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“Hoje tenho forças para levantar todas as manhãs. Deus  permitiu  que eu voltasse a sorrir”

“Hoje tenho forças para levantar todas as manhãs. Deus  permitiu  que eu voltasse a sorrir”

Depois de perder o filho de seis anos, auxiliar administrativa conta como superou o luto e diz  como a chegada do netinho trouxe de volta sua alegria de viver

Publicado em 23 de abril de 2020 às 20:44

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Flavia, o netinho Derick, a filha Adriely e o marido Andriel
Flavia, o netinho Derick, a filha Adriely e o marido Andriel. (Arquivo pessoal)

Entre lágrimas, a auxiliar administrativa Flavia Broedel diz “desculpe, a gente supera, vai acostumando, mas quando toca no assunto é diferente”. As lágrimas aparecem toda vez que ela toca no nome do filho, Adley, que morreu em 2006, aos seis anos. Tanto tempo depois, as lágrimas se intercalam com muitos sorrisos. É que há dois anos ela ganhou um netinho, Derick. Ela sabe que nada pode substituir o filho, mas alguém pode ajudar a sentir novamente a alegria de viver.

“Eu sinto o grande amor que eu tenho guardado explodir. Com o Adley não pude concluir minha missão, que foi interrompida. Esse amor todo ficou aqui misturado na dor, na ausência. Adley era meu fiel escudeiro. Agora eu tenho novamente uma criança em casa. Ainda sei amar, ser mãe e agora avó”, diz, emocionada.

Adley, filho de Flavia, tinha seis anos. (Arquivo pessoal)

O filho dela, Adley, teve uma morte súbita após hemorragia no cérebro, há 14 anos. Aconteceu de repente, simplesmente ele foi para a escola e não voltou. Lá desmaiou e teve que ser socorrido por um pai de um coleguinha.

Quando a mãe soube e chegou no hospital ela logo percebeu. “Ali eu entendi e entrei em um estado de dormência. Algumas coisas até hoje eu não lembro”.

Depois, o laudo médico disse que ele teria sido vítima de um hematoma subdural, que é provocado por uma pancada. “Para as mães que têm um filho mais agitado, que cai e bate a cabeça, faço um alerta: observem”, salienta Flavia.

Espoleta e alegre, Adley era grande companheiro da mãe, que deixou o trabalho no comércio para cuidar dele após uma alergia emocional por falta da sua presença.

Perder o filho mais novo foi um golpe que Flavia demorou a superar para reagir. “Por oito meses eu não dormi e passei de 60 kg para 110kg. Fiquei doente”, lembra. Nas primeira semanas, ela saía cedo de casa e passava o dia andando sem rumo, até encontrar alguém para quem pudesse contar a história, expor um pouco de sua dor.

As coisas melhoraram aos poucos e Flavia conseguiu se reerguer com um novo emprego. Ela trabalhou como voluntária durante um mês no Hospital Evangélico de Vila Velha antes do falecimento de Adley. Por conta disso, dois meses depois foi contratada, primeiro para atuar no atendimento da radiologia. Hoje, aos 42 anos, ela é auxiliar administrativa na oftalmologia.

No início ela se afundou no trabalho, para onde levava brinquedos e fotos do filho. Quando podia, escrevia cartas para ele. Com o tempo, entretanto, ela reconstruiu sua vida. “Meu emprego foi fundamental. Eu lidava com os problemas dos pacientes e comecei a olhar por outro lado. E tinham os meus amigos, que conversavam muito comigo, me aconselhavam”, diz.

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Ela destaca ainda que o marido, a filha mais velha - Adrielly, hoje com 24 anos - e a mãe, que faleceu já três meses, foram essenciais na recuperação. Agora, ela tem um netinho, Derick, de dois, anos, que fez o coração de Flavia se alegrar novamente. “Eu tenho força para levantar todas as manhãs, Deus me permite continuar. Quando Derick me abraça e diz: ‘Te amo vó, vovó é meu’. Fico muito emocionada”.

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