Publicado em 24 de setembro de 2019 às 08:57
Por causa da pressão para liberação de emendas parlamentares, a votação da proposta de reforma da Previdência no plenário do Senado foi adiada de terça-feira (24) para quarta (25).>
Deputados e senadores usam essas emendas para destinar recursos a suas bases eleitorais. O governo vem negociando a liberação desse dinheiro para reduzir as resistências no Congresso em relação à proposta de mudança nas regras de aposentadorias e pensões.>
Para atender a deputados, o presidente Jair Bolsonaro enviou um projeto de lei, em agosto, abrindo um crédito de quase R$ 3 bilhões no Orçamento. Interlocutores do Planalto reconhecem que cerca de R$ 2 bilhões são para emendas parlamentares.>
Esse projeto, porém, ainda não foi aprovado e está na fila de votações do plenário do Congresso.>
>
Diante da pressão, o presidente do Congresso, Davi Alcolumbre (DEM-AP), marcou para esta terça (24) mais uma sessão que reúne deputados e senadores, bem no horário em que estava prevista o início da votação da reforma da Previdência no Senado.>
O objetivo de Alcolumbre é votar vetos presidenciais e aprovar a abertura de crédito.>
O início da análise da reforma no plenário do Senado havia sido acordado com líderes partidários do Senado em agosto. A data, portanto, teve que ser alterada.>
O adiamento surpreendeu técnicos do governo que acompanham as negociações da reforma, mas que foram informados após a convocação da sessão do Congresso.>
Inicialmente, a sessão do Congresso seria apenas na próxima semana, pois Alcolumbre não queria relacionar a votação do crédito para emendas com a PEC.>
A desarticulação política do governo é um dos fatores que podem atrapalhar a votação da PEC (proposta de emenda à Constituição) que reestrutura as regras de aposentadoria e pensões.>
Uma ala do Senado também quer ser beneficiada pela liberação de emendas.>
Articuladores de Bolsonaro no Congresso não sabem, no entanto, quando deve ser enviado um projeto que visa atender às demandas dos senadores.>
Sem uma base unida, o governo corre risco de sofrer derrotas na votação da reforma, avaliam líderes do Senado.>
Maior bancada da Casa, o MDB quer apresentar dois destaques ao texto principal. Destaques são instrumentos para que trechos da proposta sejam analisados separadamente.>
As sugestões do partido ainda serão discutidas nesta terça. Parte dos senadores defende regras mais suaves para que o trabalhador possa receber o abono salarial, espécie de 14º salário pago pelo governo a trabalhadores com carteira assinada e baixa renda.>
"Nós do MDB vamos aprovar o texto principal com alguns destaques. E, nesses destaques, é que terão alguns embates", disse o líder do MDB, Eduardo Braga (AM).>
No começo de setembro, com o apoio do MDB, a oposição quase conseguiu aprovar o destaque na CCJ (comissão de Constituição e Justiça) para manter as regras atuais de acesso ao abono salarial.>
A votação foi desempatada pela presidente da CCJ, Simone Tebet (MSB-MS), que decidiu preservar o critério mais rígido: renda mensal de aproximadamente R$ 1,3 mil. A regra atual paga o benefício para quem recebe até dois salários mínimo, cerca de R$ 2 mil.>
Há também reclamações no Senado em relação ao pacto federativo -conjunto de medidas que busca beneficiar estados e municípios. Esse pacote tem objeto de negociação entre partidos e o ministro Paulo Guedes (Economia), mas pouco avançou no Congresso.>
"Eu estou defendendo o pacto para compensarmos os recursos que a reforma da Previdência vai tirar dos trabalhadores do setor privado e servidores públicos", declarou o líder do PSD no Senado, Otto Alencar (BA).>
Apesar do adiamento da votação da reforma da Previdência no plenário, a proposta deverá ser analisada pela CCJ (comissão de Constituição e Justiça) na manhã desta terça.>
Essa é a etapa anterior à apreciação no plenário, onde a PEC precisará do apoio de 49 dos 81 senadores. Ou seja, ampla maioria.>
Essa é a mesma proporção para que destaques sejam derrubados no plenário. Sem articulação, o Senado poderá aprovar alterações que desidratam a restruturação de regras de aposentadorias.>
A análise ocorre menos de uma semana depois da operação da Polícia Federal que teve como alvo o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), por suposto recebimento de propina.>
A última estimativa divulgada pelo governo aponta para uma economia de R$ 876,7 bilhões em dez anos com a medida.>
A ação irritou Alcolumbre e líderes partidários e gerou um clima de instabilidade e revanchismo às vésperas do primeiro teste da reforma no plenário do Senado.>
A votação marcada para esta semana é apenas da PEC principal da reforma, que já foi aprovada pela Câmara.>
O relator, senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), incluiu mudanças ao texto em uma PEC paralela, que ainda não tem prazo para ser analisada e, depois, ainda precisará passar pelo crivo dos deputados.>
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta