bolsonaro dizer que a democracia e a liberdade só existem "se as Forças Armadas quiserem", o vice-presidente Hamilton Mourão veio a público para tentar minimizar o possível impacto da fala e deu sua própria interpretação ao discurso presidencial. Não foi a primeira vez que vice deu novas versões ou mesmo discordou de declarações presidenciais.

RELEMBRE OUTROS MOMENTOS EM QUE MOURÃO REVISOU AS FALAS DO PRESIDENTE

1. DEMOCRACIA E FORÇAS ARMADAS

Em evento público com militares no Rio em 7 de março, Bolsonaro afirmou que a democracia e a liberdade só existem "se as Forças Armadas assim o quiserem". A declaração repercutiu negativamente e, horas depois, o vice-presidente esclareceu e tentou atenuar as palavras do chefe.

"Ele está sendo mal interpretado. O presidente falou que onde as Forças Armadas não estão comprometidas com democracia e liberdade, esses valores morrem. É o que acontece na Venezuela. Lá, infelizmente as Forças Armadas venezuelanas rasgaram isso aí", disse.

Questionado se concorda com a afirmação de Bolsonaro, Mourão respondeu que, "se as Forças Armadas não são comprometidas com democracia e liberdade, elas não subsistem".

2. ABORTO

Enquanto o presidente e boa parte de seus eleitores são contrários à descriminalização do aborto, o general Mourão defende que a decisão seja da mulher.

“A questão do aborto tem que ser bem discutida porque você tem aquele aborto onde a pessoa foi estuprada, ou a pessoa não tem condições de manter aquele filho. Talvez aí a mulher teria que ter a liberdade de chegar e dizer 'preciso fazer um aborto'", disse em entrevista ao jornal O Globo. "Minha opinião como cidadão, não como membro do governo, é de que se trata de uma decisão da pessoa”, afirmou.

A ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, já se posicionou contra o aborto também.

3. NOMEAÇÃO DE ILONA SZABÓ

Após reações negativas da sua base eleitoral, Jair Bolsonaro determinou que o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, retirasse um convite à cientista política Ilona Szabó para integrar, como suplente, o Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária. Diretora do Instituto Igarapé, Ilona é contrária à flexibilização do porte de armas.

O vice-presidente, no entanto, lamentou a decisão de cancelar a nomeação. “Eu acho que perde o Brasil. Perde o Brasil todas as vezes que você não pode sentar numa mesa com gente que diverge de você. O Brasil perde. Não é a figura A, B ou C. Perde o conjunto do nosso país e nós temos que mudar isso aí”, afirmou Mourão ao jornal Valor Econômico.

4. FLEXIBILIZAÇÃO DA POSSE DE ARMAS

Uma das principais promessas de campanha de Bolsonaro, a flexibilização da posse de armas não foi vista com a mesma empolgação pelo general Mourão. "Esta questão eu não vejo como uma medida de combate à violência. Vejo apenas, única e exclusivamente como o cumprimento de promessa de campanha e que vai ao encontro aos anseios, em grande parte, de parte de eleitorado dele", afirmou Mourão. As declarações foram dadas enquanto o presidente Bolsonaro participava do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça.

“Como o povo soberanamente decidiu por ocasião do referendo de 2005, para lhes garantir esse legítimo direito à defesa, eu, como presidente, vou usar essa arma”, disse Bolsonaro no dia em que assinou o decreto. “É uma medida para que o cidadão de bem possa ter sua paz dentro de casa.”

5. EMBAIXADA DO BRASIL EM ISRAEL

Enquanto Bolsonaro estava internado, Mourão recebeu o embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Alzeben, e defendeu a posição que contraria manifestações. "O Estado brasileiro, por enquanto, não está pensando em nenhuma mudança de embaixada”, afirmou.

Os contrários à mudança alertam para os potenciais prejuízos para as exportações brasileiras para países árabes, que estão entre os principais importadores de carne bovina e de frango do País. O Brasil pode também receber pressão da comunidade internacional. Para a ONU, o status de Jerusalém deve ser decidido em negociações de paz.

Em dezembro, o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, afirmou que a transferência da embaixada brasileira era uma questão de tempo. 

6. FECHAMENTO DA EMBAIXADA DA PALESTINA NO BRASIL

Ainda em relação ao conflito no Oriente Médio, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que pretendia retirar a embaixada da Palestina do Brasil. Isso ocorreu em agosto de 2018, durante a campanha eleitoral. "A Palestina não sendo país, não teria embaixada aqui. Não pode fazer puxadinho, se não daqui a pouco vai ter uma representação das Farc aqui também", afirmou em referência às Forças Revolucionárias da Colômbia. "A Dilma negociou com a Palestina e não com o povo de lá. Você não negocia com terrorista, então, aquela embaixada do lado do Planalto, ali não é área para isso", disse.

Em janeiro, Hamilton Mourão afirmou que os dois Estados, Israel e Palestina, são reconhecidos. "O resto tudo é retórica e ilação, aguardem", disse o vice-presidente.

7. RENÚNCIA DE JEAN WYLLYS

No final de janeiro, o deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) anunciou a desistência de assumir seu terceiro mandato na Câmara e disse que tomou a decisão por sofrer ameaças e temer por sua vida. No dia que Jean saiu, Bolsonaro chegou a publicar uma mensagem de que aquele era "um grande dia". Mais tarde, Bolsonaro disse que a mensagem não tinha referência com Jean, um desafeto declarado do presidente. Wyllys acusou Bolsonaro de homofobia em diferentes ocasiões e chegou a cuspir no presidente enquanto eram colegas na Câmara dos Deputados.

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Mourão, por sua vez, afirmou que quem ameaça um parlamentar está cometendo crime contra a democracia. "Uma das coisas que é mais importante é você ter sua opinião e ter a liberdade para expressar sua opinião. Quer você goste, quer você não goste das ideias do cara, você ouve. Se gostou, bate palma. Se não gostou, paciência." 

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