Unidade da ArcelorMittal em Tubarão: empresa vai usar gás natural na produção e reduzir emissão de CO2
Unidade da ArcelorMittal em Tubarão: empresa vai usar gás natural na produção e reduzir emissão de CO2. Crédito: Divulgação

ES participa de pacto global pelo carbono zero

Indústrias são responsáveis por um terço dos gases de efeito estufa lançados na atmosfera pelas atividades econômicas desenvolvidas em território capixaba

Tempo de leitura: 4min
  • Simone Azevedo
Publicado em 12/12/2022 às 02h15

Lançado em 2000 pela Organização das Nações Unidas (ONU), o Pacto Global é uma chamada para as empresas alinharem suas estratégias e operações aos 10 princípios universais nas áreas de direitos humanos, trabalho, meio ambiente e anticorrupção. É hoje a maior iniciativa de sustentabilidade corporativa do mundo, com mais de 16 mil participantes em 160 países.

Oficialmente dentro das campanhas “Race to Zero” (Corrida para o Zero) e “Race to Resilience” (Corrida para a Resiliência) da ONU para a neutralização de emissões de gases de efeito estufa desde agosto do ano passado, o Espírito Santo está construindo o Plano Estadual de Mudanças Climáticas para o enfrentamento das questões relacionadas ao clima, em conjunto com cientistas da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e setores industrial e agrícola capixabas.

“Os processos produtivos da indústria representam, aproximadamente, um terço de todo o gás de efeito estufa emitido pelo Espírito Santo. Falar em reduzir essa emissão significa pensar, principalmente, em geração de energia, uma das principais causas da emissão de gases de efeito estufa. Além da energia elétrica, muitas empresas precisam usar o carvão para produzir o calor necessário para a fabricação do seu produto final”, explica o engenheiro ambiental, André Rocha.

Vale tem compromisso global para reduzir emissões de CO2 em suas plantas industriais
Vale tem compromisso global para reduzir emissões de CO2 em suas plantas industriais. Crédito: Agência Vale/ Divulgação

André Rocha

Engenheiro ambiental

"Várias indústrias estão buscando alternativas no processo industrial que demandem menor energia e, automaticamente, demandem menos combustível"
André Rocha, engenheiro ambiental
André Rocha, engenheiro ambiental. Crédito: Divulgação/ Arquivo

Ele ainda destaca que, diante dessa necessidade energética, produzir combustível a partir da luz solar ou da força dos ventos para reduzir a demanda por materiais fósseis é de extrema relevância para mudar esse cenário de emissões. “Várias indústrias estão buscando alternativas no processo industrial que demandem menor energia e, automaticamente, demandem menos combustível nessa produção”, acrescenta.

Em iniciativa inédita no país rumo à descarbonização da indústria, a ArcelorMittal Tubarão fechou contrato, por três meses, para utilização de gás natural em seu alto-forno 3. A parceria firmada com a Companhia de Gás do Espírito Santo começou a fornecer 250 mil m³/dia desde o dia 12 de setembro de 2022. Combustível fundamental para os processos produtivos da companhia, o gás natural vem sendo utilizado principalmente nos processos de corte de placas e aquecimento de panelas de aço e canais de corrida.

A Vale também tem compromissos de reduzir as emissões e estuda formas de produzir com menor impacto. Algumas iniciativas são a fabricação de insumos mais sustentáveis para a siderurgia. Uma vez que a questão climática é parte fundamental do Pacto Global, o consultor especialista da Agenda ESG da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), Paulo Cezar Silva, ressalta que olhar para o futuro e fazer o que precisa ser feito para tornar a economia menos dependente de combustíveis fósseis é o grande e atual desafio da agenda econômica capixaba.

“O gás natural é um recurso importante para a transição energética por ser menos intensivo em carbono do que o petróleo, por exemplo. Enquanto as outras tecnologias mais sustentáveis como a eólica e a solar vão se consolidando, podemos conduzir essa transição com responsabilidade socioambiental. Por isso, além do Plano Estadual de Mudanças Climáticas, outro instrumento importante em desenvolvimento é a rota estratégica da energia, que tem como objetivo contribuir para que a transição energética aconteça de forma competitiva e sustentável, considerando os recursos existentes”, explica Paulo Cesar.

Paulo Cezar Silva

Especialista da Agenda ESG na Findes

"Enquanto outras tecnologias sustentáveis como a eólica e a solar vão se consolidando, podemos conduzir [com gás natural] essa transição com responsabilidade "
Paulo Cesar Silva, Especialista da Agenda ESG  na Findes
Paulo Cezar Silva, Especialista da Agenda ESG na Findes. Crédito: Divulgação Findes

Entre os recursos de energia limpa disponíveis no Estado, o especialista destaca o potencial eólico do Espírito Santo, que é capaz de garantir até um terço da energia consumida no país, criar empregos e gerar receita para os municípios e para o Estado.

“O Atlas Eólico Onshore e Offshore, lançado pelo governo do Estado e pela Findes em agosto deste ano, revelou que o potencial de geração de energia estimado é de 160 mil gigawatts (GW) ao ano. Em termos comparativos, isso equivale a cerca de quatro meses de produção de energia ao ano”, comemora Paulo Cezar.

Primeira instituição associativa do Estado a aderir formalmente ao Pacto Global, a Findes tem sido protagonista no trabalho de mapeamento das emissões de gases de efeito estufa da indústria capixaba para atualizar o inventário que compõe as ações do Plano Estadual de Mudanças Climáticas.

Em parceria com o Findeslab, hub de inovação da indústria capixaba, e a startup Termica Solutions Engenharia Ltda, a ArcelorMittal concluiu no ano passado a criação de um sistema de tomada de decisão para otimizar a geração de energia e minimizar a emissão de subprodutos indesejados na combustão, baseado em análise de dados históricos de condições operacionais e emissões. A parceria que deu origem a esse projeto de inovação continua avançando para novas fases de desenvolvimento.;

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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