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Como ajudar seu filho a ser um apaixonado pelos livros

Como ajudar seu filho a ser um apaixonado pelos livros

Se os pais gostam de ler, a tendência é a criança desenvolver esse hábito também desde cedo. Veja mais dicas

Publicado em 5 de maio de 2018 às 20:44

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A pequena Maria Clara fazendo leitura com seus pais, Letícia Nalin Lemos e Luis Gustavo Britto Vieira. (Ricardo Medeiros)

Quando a gente vê uma criança com os olhos vidrados na telinha do celular ou do tablet, imagina que deve ser difícil convencê-la a abrir um livro. Felizmente, vemos por aí uma garotada que mal aprendeu a ler e já ama literatura.

São meninos e meninas que descobriram cedo a companhia dos livros e se divertem com doces personagens, como porquinhos, lobos, princesas e dragões. Um universo que aprenderam a explorar desde bebês, graças a seus pais e professores.

Contadora de histórias há 15 anos, Dalisa Miranda garante que as páginas são capazes de encantar bebês de colo ainda. “Até os dois anos e idade, contamos historinhas com enredos bem simples e até sem enredo. Basta ter um livro com ilustrações interessantes e caprichar na entonação”, diz ela, que atua em escolas de educação infantil em Vitória.

Imaginação

Nem sempre é preciso ter um livro em mãos, segundo Dalisa, para envolver os pequenos nesse mundo de imaginação: “Os adultos podem usar histórias que já conhecem e incrementá-las como quiserem”, indica.

Não é de hoje que médicos receitam livros para os pequenos pacientes. Em 2015, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) lançou uma campanha para divulgar a importância da leitura para o desenvolvimento infantil, divulgando evidências científicas sobre o impacto desse hábito na vida das crianças.

A contadora de histórias Dalisa Miranda com turminha de bebês em creche, em Vitória. (Creche Jeito de Ser/Divulgação)

No ano passado, o jornal “Pediatric Academic Societies Meeting” publicou uma pesquisa que apontou que a proximidade das crianças com os livros ainda na primeira infância pode aumentar as habilidades delas com o vocabulário e a leitura nos anos seguintes.

Para o jornalista e escritor infanto-juvenil Vitor Lopes, a leitura é um exercício bom para ser praticado em família mesmo. “Crianças cujos pais leem têm de tudo para se tornarem leitoras”, afirma ele, autor de “Encolhe, tempo”, lançado em 2011 e que teve mais de 20 mil exemplares vendidos.

Os adultos, diz o autor, não devem subestimar os pequenos leitores. “Eles gostam de bons conteúdos, independente da idade. Não dá para enganar a criança, que têm que ser tratada com respeito intelectual. O livro não precisa ter um texto bobo, infantiloide. O ideal é que tenha palavras que ela não conhece. Porque é um desafio mesmo. A arte é feita para desafiar. Isso desde cedo. O livro prepara para a vida!”, destaca.

Na casa da Maria Clara, de 9 anos, os livros têm um lugar especial. “Antes de nascer ela já tinha livros! Livro de morder, de levar para o banho... E ela foi se habituando e foi uma das primeiras da turma a aprender a ler”, conta a mãe da menina, a arte-educadora Letícia Nalin Lemos, 40 anos.

Mesmo livrinhos de tecido ou borracha já ajudam a criança a descobrir o prazer de ler e ouvir histórias, segundo Lopes: “Há bons livros de banheira, com boas ilustrações, cheios de cores. Parece simplório, mas não é”.

O importante é estimular de várias formas o contato literário. “O livro tem que estar presente em casa, mesmo que seja para decoração, um objeto para ficar visível”, sugere o escritor.

Acesso

“Maria Clara sempre teve livros à disposição, tudo que a gente entendia que era importante para a vivência dela. Achamos que a leitura é importante para o lado cognitivo, ajuda na formação da cidadania, no imaginário, a ter opinião, ganhar argumentos”, comenta o pai, o servidor público Luis Gustavo Britto Vieira, 35 anos.

Uma história diferente a cada noite. E nem pensar em repetir

O pequeno Nycolas, com os pais Sandra Canal e Naudimar Fernando: sessão de leitura todas as noites. (Arquivo pessoal)

“Gosto muito de ler! E cada dia tem que ser uma história diferente”, diz o esperto Nycolas que, aos 6 anos, já tem uma coleção de livros em casa.

 

É uma exigência que os pais dele não hesitam em atender. Por isso, todas as noites, antes de ir dormir, tem historinha. Todas as noites mesmo! Até o último dia do ano, Nycolas terá escutado 365 histórias diferentes.

“Às vezes, estamos muito cansados e falamos que é para deixar pra outro dia. Mas o Nycolas vai para o quarto chorar e só para quando vamos lá fazer a leitura”, conta a mãe do menino, Sandra Canal, que é professora de educação especial e diretora de uma escola em Pedra Azul, Domingos Martins.

Sandra e o marido, o eletricista e instrutor de rapel Naudimar Fernando, se revezam na tarefa. Acontece também de os dois irem juntos para a sessão de leitura com o pequeno. “Aí, um lê a história e o outro fica ouvindo”, diz a professora.

No ano passado, eles leram 260 histórias para o filho. “Queremos bater o recorde este ano. O Nycolas é quem escolhe as histórias. Pego livros na biblioteca da escola onde trabalho. E tem que ser sempre um novo. Ele não aceita história repetida!”, conta a mãe.

Incentivo

A hora da historinha na cama é um momento especial para toda a família. “Ele ‘abraçou’ essa ideia desde pequeno, e a gente incentiva”, comenta Naudimar.

Nem ele nem a esposa tiveram esse contato íntimo com livros na infância. Oportunidade que eles se orgulham de poder dar ao filho único. “Tenho certeza que ele vai gostar de ler quando for adulto. É um hábito que está se perdendo. O que vemos hoje são as tecnologias no lugar dos livros. Há crianças viciadas. Nycolas tem tablet, adora joguinhos. Mas tem dia e hora para usar”, afirma Sandra.

Dicas

Colecione livros e benefícios

De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria, entre os benefícios da leitura na primeira infância estão:

Fortalecimento do vínculo da criança com quem lê para ela

Desenvolvimento da atenção, concentração, vocabulário, memória e o raciocínio

Estímulo à curiosidade, imaginação e criatividade

Ajuda a criança a perceber e a lidar com os sentimentos e as emoções

Auxilia na boa qualidade do sono

Estimula o desenvolvimento da linguagem oral

Solte seu lado artista

Não basta ler um livro. Ao contar uma história, capriche na entonação, na empolgação. Imite os sons dos bichos, faça vozes diferentes para cada personagem ou cada emoção nova, gesticule bastante, cante se for preciso. Invente as próprias histórias. Bebês e crianças pequenas precisam disso para se atentar na história

Tenha livros em casa

Estudos mostram que quantos mais livros a família tiver em casa, mais desenvolvida será a linguagem da criança no futuro. E não é só ter livros em casa, mas mostrar ao filho que todos leem. Ele tende a seguir o exemplo

Estimule a leitura

Pais que têm livros em casa e os lêem já dão exemplo. Mas vá além: leve a criança para visitar bibliotecas e livrarias. Leve-a para assistir uma contação de histórias com outras crianças

Menos tv, celular e tablet

Não que seu filho não possa ter contato com essas tecnologias. Mas estabeleça um limite para o uso delas, com dia e hora certos. Ofereça livros diferentes sempre que possível, mostre como eles são interessantes. Ou use a tecnologia a seu favor: o tablet pode conter e-books incríveis

Dê livros de presente

Em vez de só comprar brinquedos, que tal presentear também com livros. Uma dica legal também são os serviços de assinatura de livros para crianças, que enviam os exemplares de acordo com a faixa etária dela

Crie rotina de leitura

Mesmo que seu filho seja um bebê, crie o hábito de ler sempre para ele. À medida que for crescendo, estabeleça momentos para a leitura em família: pode ser no café da manhã, antes de ir dormir

Sem pressão

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O momento da leitura tem que ser prazeroso. Não force a criança a ler um livro porque você acha que ela tem que ler. Vá com calma. Respeite o gosto dela por determinados temas ou gêneros de leitura

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