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Brigou por política? Saiba como fazer as pazes

Brigou por política? Saiba como fazer as pazes

Agora que passou a eleição, veja como buscar a reconciliação

Publicado em 2 de novembro de 2018 às 01:02

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Humberto admite que errou a dose em alguns debates. (Vitor Jubini)

Lúcia, 39 anos, é flamenguista. O irmão, vascaíno. As diferenças não param por aí e vão para além do futebol, para o campo político. E aí, deu problema. Ao longo das eleições, eles mal se falaram. Passada a votação, presidente eleito, e o clima ainda não voltou ao normal.

“Temos pensamentos muito antagônicos sobre muita coisa, sobre a maneira de pensar o mundo! Percebi que a gente se afastou nesse período, evitou encontros. Mas quando nos encontramos, não tocamos no assunto política. Sabíamos que era pólvora”, comentou ela.

Aconteceu nas melhores famílias. Muito bate-boca, alguns mais sérios. Muita gente rompeu, mesmo que momentaneamente, com alguns parentes e amigos. Mas será que é possível fazer as pazes agora? Como ficam as relações pós-eleições?

Para a psicóloga Roberta Vallory, é possível sim. Porém, tudo a seu tempo. “Dependendo do grau da desavença, pode ser bom esperar um pouco os ânimos se acalmarem”, aconselha ela.

TEMPO

Sara Casteluber, também psicóloga, concorda que às vezes não dá para virar a página tão rapidamente: “A reconciliação é possível, mas acredito que pode levar um tempo para a pessoa digerir tudo o que foi acontecendo ao longo do processo”.

Política sempre foi um prato cheio para conflitos. Mas desta vez, muita gente pegou pesado. “De fato, nestas eleições, muita gente criou inimizade por conta da política, mais do que nos outros anos. Houve desavença, falta de respeito”, diz Roberta.

Pode ser hora de levantar a bandeira branca e parar de ver a outra pessoa que pensa diferente como uma inimiga. “Mesmo pensando diferente da pessoa em relação à política, dá para conviver. É só entender que ela pode ter escolhido um candidato por conta de coisas que viveu, por causa da criação familiar, por exemplo”, observa a psicóloga.

Pode ser necessário deixar o orgulho de lado. “É preciso avaliar o que a amizade significa para você, relembrar o passado, o que já viveram juntos. Isso fará bem para as emoções, ajuda a manter a pessoa mais equilibrada”, indica Roberta.

Para Sara, é importante também avaliar uma possibilidade contrária: se vale à pena manter uma relação que se desgastou por conta de posicionamentos políticos. “Porque a questão aí não é só política, é de aposta de vida. Algumas relações não vão mais ser possíveis. Às vezes, o melhor é o afastamento mesmo”, opina ela.

No entanto, se o amor fala mais alto, o jeito é relevar ou até perdoar. “Tem que tomar iniciativa, mandar uma mensagem, combinar uma conversa. Qualquer tipo de desavença, a melhor forma de resolver é com diálogo. Se a pessoa estiver com raiva ou triste, espera baixarem as emoções. Se for preciso, pedir perdão”, diz Roberta.

“Mas não precisa forçar a aproximação. Melhor é que seja naturalmente”, complementa Sara Casteluber.

ÂNIMOS

Lúcia se aborreceu com mais gente, não só com o irmão. E não sabe como as coisas vão ficar a partir de agora. “Ainda é cedo para reconciliação, até porque os ânimos ainda estão um pouco inflamados. Quem não concorda com quem foi eleito está aborrecido, enquanto outros estão convencidos de que o presidente vai ser excelente”.

Ela, que tem sido bastante ativa nas redes sociais desde o período eleitoral, garante que evitou ao máximo o desgaste.

“Quem se manifesta respeitosamente, eu respeito, claro. Faz parte do jogo democrático e não posso querer que só concordem comigo. Mas quando o debate fica muito inflamado, irônico, não respondo. Não vou ficar brigando. Só cheguei a excluir uma pessoa que xingou uma prima minha nos comentários”, comentou Lúcia.

"CHEGUEI A SER EXCLUÍDO DO GRUPO  DE AMIGOS NO WHATSAPP"

Durante as eleições, Humberto Mileip, 36 anos, se viu como que contra a parede num grupo de WhatsApp de amigos da época da faculdade. “De 20 pessoas, eu era o único que pensava diferente. São amigos de quase 20 anos de convivência. Todos mais conservadores”, contou.

Ele, que é policial civil e licenciou para disputar as eleições locais como deputado estadual, admite que exagerou no debate algumas vezes.

“Não vou me isentar de culpa. No cenário atual, ficou complicado discutir política. E tinha uns quatro ou cinco mais radicais no grupo. As discussões ficaram não tão saudáveis. Acabei excluído”, destacou ele, que não foi eleito.

RESULTADO

Quando a poeira baixou, Humberto foi incluído novamente no grupo. Mas durou pouco. “Me excluíram para comemorar o resultado da eleição”, comenta ele, rindo.

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Os amigos reconsideraram a medida e colocaram Humberto de volta na rede. “Fiquei um pouco chateado com algumas pessoas, por causa de palavras usadas. Mas ninguém odeia ninguém. Temos que respeitar o pensamento do outro. Já está tudo bem. Está um tranquilo com o outro. Estamos pensando até em marcar um encontro para um bate-papo sobre essa situação atual”, disse.

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