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Bolsonaro ignora suspeita de Milton Ribeiro e repete 'bem contra mal' em marcha evangélica

Bolsonaro ignora suspeita de Milton Ribeiro e repete 'bem contra mal' em marcha evangélica

Bolsonaro discursou por cerca de 20 minutos. Não fez qualquer referência à prisão de Ribeiro, que é pastor evangélico, nem às suspeitas de que avisou o ex-ministro de operação da Polícia Federal para investigar corrupção no governo

Publicado em 25 de junho de 2022 às 18:52

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HYGINO VASCONCELLOS E NICOLA PAMPLONA

O presidente Jair Bolsonaro (PL) ignorou as suspeitas levantadas na investigação sobre o ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro, e, durante discurso em evento evangélico em Balneário Camboriú (SC), repetiu neste sábado (25) o discurso de que as eleições de 2022 representam uma "luta do bem contra o mal".

Presidente Jair Bolsonaro em cerimônia alusiva ao início da missão humanitária no Haiti
Presidente Jair Bolsonaro. (Isac Nóbrega/PR)

Bolsonaro pediu a seus eleitores que não se arrependam por não terem atuado nesta luta e, logo após defender o armamento da população, citou passagem bíblica em que Jesus conclama seus discípulos a vender suas capas e comprar espadas.

Bolsonaro discursou por cerca de 20 minutos. Não fez qualquer referência à prisão de Ribeiro, que é pastor evangélico, nem às suspeitas de que avisou o ex-ministro de operação da Polícia Federal para investigar corrupção no governo.

Ribeiro foi preso preventivamente na quinta (23) e solto por habeas corpus do STJ (Superior Tribunal de Justiça). As investigações miraram também os pastores ligados a Bolsonaro Gilmar Santos e Arilton Moura, por suspeitas de criação de um balcão de negócios no ministério.

Durante as investigações, a Polícia Federal interceptou telefonema do ex-ministro à filha, contando que Bolsonaro lhe disse que estava com "pressentimento" de que iriam atingi-lo por meio da investigação. O advogado do presidente Frederick Wassef, nega que a conversa tenha ocorrido.

Em seu discurso neste sábado, Bolsonaro preferiu focar em temas caros ao eleitor religioso, como o aborto, que se tornou um dos focos das redes sociais bolsonaristas com o caso da menina de 11 anos que vinha sendo impedida de abortar pela Justiça de Santa Catarina.

"Um lado defende o aborto, o outro é contra. Um lado defende a família, o outro quer cada vez mais desgastar os seus valores. Um lado é contra a ideologia de gênero, o outro é favorável. Um lado quer que seu povo se arme para que cada vez mais se afaste a sombra daqueles que querem roubar essa nossa tão sagrada liberdade", enumerou.

"E eu tenho dito: um povo armado jamais será escravizado. Vendam as suas capas, comprem espadas, está naquele livro que nós chamamos de Bíblia Sagrada", completou o presidente, que depois afirmou "ter um exército" de quase 200 milhões de brasileiros.

Bolsonaro voltou a dizer que "é melhor perder o oxigênio do que a liberdade" e afirmou que "não podemos aceitar passivamente aqueles que querem impor a sua vontade sobre nós", citando a Venezuela e outros países sul-americanos governados pela esquerda como exemplos negativos.

"Não podemos esperar chegar a 2023 ou 2024 e olhar para trás, nós aqui, e perguntarmos a nós mesmos o que nós não fizemos para chegar a essa situação difícil", afirmou.

Na entrada para a concentração do evento foi esticada uma bandeira branca com o símbolo comunista no meio, com um risco vermelho de fora, com as palavras "não são bem-vindos".

Alvo de investigações no inquérito das fake news do STF (Supremo Tribunal Federal), o militante bolsonarista Marcos Antônio Pereira Gomes, conhecido como Zé Trovão, estava presente no evento. No palco, além de políticos aliados, estavam a primeira-dama Michelle Bolsonaro e o empresário Luciano Hang.

Um grande número de pessoas vestia camisetas verde-amarelo ou da seleção brasileira e carregavam bandeiras do Brasil amarradas nas costas ou nas mãos. Algumas pessoas levavam toalhas com o rosto do presidente estampado e com os dizeres "fechado com Bolsonaro".

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