O Convento da Penha, a panela de barro, a Pedra Azul, o Ticumbi... A nossa cultura é tão rica que alguns profissionais apostam nos ícones capixabas para decoração, o que deixa qualquer ambiente mais aconchegante e cheio de história. E para investir neste estilo de decoração não são necessários grandes esforços nem grandes gastos, apenas uma peça aqui e outra ali com a pegada do nosso Estado. Basta isso para que a sua casa ganhe identidade.
O arquiteto José Daher, sempre que possível, insere a arte e as tradições da cultura capixaba em seus projetos. “Este processo de valorização da cultura que executo, intuitivamente, há tanto tempo, vem se tornando tendência internacional, como contraponto à perda das identidades, fenômeno advindo da globalização”, explica Daher.
Para o arquiteto, realçar a cultura e as tradições de uma determinada região vai além de usar uma obra de arte ou um adorno artesanal local. “Muitas vezes, os elementos da cultura são o fio condutor de toda a concepção do ambiente”.
Foi com essa ideia que ele projetou a varanda de um apartamento de Praia de Itaparica, em Vila Velha. “Utilizei os dois ícones capixabas de maior reconhecimento, inclusive nacional, que são o Convento da Penha e a panela de barro. O primeiro está representado por uma fotografia de Jorge Sagrilo.
O segundo, em pimentas, urucum e limão, ingredientes da nossa tradicional moqueca, que estão sobre a mesa”, explica o Daher. O profissional também apostou no arranjo de semente de urucum feito pela ceramista capixaba dona Antônia, de São Mateus; no arranjo de folhas e cascas do tanino; e na escultura em aço “Marlim”, do artista capixaba A. Mendes.
O arquiteto ressalta, no entanto, que não é fácil colocar essa ideia em prática na casa do cliente, porque esses elementos nem sempre estão presentes nas revistas, nas mostras de decoração ou na casa dos amigos. Não são moda. “Mesmo que não tenham vínculos com o mercado, eles são fonte de afeto e emoção quando percebidos pelas pessoas. Os ícones devem ser usados de forma espontânea e ligados aos aspectos de afeto e memória do morador. O ideal é repetir seus tons em outros elementos da decoração”, orienta.
FOTOGRAFIA CAPIXABA
Não faltam opções para decorar as paredes: pintura especial, quadros, adesivos, grafite... Mas uma ideia bacana, prática e acessível é usar fotos. Melhor ainda, se ela retratar momentos da nossa cultura. O fotógrafo Gabriel Lordêllo se dedica a essa área, fazendo algumas séries, como a chamada ‘Capixaba’, que desenvolve desde 2000. A proposta desse trabalho é retratar o folclore e as coisas capixabas, como a fotografia do componente do ticumbi, manifestação folclórica que só existe no Espírito Santo, e que decora a sala da designer de interiores Geórgia Mendonça. “Escolhi a fotografia para compor o ambiente por ser uma arte versátil e bastante contemporânea. A fotografia nos permite ousar nos tamanhos e acabamentos com mais liberdade”, diz.
Ela conta que, ao decorar a própria casa, queria trazer a alegria, aconchego e bem estar da Bahia, sua terra natal, juntamente com os traços de Vitória, cidade que escolheu para viver. “A intenção foi projetar uma sala que me abraçasse e eu não tivesse vontade de sair. Por isso optei pelo uso de painéis de madeira ripada, texturas na paredes e cores claras na composição do mobiliário”.
A designer de interiores Fernanda Cecotti também apostou na fotografia de Lordello para decorar a sala de um casal de mineiros que possuem uma ligação especial com o mar e a natureza. “Os clientes também valorizam muito fotografias, então aproveitamos para trazer o mar para a casa de uma forma sutil, através das fotografias do Gabriel que são verdadeiras obras de arte”.
A profissional utilizou um ponto de cor principal no móvel da sala, madeira, muitas plantas, texturas variadas, como o chão em cimento queimado, e um detalhe em ladrilho hidráulico na cor azul. “O olhar sobre as ondas do mar representa o lado capixaba dos moradores, já a fé é representada por Iemanjá”, explica Fernanda.
QUADROS
Já a arquiteta Najla El Aouar trouxe ícones da cultura capixaba para um home office. “Apostei nos quadros para a decoração. Eles ganharam destaque ao longo das paredes, mas também apoiadas no piso para criar um movimento visual. O do Convento da Penha foi destacado em dois quadros skyline (como uma sequência) de cores diferentes”, explica.
E para você que se interessou em valorizar a cultura capixaba nos ambientes de sua casa, Najla finaliza dando dicas de como combinar os ícones da cultura de forma que a composição fique harmônica. “Projetar um espaço físico com revestimentos claros e mobiliário de tom neutro significa permitir que as cores penetrem em adornos, artes e objetos. Foi o caso deste ambiente”.
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